A queda da taxa de juros e a economia brasileira
*Pedro Raffy Vartanian
O Banco Central do Brasil reduziu a taxa básica de juros da economia para 14% ao ano, de acordo com a expectativa da maior parte dos economistas. Indicadores do mercado futuro também apontavam essa queda. A redução é compatível com o cenário macroeconômico atual e o início do ciclo de queda dos juros no Brasil se justifica pela retomada do controle da inflação. Vale lembrar que a inflação acumulada de 12 meses ficou em patamares muito elevados em 2015 e 2016, mas o cenário para 2017 é otimista, com a inflação prospectiva muito próxima do centro da meta, de 4,5%.
Vale destacar, ainda, que mesmo que a redução tenha sido de apenas 0,25 p.p., há um efeito importante sobre as expectativas tanto dos consumidores quanto dos empresários, de modo que, mesmo com uma certa defasagem, inicia-se o processo de retomada do consumo e do investimento das empresas com a redução gradual do custo do crédito. Com o tempo, a produção e o emprego reagem positivamente a esse cenário. Adicionalmente, o último trimestre do ano tem um desempenho melhor em decorrência de 13% salário e das festas de fim de ano, o que significa que a economia brasileira reuniu as condições para a retomada do crescimento econômico.
No entanto, o processo de queda dos juros deve ser parcimonioso, em decorrência de incertezas que podem impactar negativamente a economia brasileira, como o aumento da taxa de juros nos EUA, que tende a provocar uma desvalorização do Real, e as incertezas no campo fiscal, tendo em vista que o Brasil terá déficits significativos em 2016 e 2017, superiores a R$ 100 bilhões. De todo modo, a experiência brasileira recente confirmou duas grandes questões: Primeiro, a política econômica deve ser cuidadosa com o controle da inflação, dado que o descontrole dos preços acarreta ciclos econômicos indesejáveis, com queda na produção e no emprego. Em segundo lugar, o processo de elevação da taxa de juros mostrou importância em termos de controle da inflação, o que confirma a relevância da política monetária na estabilidade dos preços.
*Pedro Raffy Vartanian é professor do Mestrado Profissional em Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.
O especialista está disponível para conceder entrevistas e repercutir o assunto. Para acioná-lo basta encaminhar a solicitação para o e-mail: imprensa@mackenzie.br
Sobre o Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.
Nenhum comentário