Psicanalista Paula Vaz lança o livro "A Outra Língua: Amor", no dia 5 de novembro, na Livraria Scriptum
PSICANALISTA DISCORRE SOBRE A LINGUAGEM DO AMOR
No dia 5 de novembro, às 11h, a escritora e psicanalista Paula Vaz lança o livro A Outra Língua: Amor, na Livraria Scriptum. Publicada pela editora cas’a’screver, a obra tem desenhos da artista plástica Julia Panadés, projeto gráfico de Daniella Domingues, revisão de Alice Bedê e Mariza Labanca e edição de Janaina de Paula.
Em um tempo de liberdade desmedida, em que o homem tem opinião formada sobre tudo, as pessoas se comportam como jogadores de times rivais. No entanto, “usamos palavras demais, mas nunca parecemos tão mudos como as carpas e os pedregulhos”, comenta Paula Vaz. “Se as pessoas aceitam o outro somente na medida em que portam opiniões iguais, é sinal de que o mundo está se tornando cada vez mais intolerante com a diferença. E o que tudo isso tem a ver com o amor?”, pergunta. A conclusão da autora é que a linguagem comum, aquela em que as pessoas compartilham imediatamente o que lhes vem à mente na ilusão de poderem tudo dizer, esgotou-se.
É preciso outra língua. Não se pode ser ouvido em linguagem comum. Para a escritora só vale a pena escrever sobre aquilo que não se pode falar. “Se não podemos dizer, não é por pudor, mas por uma incapacidade estrutural da língua comum de expressar o que carregamos de mais singular em nós”, diz. E como sair do saco sem fundo das “palavras acostumadas”?
Para Paula Vaz, não se sai do homem por meios do homem, é preciso ser chacoalhado pelo amor. Apenas o amor se transmite. Isso vale para a psicanálise, para a poesia e para a vida. “O amor aqui ganha amplidão. Não se trata dos relacionamentos. O amor é tratado na sua mais radical solidão. Um ser que ama o mundo é um ser que experimentou o gosto de assumir a sua diferença. Cada ser que um dia foi ouvido em sua singularidade, torna-se uma esperança. O amor é o poder de ouvir o outro além das próprias convicções. Escutar a singularidade de cada objeto, seja ele qual for, requer um imenso trabalho de esvaziar-se de si.”, comenta.
Amar é ser um instrumento de corda para a escritora, ou qualquer outro instrumento meio oco que permite ao outro e às coisas ouvirem a própria voz. “Os instrumentos de corda, as paredes de uma capela, os ecos que ouvimos se ousamos gritar numa floresta de pinheiros, as pessoas que passam por uma análise, os artistas que se ausentam de si para doar à obra (e ao mundo) o que lhes é mais sonoro, é disso que estamos falando. Porque o som, esse que sai do fundo da garganta dos homens, esse som mudo e, no entanto, imperativo, custa a achar uma via por onde possa sair e falar. E quando fala, ele já não fala mais, canta. Porque toda caixa de ressonância é motivo de música”, conclui. Nesse sentido, o amor talvez seja isso: “quase música”.
Paula Vaz - Foto Márcia Charnizon |
SERVIÇO:
Lançamento do livro “Outra Língua: Amor”, de Paula Vaz
Data/horário: 5 de novembro, às 11h.
Local: Livraria Scriptum (R. Fernandes Tourinho, 99 – Savassi)
Valor do livro: R$ 40,00
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