Embrapa realiza ato simbólico para assinatura de parcerias em prol de pesquisas com agrotóxicos
Ato Simbólico para Assinatura de Projeto de Cooperação Técnica é realizado na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS).
Foto/Divulgação |
O acordo de cooperação técnica e financeira possibilitará a execução do projeto monitoramento dos resíduos de agrotóxicos em águas superficiais de Mato Grosso do Sul, inicialmente nas bacias hidrográficas dos rios Ivinhema, Dourados e Amambai. Para isso, serão viabilizados investimentos totais da ordem de R$ 1,130 milhão para a construção de laboratório com 361 metros quadrados e aquisição de equipamentos de análises laboratoriais.
Além das autoridades representantes das instituições parceiras, prestigiarem a solenidade secretários de governo, vereadores, pesquisadores, professores e lideranças do agronegócio. “A convergência de propósitos das instituições públicas parceiras para geração de dados, de conhecimentos, que possam eventualmente subsidiar políticas públicas é muito importante. Nesse ato, tivemos a integração entre poderes municipais, estaduais e federais em benefício da sociedade”, comemora o Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Lafourcade Asmus.
Em sua fala, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rômulo Penna Scorza Júnior, coordenador técnico do projeto, destacou que no Brasil, nos últimos 20 anos, houve um aumento expressivo na colheita de grãos da ordem de 151% com um crescimento de apenas 58% da área plantada. “Esse aumento da produtividade média da culturas de grãos foi possível devido ao uso de tecnologias agrícolas. E o uso de agrotóxicos nas lavouras é uma dessas. Infelizmente, essa tecnologia apresenta alguns riscos associados ao seu uso, assim como qualquer outra tecnologia. Risco é a associação entre perigo e exposição, ou seja, é preciso ser exposto ao produto e que a mesma cause algum perigo”, explica ele.
Há alguns anos, Scorza Junior pesquisa o comportamento ambiental dos agrotóxicos e explica que “após serem aplicados nas lavouras, chegando ao solo e as plantas, eles passam processos que podem transportar esses produtos. Esse transporte pode ocorrer por meio da lixiviação (pode contaminar águas subterrâneas), por meio de escorrimento superficial (pode contaminar água superficiais) e volatilização (pode contaminar a atmosfera)”. Ele salienta ainda que as pesquisas buscaram até agora responder perguntas como: quanto tempo o agrotóxico permanece no solo, qual o risco de escorrimento superficial, qual o valor de meia vida desses produtos, entre outros questionamentos. “Agora essa parceria nos permitirá avançar nas pesquisas, pois com esse novo laboratório poderemos monitorar a possível ocorrência desses produtos em águas superficiais para consumo humano e conservação da biodiversidade”, comemora o pesquisador da Embrapa.
“Existe uma urgente necessidade de obter informações sobre a possível existência de agrotóxicos nas águas. Sabemos que boa parte da água que consumimos é de captação superficial. Os índices de qualidade das águas são monitorados. Mas, temos demandas estaduais de respostas sobre a possibilidade de resíduos de agrotóxicos nas mesmas e essa parceria beneficia a sociedade”,
Autoridades - Segundo o promotor do MPMS, Amilcar Araujo Carneiro Junior, o projeto possui uma relevância grandiosa. “Existe um questionamento generalizado sobre a contaminação ou não das águas superficiais por resíduos de agrotóxicos no Estado. A partir desse diagnóstico, acreditamos que algumas dúvidas poderão ser dissipadas, beneficiando tanto o município quanto o Estado”, disse Carneiro Junior.
O procurador da Procuradoria do Trabalho do Município de Dourados, Jefferson Pereira, ressaltou a importância dessa pesquisa para a sociedade. “Os recursos que estão sendo utilizados para essa parceria, por parte do MPT/MS, são oriundos de um acordo judicial de ação civil pública na Vara do Trabalho de Naviraí. Foi o trabalho do Ministério Público, juntamente com o Poder Judiciário, que possibilitou a captação desses recursos que foram aportados no projeto”, disse Pereira. Ele salientou ainda que não é possível dimensionar a quantidade de pessoas que serão beneficiadas pelos resultados dessa pesquisa que deve promover ampla repercussão social.
Para o promotor Marco Antonio Delfino de Almeida, do MPF em MS, uma importante vantagem do laboratório será a de permitir a realização local desse monitoramento. “Atualmente, as amostras são enviadas para análise no Laboratório Evandro Chagas, em Belém, no Pará. A distância impõe limitações nas análises, tanto na periodicidade [de envio] das amostras quanto no quantitativo de agrotóxicos abrangido”, informa.
O diretor do Imam, Upiran Jorge Gonçalves da Silva, destacou que os recursos da parceria são oriundos exclusivamente de fiscalização ambiental, das compensações ambientais. “Esse laboratório terá uma importância científica e servirá como referência nacional. Com essa parceria, ganha a sociedade e a comunidade científica de Dourados”, disse ele.
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