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A carne é fraca na mesa da maioria dos brasileiros

Joyce Capelli, Diretora Executiva e Presidente da Inmed Brasil


Muito tem se falado da qualidade da carne brasileira depois da operação da polícia federal que apontou irregularidades nos principais abatedouros e frigoríficos do país. O que se comenta pouco é que muita gente está à margem de uma boa alimentação. 

Aproveito esse momento, em que se discute e se destaca a qualidade da carne nacional, para ir um pouco mais além e propor uma reflexão maior sobre a qualidade da alimentação do brasileiro como um todo. Especialmente daquele brasileiro que luta para ter comida na mesa todos os dias.

É grande a parcela da população que não tem acesso a alimentos de qualidade nutricional. Em nossa organização da sociedade civil, Inmed Brasil, trabalhar por uma alimentação saudável para os brasileiros é um dos nossos grandes desafios.

Desenvolvemos hortas nas escolas em que atuamos para incrementar a merenda dos alunos, realizamos exames para detectar se eles estão com desenvolvimento normal e com anemia. Os resultados nem sempre são satisfatórios: temos encontrado cada vez mais crianças obesas e anêmicas. Mesma coisa entre pais, professores e membros das comunidades.

Na refeição principal, o bom e tradicional prato com arroz, feijão, bife e salada deixou de estar presente na maioria das mesas brasileiras e tem sido preterido por refeições ligeiras, geralmente compostas por alimentos menos nutritivos, que promovem o aparecimento de muita gente com excesso de peso e falta de ferro no sangue.

O ferro é um nutriente essencial para a vida. Atua na formação de células vermelhas do sangue, no transporte do oxigênio no organismo, fortalece o sistema imunológico e melhora o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Deficiência de ferro no organismo é o maior problema nutricional do mundo. Atinge países desenvolvidos e em desenvolvimento. Pelos exames que fazemos nos nossos programas constatamos que a deficiência de ferro está presente em todas as regiões do nosso Brasil.

De acordo com estudos que realizamos na Inmed Brasil, a prevalência de anemia ferropriva (causada por falta de ferro) é, em média, de 30% nas crianças brasileiras em idade escolar. Esse problema pode levar ao absenteísmo e baixo rendimento na escola. As principais consequências da deficiência são distúrbios psicológicos e comportamentais, diminuição da capacidade de aprendizagem, constantes infecções devido à debilitação da defesa imunológica e, em casos mais extremos, até a morte.

Na Inmed Brasil, quando nossos exames identificam crianças que estão com anemia ferropriva, promovemos a administração de doses suplementares de ferro. Em médio e longo prazos isso tem resultados espetaculares. Criança sem anemia aprende mais, brinca mais e se desenvolve melhor, com mais perspectivas para o futuro.

A educação para uma alimentação saudável, uma de nossas principais ações, tem papel fundamental na prevenção da anemia ferropriva. Consumo de alimentos ricos em ferro de origem vegetal e animal, como carnes e vísceras, ovos, cereais, leguminosas, feijão e em verduras de folha verde-escura são muito bem absorvidos e aproveitados pelo organismo humano.

Precisamos todos rever nossa alimentação para, dentro das possibilidades de cada um, aumentar o consumo de alimentos nutritivos e frescos.

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