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Neurociência educacional contra a discalculia

Tese de doutorado pioneira no Brasil busca contribuir para o tratamento de pessoas com transtorno que afeta as habilidades matemáticas

"Entre 3% e 5% da população é discalcúlica", afirma Tâmara
A discalculia, transtorno específico de aprendizagem, de origem biológica, que afeta as habilidades matemáticas, foi o foco da tese de doutorado da pesquisadora e professora Tâmara Regina Reis Sales, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes – Unit. Tâmara defendeu o trabalho intitulado “Educação, discalculia e Neurociência: um estudo de caso em Sergipe”, que teve como objetivo compreender como a Neurociência Educacional pode auxiliar no tratamento de sujeitos diagnosticados com a doença.

Tâmara revisou a literatura e, após levantamento em bancos de dados, constatou que esse é um tema ainda desconhecido. Seu trabalho científico é precursor em Sergipe. “Só localizei sete pesquisadores que trabalham a discalculia no Brasil. Dentre eles nenhum faz o diálogo com a educação; e o que defendo é que a neurociência educacional auxilia o indivíduo com o transtorno, porém, ele precisa de um acompanhamento durante toda a vida. As dificuldades que ele tem são corriqueiras, como a de retirar o salário, por exemplo, por não saber quais são as senhas numéricas e alfanuméricas de sua conta”, avalia.

“O estudo de caso foi feito por meio de intervenções com uma pessoa de 32 anos diagnosticada com discalculia, no Serviço Educacional Especializado em Inclusão, clínica particular localizada em Aracaju. O trabalho se dividiu em entrevistas e intervenções práticas que auxiliaram no processo de aprendizagem e no desenvolvimento da participante, uma vez que avanços significativos foram notados”, explica Tâmara.

Como a Neurociência Educacional pode auxiliar no processo de aprendizagem de um sujeito discalcúlico? Como são realizadas as identificações e os diagnósticos das pessoas discalcúlicas no estado de Sergipe? Foram algumas das provocações suscitadas em sua tese diante da busca pelo entendimento de como esses sujeitos são reconhecidos, se recebem algum tipo de acompanhamento e qual a relação entre as neurociências e o processo de aprendizagem das pessoas diagnosticadas com o transtorno.

Segundo a doutora, entre 3% e 5% da população é discalcúlica. Mas ela acredita que é necessário um trabalho minucioso nas secretarias de Educação dos municípios e estado para conseguir identificar essas pessoas.

“É preciso disseminar que as crianças e adolescentes que têm dificuldade em sala de aula [de matemática] podem, na verdade, apresentar transtorno. Crianças precisam ser estimuladas durante os estágios de desenvolvimento que perpassam, de acordo com a faixa etária de cada uma, pensando em estímulos e inteligências múltiplas, sendo uma delas a lógica matemática. O que defendo é que o indivíduo tem outras habilidades, então por que não estimulá-las junto com a lógica matemática?”, questiona a pesquisadora Tâmara Sales.

O próximo passo é disseminar as informações e compor um grupo multidisciplinar para auxiliar na identificação do público que precisa da Neurociência Educacional para desenvolver a cognição, concentração e noção espacial.

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