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Associação Brasileira da Avicultura Alternativa – AVAL – traça plano estratégico para que o legítimo frango caipira seja a nova onda gourmet no Brasil

A exemplo do que ocorreu na França, onde a proteína animal de origem caipira é extremamente valorizada e já atinge em torno de 35% do mercado, entidade quer expandir os negócios do segmento, mas também enfatizar o consumo responsável da proteína, o bem-estar animal e a segurança alimentar 

São Paulo, 16 de maio de 2017 – A AVAL – Associação Brasileira da Avicultura Alternativa - começa a implantar este mês um plano estratégico para expandir o consumo qualificado do legítimo frango caipira. Para isso, vai promover uma série de ações ao longo de 2017 a fim de divulgar as qualidades do produto e espera alta de ao menos 25% neste ano. O objetivo, além de fomentar as vendas, é também enfatizar a importância do consumo responsável de proteína animal, da manutenção do bem-estar animal e da contribuição social do consumidor que compra produtos de origem caipira, uma vez que grande parte dessa produção é oriunda da agricultura familiar, ou seja de pequenos produtores, explica Reginaldo Morikawa*, presidente da AVAL.

Uma das estratégias da AVAL será divulgar, inicialmente para públicos selecionados, como a carne do franco caipira, que tem sabor e textura diferenciados, pode ser a primeira opção para a elaboração de pratos destinados aos paladares mais refinados e aos amantes da boa gastronomia. A ideia é posicionar a iguaria como gourmet, a exemplo do que aconteceu com cafés e vinhos nacionais, e também recuperar a tradição do frango caipira como o prato principal dos almoços de domingo das famílias brasileiras, ressalta Luiz Ricardo Bianchi*, vice-presidente da AVAL.

Selo de qualidade
Carro-chefe dos produtos caipiras dos associados à AVAL, o frango reúne todas as condições para conquistar o status gourmet, especialmente a partir de 2015, quando entraram em vigor as normas que norteiam produção, abate, processamento e identificação da ave caipira, um verdadeiro marco para o segmento, pois permite ao consumidor identificar com segurança esse tipo de produto. “Uma das nossas finalidades com essa nova estratégia da AVAL é também informar às pessoas que esse segmento está normatizado, que a produção é controlada e tem padrão de qualidade superior”, afirma Morikawa.

Conforme Bianchi, a Associação vem lutando há mais de 17 anos para a completa regulamentação desse mercado e tem conseguido muitas vitórias nos últimos anos. O marco do frango caipira, por exemplo, foi construído pela AVAL em conjunto com a ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal e a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, a pedido do MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário.

“Desde que a norma passou a vigorar, a AVAL vem atuando fortemente juntos aos produtores, processadores e distribuidores para que todos implantassem as novas regras que norteiam o segmento. E também no desenvolvimento de um selo AVAL que garante a qualidade dessa produção. Agora, vamos informar ao mercado”, reforça o presidente da entidade.

Mais sabor à mesa
Morikawa explica que a maior qualidade da carne, bem como o sabor marcante, é resultado das linhagens das aves e da maneira como são criadas. “Os caipiras são de crescimento lento, uma ave mais rústica, e existem muitas espécies, assim como existem vários tipos de café. Um dos principais diferenciais é o tempo mínimo de abate, de 70 dias, enquanto os frangos convencionais são abatidos na metade desse prazo”, diz Morikawa.

Por existirem várias linhagens e sendo criadas em diferentes partes do território nacional, os sabores da carne de frango caipira são bastantes diversificados também, complementa Bianchi. Isso porque uma das regras mais importantes da produção caipira é não criar as aves em regime de confinamento total, em gaiolas ou galpões. Os frangos com selo AVAL têm que ter espaço para pastejar. Assim, podem tomar sol, banho de areia, ciscar à vontade e se alimentarem durante o pastejo de folhas verdes, raízes e pequenos insetos, típicos de cada região onde as aves criadas.

Mais saúde e bem-estar animal
“É esse modelo de criação que confere a essa carne um valor nutricional maior e também os sabores e texturas, mais firmes, porém macias, diferenciados”, enfatiza Morikawa, observando ainda que as aves caipiras não recebem os melhoradores de desempenho à base de antibióticos para acelerar o crescimento, tão comuns na avicultura convencional e que fazem muito mal à saúde dos consumidores. Vários estudos científicos comprovam que o uso indiscriminado desses medicamentos tem causado o surgimento das superbactérias – aquelas resistentes a antibióticos.

“O frango caipira só recebe medicamento quando realmente precisa, ou seja, quando está doente e, neste caso, ficam em quarentena até melhorarem”, afirma Bianchi. Dessa maneira, esse modelo de criação, além de assegurar o bem-estar animal, garante ao consumidor um alimento seguro. Por tudo isso, cresce a tendência do consumo responsável de proteína animal e, em consequência, as vendas de frango caipira, favorecendo ainda a agricultura familiar. Conforme dados do Mapa, diz Morikawa, 80% das famílias agricultoras têm algum tipo de produção de frango e, dessas, 56% utilizam as criações também para obter renda complementar.

Vendas em expansão
De acordo com o presidente da AVAL, a entidade tem registrado expansão crescente nos negócios dos associados. Hoje, o nicho de caipiras contabiliza cerca de 6 milhões de pintinhos (para abate e ovos) por mês, número que cresceu 15% em 2016, ano de recessão econômica no país e evolução que já refletiu o impacto da normatização, segundo Morikawa, que avalia que o segmento tem muito espaço ainda para avançar, a exemplo do que ocorreu na França, onde essa carne atualmente é muito valorizada e já representa mais de 35% do consumo de aves no país. “A meta da AVAL é dobrar o mercado o quanto antes, mas já projetamos esse crescimento de no mínimo 25% para 2017.”

No planejamento estratégico para retomar a cultura de consumo de produtos legítimos caipiras, estão previstos encontros com renomados chefs nas principais capitais brasileiras, a começar por São Paulo; profissionais reconhecidos por formar tendências gastronômicas, observam os executivos. Além de apresentar o trabalho da AVAL, as novas regras que regem o mercado e as normas de segurança alimentar, o plano dos organizadores também é promover sessões de degustação com a iguaria e mostrar como ela pode ser preparada de diferentes maneiras, todas saborosas.

Numa segunda etapa do plano, a AVAL repetirá essas ações com outros públicos, como fornecedores, profissionais técnicos (agropecuários, por exemplo) da iniciativa privada e de governos e supermercadistas. “Depois, faremos eventos em âmbito nacional para mostrar a qualidade da proteína animal caipira para os consumidores em geral. Começando com o chefs, vamos mostrar que é de muito bom gosto consumir o frango caipira. Será a nova onda gourmet”, prevê o presidente da AVAL.

*Reginaldo Morikawa - Presidente da AVAL – Associação Brasileira da Avicultura Alternativa ­– é também diretor-superintendente da Korin Agropecuária, empresa pioneira na produção de frango livre de antibióticos, orgânico certificado e uma das maiores fabricantes de produtos sustentáveis do país. É publicitário especialista em marketing, e precursor no setor de produtos orgânicos, onde trabalhou por dezoito anos na área comercial fomentando o mercado de produtos sustentáveis e orgânicos no Brasil.

*Luiz Ricardo Bianchi - Vice-presidente da AVAL – Associação Brasileira da Avicultura Alternativa ­– onde participa ativamente para o desenvolvimento do setor desde a fundação da entidade, é também sócio-proprietário da Família Bianchi, empresa pioneira na avicultura brasileira atuante há quase 100 dedicados ao setor, é engenheiro químico formado pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas.

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