Demanda da micro e pequena empresa por crédito cai 6,4% em abril, aponta indicador do SPC Brasil e CNDL
Indicador caiu para 12,36 pontos no último mês. Intenção de investimentos também segue em baixo patamar com apenas 25% de empresários planejando melhorias em seus negócios
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, “o Brasil levará tempo para restaurar a confiança perdida. Por isso que muitos empresários ainda vão demorar a se sentir confiantes o suficiente para tomar crédito, fazer investimentos e comprometer o orçamento da sua empresa com dívidas à espera de um retorno no futuro”, explica o presidente.
Apenas 6% dos MPEs pretendem tomar crédito e 29% consideram difícil o processo de contratação em instituções financeiras
De acordo com o indicador, somente 6% dos micro e pequenos empresários manifestaram a intenção de contratar crédito nos próximos 90 dias, contra 85% de entrevistados que não têm esse objetivo. Outros 7% não souberam responder a pergunta. Entre os empresários que rejeitam buscar recursos de terceiros nos próximos três meses, conseguir manter o negócio com recursos próprios é a principal razão, mencionada por 48%. As altas taxas de juros também pesam nessa decisão, sendo a justificativa de 19% desses empresários. A insegurança com as condições econômicas do país em virtude da recessão foi mencionada por 14%.
Três em cada dez (29%) micro e pequenos empresários consideram difícil o processo de contratação de crédito, contra 25% que avaliam como fácil. Entre os que consideram difícil, o excesso de burocracia e as exigência dos bancos são o principal entrave, mencionado por 48% desses empresários. Em
segundo lugar aparecem as taxas de juros elevadas (33%) e as irregularidades na documentação da empresa (3%). A contratação de empréstimo em instituições financeiras é o tipo de crédito mais difícil de ser contratado para 24% da amostra.
Indicador de Intenção de Investimento tem ligeira alta para 29,84 pontos
O micro e pequeno empresariado brasileiro também tem se mostrado pouco interessado em realizar investimentos em seus negócios. O indicador de propensão a investir registrou somente 29,84 pontos em abril, pouco acima dos 28,44 pontos observado em março. O indicador também leva em consideração uma escala que varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais o empresário tende a realizar investimentos.
Em termos percentuais, 65% dos micro e pequenos empresários não pretendem investir nos próximos três meses, sendo uma das principais razões a desconfiança diante da crise (26%). Além desses, 43% disseram não ver necessidade de investir, 11% não têm recursos e outros 11% fizeram investimentos recentes e estão aguardando o retorno. “A recessão e o aumento do custo do capital tornam os empresários mais cautelosos diante da possibilidade de expandir seus negócios e de assumir dívidas para fazer frente a investimentos. A crise que se arrasta por mais de três anos leva muitas empresas a operarem com capacidade ociosa e, em alguns casos, até a redução do quadro de funcionários. Nesse ambiente, os projetos de expansão e melhoria do negócio são colocados em segundo plano e a preocupação de grande parte dos empresários passa a ser lidar com estratégias para evitar a queda do faturamento e o aumento da inadimplência”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Apenas 25% vão investir; capital próprio será principal recurso
Mesmo diante de uma cenário ainda difícil, um quarto dos empresários (25%) sondados disseram que pretendem fazer algum investimento nos próximos 90 dias. Entre essa parcela minoritária de empresários, a principal motivação para investir é aumentar as vendas, mencionada por 48% desses empresários. Também são citadas a necessidade de atender ao aumento da demanda (16%), adaptar a empresa a uma nova tecnologia (14%) e economizar recursos (10%). Os investimentos prioritários serão ampliação de estoque (30%), investimentos em comunicação e propaganda (26%), reforma da empresa (26%,) compra de equipamentos (23%) e ampliação do portfólio (17%).
Considerando os empresários que planejam investir, a maior parte irá recorrer ao capital próprio guardado na forma de aplicações ou investimentos (66%), ou resultante da venda de algum bem (14%). Há ainda 13% que mencionam o empréstimo em bancos e financeiras. A opção pelo capital próprio deve-se, principalmente, ao fato de os juros bancários serem muito altos, citado por 49% “Infelizmente, parte considerável dos empresários desconhece a existência de linhas de financiamento adequadas aos perfis de seus negócios. Some-se a isso, a falta de profissionalização dentro das empresas e a escassez de oferta de crédito em decorrência da crise. Como muitos dos empresários de menor porte misturam a gestão do caixa de suas empresas com as contas pessoais, é comum que eles acabem recorrendo aos recursos do próprio bolso como alternativa aos empréstimos e financiamentos negados por instituições financeiras”, explica o presidente Honório Pinheiro.
Metodologia
Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam 39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços, respectivamente.
Acesse a íntegra do indicador em
https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/indices-economicos
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