E-Commerce é a Nova Miami
O comércio eletrônico no Brasil segue crescendo apesar da crise. Mas precisa se reinventar, pois o perfil do e-consumidor mudou e a tendência de compras em sites internacionais cresce cada vez mais, exigindo ainda mais criatividade dos e-varejistas brasileiros, aponta consultoria especializada em Varejo Digital
MUDANÇA NO ESTILO DE COMPRA DO E-CONSUMIDOR
Entretanto, existe um outro estilo de compra vem crescendo entre os e-consumidor brasileiro: buscar produto, comparar preço e comprar de sites internacionais. Estima-se que, em 2016, alcançamos o número de 21 milhões de e-consumidores que realizaram pelo menos uma compra em sites internacionais. Isso representa 44% do total de compradores virtuais do país.
Segundo Padis, outro dado que reforça essa tendência é o ritmo de crescimento dessas lojas. “Enquanto o mercado interno cresceu 7,4%, as compras nos sites internacionais apresentaram um crescimento de 18%, atingindo um volume total de R$ 2,4 bilhões, o que representa 5% do mercado total de e-commerce”, analisa o diretor comercial da GS&COMM. Mas o que leva o consumidor brasileiro a buscar esse estilo de compra?
Para Pedro Padis, a resposta é muito simples: PREÇO e SORTIMENTO. “Podemos comparar essa tendência com um movimento que começou há algumas décadas, quando brasileiros passaram a viajar até Miami/Flórida (EUA) para realizar compras motivados por preços baixos e grande variedade de produtos. Ainda vemos esse movimento muito forte em alguns nichos de mercado, como o de enxoval para recém-nascidos”, destaca.
Vale lembrar que nos principais sites internacionais é possível encontrar uma quantidade incrível de produtos, pois muitos funcionam no formato Market Place, agregando diversos tipos de produtos, sendo quase impossível não encontrar o produto que procura por um preço conveniente. “E, mesmo nos casos em que o frete fica significativamente mais caro, o desembolso final para o consumidor acaba sendo vantajoso”, pondera Padis.
EXPERIÊNCIA DE COMPRA NOS SITES INTERNACIONAIS
Entretanto, como em uma viagem para o exterior, essa modalidade de compra traz alguns riscos consideráveis, que muitas vezes não são avaliados pelos consumidores e podem levar a uma experiência bastante ruim:
- O prazo médio de entrega é acima (ou BEM acima) de 30 dias. “O consumidor deve ter paciência para receber esse produto e avaliar a real necessidade da compra. Muitas vezes, quando receber esse produto, já terá comprado um produto substituto ou terá perdido o impulso da compra”, aponta Pedro Padis.
- Existem poucas opções de crédito e parcelamento. “O consumidor deve avaliar qual o real benefício e pagar menos versus a uma compra parcelada sem juros”, sugere o especialista.
- Muita dificuldade com a logística reversa. “Caso o consumidor precise trocar ou devolver um produto, essa tarefa vai se tornar uma jornada quase impossível”, aponta.
- Risco de o custo estourar. “A Receita Federal está cada vez mais de olho nessa modalidade de compra, para evitar sonegação fiscal. Assim, sempre haverá o risco de cobrança de multa ou impostos adicionais. Para escapar desse tipo de fiscalização, já existem alguns aplicativos e serviços pessoais de reembalagem para que as compras sejam enviadas de forma pessoal”, alerta.
E-COMMERCE BRASILEIRO PRECISA SE REINVENTAR
“Mesmo diante dessas dificuldades, essa tendência se mostra irreversível para os próximos anos. Novamente devemos acompanhar quais os movimentos de mercado para evitar perda de receita aqui em nosso país. Essa batalha é muito dura, pois nosso mercado já utiliza há bastante tempo suas duas armas mais fortes: parcelamento sem juros e frete grátis. Assim, teremos que ser ainda mais criativos”, sinaliza o especialista.
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