É possível usar a tecnologia emergente no Brasil?
Por Enio Klein, CEO & General Partner da DOXA ADVISERS, professor nas disciplinas de Vendas e Marketing da Business School São Paulo e Coach pessoal e profissional pela International Association of Coaching - IAC/SLAC
O novo modelo econômico, que está sendo construído neste século, é baseado nos cidadãos que possuem ou passarão a possuir uma “vida conectada”, cujas tecnologias – algumas emergentes, outras já consolidadas – tais como Big Data, Machine Learning, Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Mobilidade; são fundamentais para viabiliza-la.
Indivíduos passam a depender do que vem sendo chamando de alfabetização digital, que agrega tanto a aquisição de conhecimento quanto a inclusão digital, no sentido de prover o acesso aos recursos necessários para que possam estar inseridos dentro desta nova sociedade digital. Por outro lado, as empresas começam a exigir cada vez mais pessoas qualificadas, que possam operar em um ambiente onde a tecnologia é meio para um número cada vez maior de negócios. A transformação digital é inevitável, e está perto de nós. Mas como usar e aproveitar todas as vantagens deste novo ambiente e destas novas tecnologias em um País com os problemas como os nossos?
Infraestrutura sofrível, pouquíssimo investimento em segurança inteligente da informação, telecomunicações avançando, mas longe de ter a qualidade e abrangência necessária. Corrupção desenfreada, poucos projetos de governança e compliance em andamento, empresas atravessando a maior crise de nossa história, com pouca capacidade ou mesmo vontade de investir e uma grande parte da força de trabalho com qualificação aquém da que seria desejada para o novo modelo.
Corremos um risco imenso de “perder o bonde” destas mudanças por falta de condições para a implantação destas novas tecnologias de forma sustentável e perene. Não podemos nos iludir com projetos pontuais e emblemáticos que os Hypes sempre promovem. Estão longe de significar transformações e mudanças que possam trazer melhorias. Precisamos de mais.
A transformação será profunda, e temos, enquanto sociedade, a responsabilidade com o futuro deste País. Não podemos deixar a imensa lacuna existente entre nós e os Países desenvolvidos aumentar ainda mais a ponto de se tornar irreversível. Nós, que atuamos no mercado de tecnologia e consultoria, temos, sim, esta missão. Acordar a sociedade e as empresas.
A única chance que temos é fazer esta transformação de forma rápida, revendo o modelo de parcerias público-privadas para que funcione de forma muito mais eficaz, e que seja dirigido principalmente a projetos que integrem esta nova realidade às necessidades de infraestrutura, saúde e educação. Isso é fundamental para que sejam remodeladas dentro do que se chama solução de futuro, e não remendos de um passado que nunca funcionou.
Precisamos reconstruir o Brasil, sim, mas com a visão de inovação, não a dos usuais “puxadinhos” que tão bem conhecemos mais pelos frequentes desmoronamentos e superfaturamentos do que propriamente pelos resultados.
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