Novo sistema da APTA produz até quatro vezes mais batata semente com 90% menos de água
Aeroponia será apresentada pela Agência na Agrishow 2017
Fernanda Domiciano – Assessoria de Imprensa - APTA
A aeroponia consiste no cultivo em estufa de batatas sementes sem a necessidade de solo ou substrato. No sistema, as raízes ficam suspensas e a planta é alimentada por nebulização de gotículas de água carregadas de nutrientes. “Pelo fato de a planta ficar com o sistema radicular exposto, temos a possibilidade de colher as batatas sementes de maneira escalonada, ou seja, é possível fazer a colheita no momento em que os tubérculos chegarem ao tamanho desejado pelo agricultor”, explica Thiago Factor, pesquisador do Polo Regional de Mococa da APTA.
A nebulização é feita em circuito fechado, em que a água e os nutrientes são tratados com luz ultravioleta, que elimina possíveis micro-organismos que podem provocar doenças nas plantas de batata. Desta forma, a solução nutritiva, livre de contaminações, é pressurizada no sistema e retorna por gravidade. “A recirculação da água, aliado a não necessidade de solo ou substrato para cultivo e o sistema radicular aéreo, tornam a aeroponia objeto de estudo da NASA, agência espacial americana, para uso em locais sem gravidade”.
Com a aeroponia é possível ainda produzir até quatro vezes mais batatas sementes. Factor explica que em um sistema tradicional de cultivo, em solo ou substrato, cada planta produz no máximo dez tubérculos. Na aeroponia, é possível produzir até 40 tubérculos por planta. “Essa alta produtividade é muito interessante para as empresas produtoras de semente de batata. Os custos de implantação do sistema aeropônico são superiores aos sistemas tradicionais, porém, a economia de água e a alta produtividade, o faz ser mais vantajoso e rentável”, afirma o pesquisador.
Produção de batatas sementes com sanidade
Outra vantagem do sistema é a produção de batatas sementes com sanidade. Factor explica que, atualmente, o Brasil é importador de sementes de batata. Cerca de seis mil toneladas de batata-semente, no valor de US$ 8.000.000 são importadas por ano pelo Brasil de países como Holanda, Argentina, Canadá, Estados Unidos e Chile.
“Essas batatas sementes importadas podem trazer pragas e doenças que não temos no Brasil e prejudicar a produção nacional. Além disso, estamos enviando nosso dinheiro para fora. A ideia é que as empresas de sementes brasileiras utilizem o sistema para produzirem mais batatas sementes para disponibilizar aos agricultores brasileiros”, explica.
A empresa CBA Sementes, de Divinolândia, interior paulista, já adotou o sistema proposto pela APTA, desde 2015. “Disponibilizar aos produtores tecnologias que possibilitam produzir mais, melhor e com menos recursos ambientais é o que orienta o governador Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. As pesquisas da APTA com aeroponia iniciaram em 2010 e desde 2012, os trabalhos contam com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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