Outono, época de bronquiolite viral aguda. Saiba o que é e como tratar
Por Dr. Carlo Crivellaro, Pediatra com Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria; Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria; e Membro da Highway to Health International Healthcare Community
A bronquiolite pode ser causada por diversos tipos diferentes de vírus. Esse vírus é espalhado através da tosse ou espirros por pessoas infectadas, em secreções ou saliva. São vírus comuns que, em adultos e crianças maiores, causam um resfriado, mas, nos bebês, pode causar a bronquiolite. Um dos vírus mais frequente e perigoso é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 50 a 80% dos casos.
O quadro clínico inicial é o mesmo de um resfriado comum: coriza, um pouco de tosse, espirros, e pode ou não ter febre. Com o tempo, a tosse vai piorando e a respiração vai ficando mais rápida e mais difícil. A criança parece estar sempre “cansada”. Pode ser ouvido um chiado, dito popularmente que parece “um gatinho” no pulmão. Pode-se notar as abas do nariz abrindo e fechando com o esforço para respirar. Nota-se também um afundamento acima do osso esterno e entre as costelas, decorrente também do esforço respiratório, e o uso de musculatura acessória e abdominal para ajudar na respiração. Em casos piores, a criança pode ficar com os lábios e unhas roxas.
Nos casos leves, a doença pode durar poucos dias. Em outros casos, pode ocorrer piora progressiva, com pico entre o 5º e 7º dias da doença, quando só então começa a melhorar. A tosse e o chiado podem persistir por até 3 a 4 semanas, no total.
A bronquiolite pode ser especialmente grave em crianças com doenças crônicas, como cardiopatias ou doenças pulmonares, prematuros e imunodeficientes. Entre as complicações que podem ocorrer nos casos mais graves podemos citar desidratação (pela perda de líquidos e baixa ingestão), pneumonias, atelectasias (obstrução dos brônquios por secreções) e oxigenação deficiente do sangue, levando a uma insuficiência respiratória.
O diagnóstico é clínico. Exames subsidiários como raio X e hemograma, em geral, servem apenas para afastar complicações. Pode ser feita pesquisa para alguns dos vírus causadores nas secreções do paciente. Outros exames raramente são necessários.
O tratamento é feito principalmente com inalações com soro fisiológico, apenas para umidificar as vias aéreas e fluidificar as secreções. Outras medicações, tanto via oral como inalatórias, não têm efeito comprovado ou ajudam pouco na bronquiolite, e não são usadas rotineiramente. A criança deve ficar em repouso e sentada em um ângulo de 30-40º, deixando o pescoço levemente estendido para facilitar a respiração. Deve ser mantida muito bem hidratada, para ajudar também na fluidificação e eliminação das secreções. Pode ser indicada fisioterapia respiratória em alguns casos. Antibióticos não têm efeito contra o vírus. Só são usados em caso de complicações bacterianas secundárias. Em caso de insuficiência respiratória, a criança deve ser hospitalizada e oferecido oxigênio.
Como outras doenças virais de alta transmissibilidade, a melhor prevenção é evitar o contato das crianças pequenas com indivíduos com sintomas gripais. Na medida do possível, deve evitar também ambientes fechados com aglomerados de pessoas, áreas muito poluídas e fumaça de cigarro, que é um grande irritante das vias aéreas. A lavagem das mãos é primordial. Não há vacina específica contra a bronquiolite; existe uma vacina contra o VSR, mas suas indicações são bem restritas. A criança pode ter bronquiolite mais de uma vez, já que pode ser causada por mais de um tipo de vírus. Fique atento aos sintomas!
Nenhum comentário