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Inteligência emocional deve ser ensinada na escola

Camila Cury*

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) - proposta de padronização curricular e de transformação do ensino formal em um processo de troca, de construção de conhecimento mais humanizado - tem potencial para modificar o cenário da educação no Brasil.

A BNCC prevê uma padronização do currículo escolar da Educação Básica (que engloba os Ensinos Infantil, Fundamental e Médio). Trata-se de um documento que servirá como um parâmetro para os educadores e coordenadores pedagógicos, e cuja finalidade é sanar o problema da desigualdade de conteúdos ministrados em território nacional.

Mas como tornar essa mudança possível?

Na medida em que o processo de amadurecimento emocional do ser humano é visto como um desafio a ser trabalhado nas escolas, as dificuldades enfrentadas no ensino da inteligência cognitiva poderão ser vistas e melhoradas de forma transdisciplinar, perpassando por todos os campos do conhecimento, podendo ter influências positivas na formação do indivíduo.

Apesar da educação ter objetivo de desenvolver o ser humano de forma integral, por muito tempo, seu foco estava voltado para o desenvolvimento cognitivo. Vale lembrar que o ensino tradicional, separado por disciplinas, tem se mostrado ineficaz na formação dos estudantes. Muitos alunos ao se depararem com alguma dificuldade ou frustração sobre alguma matéria ou avaliação, ficam desmotivados a buscarem o conhecimento e a enfrentar esse desafio.

A importância das habilidades socioemocionais e comunicativas para a aprendizagem é tamanha que, no texto da BNCC, elas são reconhecidas como as competências necessárias aos indivíduos no século XXI. Essas habilidades atuam diretamente no aprendizado, possibilitando que o indivíduo compreenda melhor o sentido da educação na sua formação.

Não basta saber um conteúdo. É preciso ponderar suas aplicações na construção de uma sociedade mais igualitária. O acesso à educação de habilidades interpessoais contribui para a formação de indivíduos éticos que promovem a cidadania, o respeito, além de desenvolver outras características, como: ser mais seguros, inovadores, questionadores e empreendedores.

Outra vantagem dessa abordagem mais humanista nas escolas é a erradicação do bullying. Realidade na maioria das escolas brasileiras e mundiais, esse fenômeno é responsável pelo baixo rendimento dos alunos e pelo afastamento de jovens da escola, provocando até o suicídio infantil.

Desta forma, a educação voltada também para o desenvolvimento da inteligência socioemocional se faz imprescindível diante das mudanças constantes que a sociedade, bem como as relações humanas, enfrentam. Saber resolver conflitos, ter criatividade para se reinventar diante de crises e conseguir superá-las, buscar construir uma sociedade mais justa, não são habilidades inatas.

Por isso, somente com uma educação voltada para a construção desses valores é que será possível atingir estes objetivos.

*Camila Cury é Psicóloga e Diretora da Escola da Inteligência, Programa Educacional idealizado pelo renomado psiquiatra, escritor e pesquisador, Augusto Cury, que tem como objetivo desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar.

Saiba mais sobre a Escola da Inteligência:

Site: www.escoladainteligencia.com.br
Facebook: facebook.com/escoladainteligencia
Twitter: @programaei

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