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Jung e as manifestações no Brasil

Por Alessandra Cerri

Começamos a reflexão de hoje com uma frase de Carl Gustav Jung: “Toda forma de vício é ruim, não importa que seja droga, álcool ou idealismo”. Como todas as citações desse brilhante psiquiatra, esta se mostra extremamente atual e útil para o entendimento das situações humanas.

Nas manifestações de massa mais violentas e exaltadas podemos perceber a ausência de um dos instintos únicos e exclusivos do ser humano que é o de refletir. Ou seja, usar seu intelecto para controlar os outros instintos mais primitivos e comuns a todos os animais: o instinto selvagem.

Toda manifestação é legítima e de direito enquanto estiver sendo feita dentro de limites humanos, utilizando-se do direito de refletir, falar, argumentar... mas quando esses limites são ultrapassados e o ser humano perde seu controle de dialogar, de se manifestar e parte para agressão ou destruição essa manifestação perde seu valor e o que se comprova é a total falta de consciência e, consequentemente, falta de autocontrole.

Estamos vivendo um tempo de grandes mudanças, com grandes conflitos no mundo inteiro onde o ser humano está sendo exigido em diferentes níveis de evolução. Estamos vivenciando uma época onde o dinheiro corrompe valores, a necessidade de se mostrar e de atestar poder e acúmulo de bens materiais matam seres humanos inocentes, onde a intolerância gera violência. Enfim, estamos presenciando uma época onde níveis mais altos de consciência, paz interior e compaixão são extremamente necessários para se viver tranquilamente.

Frente às notícias cada vez mais impactantes e absurdas de corrupção, violência e genocídio os seres humanos de bem necessitam de um grande senso de autocontrole para não se deixarem contaminar por sentimentos primitivos como raiva e ódio que podem gerar doença e causar danos, muitas vezes, irreparáveis.

Nesse tempo de profunda mudança e caos precisamos usar nossos recursos internos e externos para nos proteger mentalmente dessa atmosfera carregada. Assim sendo, é importante que mantenhamos alta atividade mental (por meio da leitura e exercícios cognitivos), meditemos (adquira o hábito de ficar em silêncio e consigo mesmo por alguns minutos diariamente), exerçamos nossa espiritualidade (independente de religião) e cultivemos hábitos saudáveis como atividade física, envolvimento em atividades artísticas (trabalhos manuais, música, artes...) e cultivo de amizades (valorize o contato com as pessoas e as conversa com amigos), selecione a maneira como você recebe as notícias (observe a que menos prejudica sua estabilidade emocional).

Se cada um cuidar da sua saúde mental e do seu interior teremos uma sociedade mais eficiente em seu autogerenciamento, uma sociedade mais evoluída e capaz de defender suas crenças e interesses de maneira racional e ponderada.

Dessa maneira é importante termos em mente que somente pessoas que refletem e efetivamente conseguem responder (e não reagir inconscientemente) farão diferença nessa sociedade.
Finalizo com duas frases desse estudioso da alma humana, Carl Gustav Jung: “Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha, quem olha para dentro acorda.”

Despertemos para um amanhã mais consciente, mais humano e mais saudável.

Namastê e até a próxima!

Alessandra Cerri é professora e sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (CLAP)

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