No FICA, Campanha Nacional em Defesa do Cerrado debate os conflitos pela água
A Campanha foi lançada oficialmente no Fórum Ambiental do FICA em agosto de 2016. Quase um ano depois, ela retorna ao festival com objetivo de discutir a problemática da água no bioma.
Participam desse momento de discussão: Moema Miranda, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Paulo César Moreira Santos, membro da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Divino Souza Júnior, representante da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), e Juarez da etnia indígena Rikbaktsa, do Mato Grosso. A mediação será de Isolete Wichinieski, agente da CPT em Goiás e uma das coordenadoras da Campanha.
Para Isolete, debater esse tema em um festival de abrangência internacional é importante para visibilizar os conflitos que as comunidades do campo têm enfrentado, sobretudo nos tempos recentes. "Discutir os conflitos socioambientais neste momento da conjuntura brasileira é muito importante para dar visibilidade e para pensarmos ações que possam, de forma concreta, construir alternativas para que as comunidades sofram menos violências no campo", explica.
O festival ocorre em uma região de Cerrado, bioma esse que tem sido alvo de inúmeras ofensivas. "No Cerrado, a violência e os conflitos também vem aumentado, principalmente na região do Matopiba [Plano de Desenvolvimento Agropecuário, que atinge os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí, e Bahia], em que o plano de desenvolvimento para essa região chegou com muita força, e que tem determinado a vida dessas comunidades. Mas é preciso que as comunidades sejam realmente respeitadas nos seus direitos", enfatiza Isolete.
Histórico - A Campanha surge a partir das demandas apresentadas pelos povos e comunidades do Cerrado. Seus principais objetivos são pautar e conscientizar a sociedade, em nível nacional e internacional, sobre a importância do Cerrado e os impactos dos grandes projetos do agronegócio, da mineração e de infraestrutura nele, além de dar visibilidade à realidade das comunidades e povos do Cerrado, como representantes da sociobiodiversidade, conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural dessa região.
Depois de quase um ano de seu lançamento, a Campanha já reúne 50 organizações, movimentos sociais e pastorais de atuação nacional e internacional. Hoje, uma das ações que a Campanha tem centrado forças é a petição que exige da Câmara dos Deputados a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010 que transforma o Cerrado e a Caatinga em Patrimônio Nacional.
O ator Irandhir Santos, um dos muitos apoiadores da Campanha do Cerrado, acredita que o bioma possui uma importância estratégica para o país. "Nos últimos anos, ações devastadoras veem atingindo o bioma Cerrado, o povo do Cerrado, a comunidade do Cerrado. O Cerrado que é o maior berço aquífero desse país. É praticamente a caixa d'água do Brasil".
Petição: semcerrado.org.br/peticao/
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