Comunicação e planejamento devem ser os principais aliados do profissional de Comércio Exterior neste segundo semestre
Os dois pilares, especialmente no atual período de crise, mostraram-se uma alternativa ainda mais eficaz
*Soraya Magdanelo
O ano de 2021 começou repleto de
desafios e incertezas. Os acontecimentos em sequência, como o aumento e a oscilação
de fretes (que chegou a níveis históricos em janeiro deste ano), a redução de
embarques de cargas no transporte aéreo e as complicações no transit time das
embarcações foram algumas das principais ocorrências do mercado de logística
internacional no primeiro semestre do ano.
Alguns meses depois, surgiram problemas
ainda mais complexos, como o congestionamento dos portos no sul da China, em
Shenzhen, paralisação que superou as consequências do acidente ocorrido
em março deste ano no Canal de Suez, que é a principal rota marítima de ligação
com o continente asiático e europeu, que teve o encalhamento do navio Ever
Given. Além disso, também podemos destacar o congestionamento de navios no
Norte da Europa e a falta de motoristas no transporte de cargas rodoviárias nos
Estados Unidos. Todos esses acontecimentos impactaram e continuam afetando
diretamente a cadeia de logística internacional.
Sabemos que as complicações não
acontecem pontualmente ou de maneira isolada. O comércio global funciona como
uma cadeia. O efeito dominó atinge todas as frentes dos serviços e operações e,
consequentemente, reflete-se em todo contexto que estamos vivendo. Costumo
dizer isso, inclusive para clientes, que é importante viver mês a mês, semana a
semana, acompanhando como cada situação vai se desdobrar.
Acredito, sim, em um cenário otimista.
Com o avanço da vacinação em massa até o final do ano, que ganha força agora no
segundo semestre, é provável que ocorra uma estabilização do frete, melhoria na
quantidade de equipamentos e mais espaços disponíveis no mercado, o que pode
influenciar em uma queda de valores. Porém, a média de preços que
tínhamos pré-pandemia não voltam, pelo menos, não neste ano.
A instabilidade do mercado gera
incertezas e dificulta qualquer tipo de planejamento. Quando, de certa forma,
encontra-se um equilíbrio, como frete reduzido e equipamento disponível, por
exemplo, não há espaço. Isso permite com que haja um problema de logística
interna, uma grande questão enfrentada pelas empresas.
Uma alternativa para amenizar os
impactos desse contexto é investir em canais de comunicação e informação, o que
temos feito massivamente desde 2020. A solução do momento é se manter informado
e planejar previamente. Não é possível manter todos os processos exatamente como
eram antes da pandemia. Hoje, os navios estão todos cheios e esse é um fenômeno
que vivemos na exportação marítima brasileira. Quanto antes o planejamento for
feito, melhor será o trabalho de gestão. Sempre promovemos informações em
nossos canais online para que o cliente consiga fazer a melhor escolha e isso
vem se mostrando bastante eficiente.
Nesse contexto, importadores,
exportadores e empresas que atuam nesse mercado se questionam sobre como serão
os próximos meses. A perspectiva que devemos ter é de resiliência e a
necessidade de comunicação em todas as esferas possíveis, seja interna ou
externa. Ao mesmo tempo, é preciso acompanhar atentamente o cenário, pois pode
haver melhoras gradativas. Contudo, é
preciso ter cautela e entender as movimentações do mercado, que sofrem
alterações diárias, e a tendência é que essas incertezas permaneçam nos
próximos meses.
Assim, o principal fator para ter
sucesso nas operações de logística em tempos de crise é estar em linha e manter
proximidade com os acontecimentos do mercado. Os parceiros são uma das
principais fontes de informação. Fazer a pergunta certa e no momento certo é
fundamental. Saindo um pouco do dia a dia, do usual, é possível ter uma visão
mais ampla. Informação e planejamento sempre foram uma boa alternativa, mas
hoje, mais do que nunca, isso se intensificou e se tornou ainda mais
necessário.
*Soraya Magdanelo é diretora-executiva
da Pluscargo Brasil
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