Confiança, nuvem, criptoativos e operações sem intermediários: seminário da consultoria Capco traça futuro dos pagamentos
Novos caminhos, como open banking, já começam a dar resultados, disse diretor da Capco no Brasil
É o que mostrou o Seminário digital Capco Money, que reuniu especialistas do Canadá, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. A necessidade de inovar com foco no cliente, desenvolver novas estratégias e produtos, contar com os parceiros e infraestrutura tecnológica adequados e acompanhar de perto os avanços e regulamentações das criptomoedas foram outras conclusões importantes do evento, que foi promovido pela Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros.
“A geração de valor do mercado financeiro está mudando muito rápido. O que era antes o ativo principal, agora é considerado commodity, sendo que novos concorrentes lançam opções com custos muito competitivos. Logo, fica claro que os players do setor precisam buscar alternativas de geração de caixa. A troca de informações possibilitada pelo open banking, o acesso de capacidades de terceiros por parte das instituições financeiras, o novo mundo dos criptoativos e a prestação de serviços no mercado P2P são oportunidades que despontam com força”, afirma Luciano Sobral, diretor executivo da Capco no Brasil.
Debbie Gamble, CIO (Chief Innovation Officer) da canadense Interac, abriu a discussão com o tema “Se dados são o novo petróleo, confiança é a nova moeda”. A executiva demonstrou como a transformação, às vezes, ocorre de forma mais rápida do que o esperado. Um exemplo é o caso das vacinas contra a COVID-19 ou a disseminação de caixas eletrônicos e serviços agregados no Canadá. Mas, completou, não basta abraçar a inovação. É necessário encontrar valor real para as empresas e seus clientes.
“Temos que focar na troca de valores verdadeiros, relações mais longas e profundas com os clientes, o que por sua vez leva a confiança, que é o ingrediente principal”, ressaltou Debbie. Para ela, não se deve inovar por inovar, mas sim criar um processo de aprimoramento constante que vise tornar as inovações autênticas, inclusivas e relevantes. Isso traria mais prosperidade a todos. Outro aspecto importante é a co-criação com os clientes. “Eles decidem compartilhar seus dados confiando que eles serão usados para o bem. Uma transação básica de trocar dados ricos por uma experiencia melhor”, disse.
Já Nick Middleton, Diretor da Form3 do Reino Unido, enfocou o movimento da tecnologia de pagamentos da infraestrutura de sistemas legados para a nativa de nuvem. “As pessoas só se preocupam com meios de pagamento quando eles não funcionam”, provocou Middleton, para explicar que manter esses sistemas seguros e atualizados é um grande esforço. Isso envolve fatores como manutenção regular, upgrades periódicos, gastos de tempo e pessoas, gestão de riscos e questões de reputação.
Logo, é muito difícil se fazer uma alteração, porque “falhar não é uma opção em pagamentos”. Quando as instituições financeiras acessam um provedor nativo de nuvem, há uma base para programas personalizados, novos serviços e funcionalidades, com a aplicação de metodologias ágeis, menor necessidade de capital e maior segurança. Outras vantagens são o suporte integral, resiliência dos sistemas, pagamento por transação e maior facilidade de upgrades e gestão orçamentária. “Com isso, as empresas podem gastar mais tempo nas mudanças que atingem os clientes”, salientou Middleton.
Philipp Sandner, head do Centro de Blockchain da Faculdade de Frankfurt, fez um panorama das principais criptomoedas atuais e das moedas digitais de banco central (CBDCs), com enfoque nos pagamentos B2B. Para ele, haverá uma massiva migração para pagamentos criptografados, atualmente mais concentrados no varejo, com a chegada do euro e dólar digitais e uma maior regulamentação por parte dos bancos centrais.
Nessa área, ele considera três aspectos principais: a tecnologia base de registro, o registro da capitalização em si (ou seja, dos valores e ativos transacionados), e o que foi chamado de “dinheiro programável” ou bens geridos por tokens. Sandner falou das redes públicas de blockchain, como a do Bitcoin e da Ethereum, que possuem, respectivamente, 10 mil e 16 mil nós.
“É pura tecnologia, é livre, não tem regulamentação”, ressaltou. E deu um exemplo de uma rede fechada formado por 50 bancos da Ásia. O head de blockchain lembrou ainda do impacto que o euro digital terá na economia, principalmente nas áreas industrial, de mercado de capitais, remessas internacionais de valores, automação e criptoativos.
O enorme potencial do mercado de pagamento P2P (entre consumidores) foi o foco de Daniela Hawkins, Gerente Sênior e Líder de serviços bancários e pagamentos da Capco EUA. Este mercado deve passar de US$ 570 milhões em 2020 para mais de US$ 1,262 bilhão em 2024. “Os bancos devem se preocupar com empresas como a PayPal e como sua atuação afeta as redes sociais. Os aplicativos de pagamento também foram inovadores e cresceram muito”, disse a executiva. Com isso, cresceram também as fraudes e o cuidado que se deve ter neste mercado. “As novas gerações fazem mais transações P2P e os bancos precisam se inserir neste cenário”, reforçou.
Para Sobral, diretor executivo da Capco Brasil, “em que pese que a transformação na área de pagamentos seja ampla, esses novos caminhos (open banking, criptoativos, P2P, serviços em nuvem) já começam a trazer resultados, como mostram os projetos em que estamos envolvidos. Por isso, é fundamental que as instituições financeiras inovem nestas áreas para melhorar efetivamente a experiência do usuário e, ao mesmo tempo, mantendo a segurança de todo o processo”.
Para conferir o evento na íntegra, acesse: Capco Webinar: Capco Money 2021 ou https://youtu.be/DpP-TsUQNiY
*A gravação do evento está disponível em inglês.
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