O que é o Homeschooling e como ele pode funcionar no Brasil?
Modelo adotado em mais de 60 países pode fazer parte dos métodos de ensino brasileiro
Em junho, a Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, aprovou a descriminalização do homeschooling, prática que permite ensino domiciliar sem a necessidade do estudo tradicional intermediado pelas escolas. Mesmo com críticas em relação ao modelo, a votação segue para o plenário da Câmara. Mesmo em discussão, o modelo ainda é pouco conhecido no Brasil e gera muitas dúvidas sobre a eficácia da prática. Pensando nos desafios enfrentados para aplicar o modelo no sistema educacional brasileiro, o especialista em educação Matheus Tomoto explica como funciona a prática já aplicada em mais de 60 países ao redor do mundo.
No cenário atual da educação brasileira, dados da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned) mostram que o homeschooling é aplicado a mais de 15.000 crianças e jovens no país. Apesar de ser um número pequeno, comparado a quase 47 milhões de estudantes de educação básica em todo o território nacional, o modelo ganha espaço para ser praticado.
O homeschooling não é uma novidade. Discutido desde o início dos anos 70, o ensino domiciliar é uma das medidas adotadas em grandes países, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e França. Entretanto, cada localidade tem sua própria legislação para este tipo de ensino, como explica Tomoto. Aqui no Brasil, o avanço desta modalidade pode levar a soluções de alguns problemas frequentes na educação brasileira, como aponta o especialista.
Falta de atualização do sistema de ensino brasileiro
Um dos maiores argumentos das pessoas que optaram pelo ensino domiciliar é a defasagem dos sistema de educação brasileiro. O país hoje está classificado como um dos piores no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que avalia o desenvolvimento de aprendizados básicos entre o público de idade escolar.
Tomoto enfatiza que a educação brasileira está condicionada a métodos de avaliação voltada para números, sem considerar habilidades que podem ser desenvolvidas em prol da aprendizagem. ‘’Incomoda esse descaso com os objetivos e talentos que as pessoas que não podem ser desenvolvidas dentro do sistema de ensino regular. Não basta o sistema de educação brasileiro ser arcaico, ele também massacra quem luta pra se libertar dele”, diz.
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“Além disso, homeschooling é uma alternativa com mais personalização de ensino e conforto. Isto porque a prática possibilita que o aprendizado seja feito a partir de professores, por tutores ou pela própria família (caso tenha conhecimento e preparação para auxiliar neste aprendizado). Mesmo que o ensino seja realizado dentro de casa, é necessário seguir diretrizes, materiais e, principalmente, respeitar as necessidades de cada estudante”, afirma o especialista.
Matheus reforça o caso da sua mentorada, a estudante Elisa Flemer, de 17 anos, que foi impedida de ingressar no curso de Engenharia Civil da Universidade de São Paulo - USP por não ter a documentação que comprovasse sua formação a partir da educação domiciliar. “Dentro das mentorias, reconhecemos vários talentos diariamente, como a Elisa, que optam por outra formação de ensino-aprendizagem e escolhem outras perspectivas práticas para alcançar seus objetivos na vida”, comenta. Mais de 60 mil pessoas já passaram pelas atividades e mentorias, desenvolvidas pela equipe do especialista para conquistar oportunidades de ensino e trabalho dentro e fora do Brasil.
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