Olimpíadas: Como deve ser a relação dos atletas com as redes sociais
Treinador mental, Lincoln Nunes revela como o uso das plataformas digitais pode auxiliar ou afetar o desempenho do atleta que está na competição esportiva mais importante do mundo.
Créditos - Foto: Divulgação / MF Press Global
Não é segredo para
ninguém que as redes sociais assumem parte importante na rotina diária de
qualquer pessoa. No entanto, durante um período de competição que requer foco
total como é o caso dos jogos olímpicos, o uso destas ferramentas se tornou
alvo de muitas discussões entre especialistas, esportistas e o público em
geral. No último fim de semana, por exemplo, o skatista Kelvin Hoefler
conquistou a primeira medalha brasileira na modalidade. Ao invés de
celebrações, chamou a atenção um depoimento de sua companheira de modalidade,
Leticia Bufoni, que acabou revelando um “racha” na equipe: “Estão me
perguntando por que não posto o Kelvin nos meus stories. O Kelvin, pelo que
vocês perceberam, nunca está com a gente nos rolês por uma opção dele”. Foi o
bastante para que a atleta recebesse muitas críticas nas suas plataformas digitais.
Por sua vez, ela não chegou à disputa pelo pódio em sua competição.
Quem acompanhou estes
acontecimentos e também está por dentro das modalidades olímpicas é o treinador
mental Lincoln Nunes,
que destacou: “Estar ou não nas redes sociais não muda o desempenho do atleta,
o que realmente muda é o quanto ele está disposto a abdicar do mundo virtual
para focar nos campeonatos”. Ele é responsável por treinar atletas como o
nadador Guilherme Costa — que está disputando a final dos 800 m livre e Natasha
Rosa, atleta que atingiu o nono lugar histórico no levantamento de peso
feminino, além de estrelas do futebol e UFC.
Sobre esta relação
entre os esportistas e o uso da internet para interagir com o público, Lincoln
acredita que “não dá para brigar. Os atletas millenials e, temos até atletas da
geração Z e X competindo, com a rede social ‘mandando’ nos treinos, o celular é
extensão do corpo. No entanto, as mídias podem ser as verdadeiras vilãs do alto
rendimento”. Lincoln lembra, inclusive, que Kelvin tem um perfil menos
badalado nas redes sociais, e disse que a atitude criticada pela companheira
era justamente o incentivo para conquistar as medalhas: “Só por a Letícia ser
mais ativa nas redes não quer dizer que isso vá afetar diretamente no
rendimento dela. Porém, existem dois tipos de fadiga: a periférica e central. A
fadiga periférica é a do corpo, a fadiga central é a da mente, justo a que
temos mais dificuldade de recuperar. Rede social gera muita dopamina, ficamos
vinculados a tudo que ela tem a nos oferecer, sejam coisas positivas ou
negativas. Nem os atletas estão livres das consequências disso”.
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