Programa de acolhimento socioemocional vai ajudar crianças e adolescentes no retorno às aulas presenciais
"Os estudantes serão recebidos com atividades que promovam a reconstrução dos laços com a comunidade escolar. Isso vai ajudá-los a se sentirem confortáveis e confiantes na escola", afirma o coordenador da iniciativa implementada para escolas públicas brasileiras
Lourdes ÑiqueGrentz por Pixabay
Cerca de 350 mil alunos de
escolas públicas dos ensinos infantl e fundamental I já foram impactados pelo
programa de ensino socioemocional estruturado e sequencial, denominado
Compasso. Em Boa Vista, capital de Roraima, o programa está inserido
em 100% das escolas
públicas do município, impactando 43 mil estudantes na
cidade.
A metodologia é baseada
no programa socioemocional da ONG Committee for Children, presente
em 70 países. No Brasil, a implementação é feita pelo Instituto Vila
Educação (IVE) e pela Academia Soul, que promovem projetos para o
desenvolvimento humano em diversos contextos sociais.
Acolhimento para o
retorno presencial
Fernando
Gabas, diretor do IVE e da Academiia Soul, conta sobre o conteúdo de
acolhimento refinado pela equipe brasileira. Segundo ele, no
momento de retorno às aulas presenciais, os alunos serão recebidos com
atividades que promovam um senso de comunidade. “As aulas visam a reconstrução
dos laços com a comunidade escolar – alunos entre si e alunos com
professores. Isso vai ajudar os estudantes a se sentirem confortáveis e
confiantes na escola, para que estejam prontos para aprender”,
explica.
Após o período de
acolhimento, o conteúdo socioemocional segue a grade normal, com o ensino
estruturado e sequencial de habilidades como o controle dos
impulsos, a identificação dos sentimentos e das emoções, a
construção de relações saudáveis e a tomada de decisões
responsáveis.
Segundo Gabas, nas
escolas atendidas pelo Programa, durante o período de ensino on-line os
alunos puderam continuar com o ensino socioemocional. O conteúdo foi adaptado
para aulas gravadas, ao vivo ou individuais. Orientações frequentes
para os pais também são realizadas para ajudar a
família no acompanhamento das atividades em casa.
Resultados em
escolas brasileiras
Há quatro anos no
Brasil, o programa já provocou impactos positivos na vida das crianças e
adolescentes das escolas inseridas. Esses resultados estão na redução de
conflitos entre alunos, no aumento do desempenho escolar e, também,
no rendimento acadêmico dos professores.
Ingrid Rubim, moradora
da cidade e professora da Escola Municipal Menino Jesus de Praga, conta que
segue o cronograma das aulas
semanais dedicadas ao conteúdo didático
do Programa. No entanto, conta que sente a necessidade de inserir os
aprendizados em outras disciplinas. “Muitas vezes é
preciso falar sobre sentimentos com os alunos antes de
iniciar a aula, senão não temos condições de seguir”,
destaca.
Esmeralda Araújo,
gestora da escola completa: “O
ensino socioemocional atua de forma preventiva, independentemente se está
havendo problema com o aluno. Isso porque não se soluciona conflitos pontuais.
Desde que iniciamos com o programa, deixaram de existir
conflitos diários entre alunos. Alguns, chegavam à agressão
física. O mais
importante neste momento será fazer com que um aluno se coloque no lugar do
outro. O conteúdo também vai ajudar na superação, principalmente daqueles que
perderam familiares”.
Doação
para entidades
Gabas salienta para a
necessidade de implementação do conteúdo socioemocional também
em entidades que acolhem crianças e adolescentes, desde que existam
nessas organizações um olhar de educação integral para os menores e
um educador para facilitar a implementação do ensino.
Para isso, responde
pelo Bem Viver Importa,
movimento criado para receber sugestões de entidades. Com as
recomendações, serão doados kits de educação socioemocional e mindfulness. A doação
inclui a formação dos educadores das entidades.
Para serem
recomendadas, é preciso que tais organizações existam, no mínimo,
há dois anos e acolham um número superior a 100 crianças ou
adolescentes. As recomendações poderão ser cadastradas no portal do
Movimento: www.bemviverimporta.com.br.
Relatos de alunos e educadores de algumas escolas, no vídeo No Compasso das Emoções.
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