“A internet está doente”, diz mãe de jovem que tirou sua própria vida após receber comentários maldosos em rede social
Neurocientista Fabiano de Abreu vem alertando desde 2018 sobre as maneiras que o ambiente digital está trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes. Casos como esse estão se tornando cada vez mais comuns.
Créditos de: Cpah |
O que era para ser um
ambiente sadio repleto de diversão tem se tornado cada vez algo tóxico e
perigoso para crianças e adolescentes. Se por um lado as redes sociais permitem
a exibição constante de sua imagem, por outro o uso inadequado pode levar às
atitudes drásticas, o que chama a atenção para pais e terapeutas.
Na última terça-feira
(3), o adolescente Lucas Santos, de apenas 16 anos, tirou sua própria vida após
receber comentários maldosos por um vídeo que publicou no Tik Tok. Sua mãe, a
cantora forró Walkyria Santos, postou um desabafo emocionado nas redes sociais
e ainda afirmou que “a internet está doente”. Situações como essa estão cada
vez mais comuns não só no Brasil, mas em todo o mundo. Em uma rápida pesquisa
na web é possível encontrar diversas notícias relatando o mesmo contexto:
adolescentes suicidando por uso decorrente da rede social.
Apesar de ser um
assunto que está ganhando os holofotes somente agora, o PhD, neurocientista,
psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu vem
alertando sobre este assunto desde 2018: “Naquela época, publiquei um artigo
científico que detalha o funcionamento do cérebro e como a internet afeta a
região da inteligência, da lógica e coerência. Da região que orquestra todas as
demais regiões, que alerta às consequências e que controla a emoção. Em 2019,
eu já havia avisado a minha filha e demais crianças sobre o Tik Tok e que ele é
mais perigoso que o Instagram”, ressalta.
Segundo Fabiano, “o que
acontece no cérebro é essa intercepção, uma falta de controle emocional que
desencadeia disfunções que acarretam atitudes impulsivas”. E a situação pode
piorar ainda mais, revela: “A rede social vai matar mais pessoas. Empresas como
Facebook e Tik Tok sabem disso e continuam investindo em neurociência
inadequadamente, para que as pessoas libertem cada vez mais dopamina que é
viciante segurando assim o usuário”.
Para quem não conhece, Fabiano
explica o efeito deste agente químico no organismo: “A dopamina é um
neurotransmissor da recompensa que o organismo pede sua liberação de forma
gradativa. Além disso, a falta de atenção, dificuldade de memorização, excesso
de ansiedade, desmotivação constante e oscilações emocionais. São fruto dessa
disfunção”. Diante deste cenário sombrio pela frente, Abreu lamenta que muita
gente ainda não tenha noção da gravidade do problema que está aí: “As pessoas
não estão levando a sério pois também estão dependentes da rede social. Como um
comboio que prefere não enxergar os danos que ela causa já que também se
satisfaz com ela”, sinaliza.
Abreu diz
que o TikTok tornou-se mais perigoso, também pela faixa etária que o usa:
"As
crianças e adolescentes acham mais graça no TikTok; tem mais interação, dança,
movimento, desafios. Mas são esses os mais preocupantes. A criança e o jovem só
têm o seu córtex pré-frontal totalmente desenvolvido em até 24 anos de idade
dependendo do indivíduo e sua cognição ainda está em desenvolvimento, assim
como é uma fase de transição e de pouca experiência. Sem contar que há pais que
estão tão viciados na rede quanto os filhos dando exemplos que podem ter
consequências ruins." finaliza o neurocientista com mais de 30 artigos
científicos publicados e a maioria deles relacionado à inteligência.
Referências de casos de
morte por causa do TikTok:
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/02/06/jobem-se-matou-ao-vivo-no-tiktok-e-app-so-avisou-policia-4-horas-depois.htm
https://www.publico.pt/2021/01/22/tecnologia/noticia/italia-bloqueia-tiktok-apos-morte-asfixia-menina-dez-anos-desafio-1947586
https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/menina-de-10-anos-morre-a-fazer-desafio-do-tiktok
Biografia
Fabiano
de Abreu Rodrigues
- Doutorado e Mestrado em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e
Neurociências pela EBWU na Flórida, com o título reconhecido pela Universidade
Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco;
Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em
Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em
comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil;
Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em
Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and
Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência
e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em
História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na
IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC.
Membro
da SPN - Sociedade Portuguesa de Neurociências - 814;
Membro
da SBNEC - Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento -
6028488;
Membro
da FENS - Federation of European Neuroscience Societies - PT 30079;
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1428461891222558
Como cientista em Portugal: https://www.cienciavitae.pt/portal/en/8316-38CC-0664
Como
cientista internacional: https://orcid.org/0000-0002-5487-5852
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