Como garantir o alto nível de qualidade do cuidado equilibrando os custos hospitalares no Brasil?
Por Juliana
Gomes
É evidente que
a pandemia trouxe muitos impactos às instituições de saúde do Brasil. O grande
objetivo de qualquer hospital é, por meio da gestão, controle e humanização do
atendimento, oferecer serviços e resultados de qualidade aos pacientes. No
entanto, com a pandemia, muitos gestores de hospitais, tanto públicos, quanto
privados, tiveram de lidar com os desafios impostos pelos custos operacionais
necessários para manter os hospitais abastecidos. Mas, como manter o alto nível
de qualidade do cuidado em meio a este cenário adverso?
Após uma
análise sobre a variabilidade do cuidado realizada em 468 hospitais, a
organização Advisory Board pôde concluir que, entregando cuidados em linha com
as melhores práticas de hospitais de alta qualidade, uma instituição com
receita de US$ 1 bilhão pode economizar cerca de US$29 milhões/ano. Nesse
contexto, a variabilidade do cuidado torna-se um grande gargalo quando o
assunto são os dispêndios em saúde.
Agir na variabilidade clínica
tem grande peso na gestão de custos. É necessário começar a trabalhar essa
questão primeiro avaliando as decisões que o médico/equipes assistenciais estão
tomando no dia a dia, bem como analisar o envolvimento dos pacientes. Se o
hospital leva em conta esses dois fatores em curso, podemos dar início às
atividades com o objetivo de ajustar cada vez mais as operações e promover as
discussões sobre como otimizá-las.
A solução para
lidar com variações médicas é a padronização, uma vez que os cuidados
normatizados impactam em melhores resultados aos pacientes, trazendo menos
complicações, taxas mais baixas de readmissão hospitalar, melhor desempenho e
métricas baseadas em qualidade, que estão ligadas ao reembolso. Desta forma, é
imperativo que os provedores apliquem seus conhecimentos baseados em pesquisas
e medicina baseada em evidências.
Tecnologia e alto nível de qualidade do cuidado
Para promover o alto nível de
qualidade do cuidado nos hospitais, o uso da tecnologia é extremamente
importante para controlar processos adequados que resultam no melhor
atendimento. O hospital digital e certificado, utiliza tecnologias no apoio à
decisão clínica que promove agilidade no processo e monitoramento da operação,
importante sinalizador para a gestão de custos. Aliado a isso, precisamos
pensar ainda na jornada do paciente e no direcionamento de esforços para
obtermos uma linha de cuidado. Isso significa buscar entender qual é o valor
que estamos entregando ao paciente. Precisamos otimizar os processos, a
informatização e os prontuários eletrônicos. Para isso, é necessário apoiar-se
em tecnologias.
Desafios dos
hospitais públicos e privados do Brasil
Sabemos que
existem muitas dificuldades nos hospitais dos setores público e privado. Quando
falamos em gestão, no geral, existe um tripé principal que envolve pessoas,
processos e tecnologias. A saúde é um segmento que demanda intensiva mão de
obra, e, para minimizar esses custos, é fundamental investir em processos
otimizados e recursos tecnológicos.
A ausência de investimento é uma grande dificuldade para as instituições
públicas, ou seja, investir em tecnologia fora do prontuário eletrônico do
paciente ainda é um grande desafio. Nesse caso, é necessário oferecer enfoque
na melhoria de processos e entregar valor para promover a segurança do paciente
e a qualidade do cuidado. Esses processos minimizam o retrabalho e otimizam o
tempo.
A necessidade dos gestores está relacionada à tecnologia de sistemas que
tenham interoperabilidade, além da discussão sobre inovação na área da saúde e
investimentos em recursos de suporte à decisão clínica. É
preciso viabilizar uma linha de cuidado contemplando o pré, o durante e o pós
atendimento, para assim garantir efetivamente um cuidado que considera o
paciente como um todo. Embarcar em tecnologia é, sim, uma questão de saúde.
Juliana
Gomes é líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer, Health no Brasil.
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