Contra gripes e resfriados: máscara e mãos limpas
Daniel de Christo (*)
No início da pandemia esta fala foi amplamente divulgada em grupos de WhatsApp e redes sociais para questionar a veracidade dos números de óbitos por COVID-19. Parece não haver mais dúvidas com relação aos mortos na pandemia, uma vez que as Secretarias Estaduais de Saúde fornecem dados atualizados, confiáveis e amplamente aceitos pelo Governo Federal, OMS e outras organizações internacionais.
As outras doenças respiratórias não causaram mais nenhuma morte? Claro que isso é um exagero, mas houve sim uma queda significativa nas mortes causadas por outras doenças respiratórias. É isso que podemos observar em dados oficiais, como os da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS/SESA-PR) que gerencia o SIM (Sistemas de Informações sobre Mortalidade).
A média do número de óbitos por Influenza (Gripe) nos anos de 2018 e 2019 foi de 106,5 (115 e 98 óbitos respectivamente). Entretanto, em 2020, ano em que a pandemia virou nossas vidas de cabeça para baixo, este número caiu para 32. Ou seja, uma queda de 70% nos óbitos por Influenza em relação à média dos anos anteriores.
Como explicação temos o uso de máscara, álcool gel e distanciamento social. Provavelmente esta é a primeira vez em que adotamos pessoalmente esses comportamentos, mas também em sociedade. Essas medidas são fundamentais para o controle da COVID-19, mas também para o controle de outras doenças infectocontagiosas.
Em alguns países, como o Japão, o uso de máscara faz parte da cultura e dos costumes. Se uma pessoa está com sintomas de resfriado ou gripe, como espirros e coriza, ela já faz o uso da máscara para evitar a contaminação de outras pessoas. É uma atitude de civilidade e cidadania que muitas vezes falta em nós brasileiros.
Respondendo à pergunta inicial, muitas pessoas não tiveram gripe ou resfriado no inverno de 2020 e 2021. Resultado das medidas de contenção do vírus da COVID-19. A pandemia exigiu essas e outras mudanças nas nossas rotinas e atitudes. Apesar da perda de mais de meio milhão de vidas por COVID-19, as mudanças impostas devem tornar a nossa sociedade mais resiliente e com maior empatia pelo próximo. A pandemia nos mostrou que depende principalmente de nós, como indivíduos e cidadãos, tornar o mundo melhor e mais preparado para futuras pandemias e outras adversidades.
Daniel de Christo é Mestre em Genética de Microrganismos e Coordenador de Pós-Graduação na Área de Saúde na UNINTER
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