Delivery de combustível está prestes a ser regulamentado no Brasil
Pandemia impulsionou serviços de entrega e apps devem incentivar a concorrência
Imagine
solicitar, por meio do celular, o abastecimento do seu carro sem sair de casa
ou do trabalho e sem precisar ter contato com o vendedor. Pode parecer
improvável, mas já é realidade em países como Estados Unidos, Canadá e
Inglaterra e deve se espalhar em breve pelo Brasil. A Agência Nacional do
Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) prepara o novo marco regulatório do
mercado de combustíveis que deve modificar a forma como os produtos são
vendidos no país.
Uma das
principais inovações é a autorização para postos realizarem o serviço de
entrega por meio de veículos adaptados. Esse modelo funcionou no Rio de Janeiro
por meio da empresa Gofit. Inicialmente, o foco era a entrega em marinas, para
abastecer barcos, lanchas e jet-skis, mas a meta é ampliar o mercado para todos
os consumidores assim que houver regulamentação. “Antes, o proprietário desse tipo de
veículo era obrigado a se arriscar, transportando combustível em galões, o que
também é proibido. A tecnologia vem para somar e oferecer mais comodidade ao
brasileiro”, afirma o advogado Robson Couto, especializado no mercado
varejista de combustíveis.
O serviço, que
funciona 24 horas por meio de aplicativo para celulares, ficou conhecido como o
'Uber dos combustíveis'. Após realizar o cadastro, o app informa a
disponibilidade dos caminhões para, então, a compra ser efetivada. O caminhão
vai até o consumidor, que nem precisa sair de casa ou ter contato com
atendentes para realizar o pagamento.
A entrega é
feita por caminhonetes com um tanque adaptado para armazenar gasolina e etanol,
com capacidade de transporte de até dois mil litros. “A regulamentação da ANP estabelece uma
série de normas para garantir a segurança da operação. O texto já passou pela
fase de audiências públicas e os interessados já enviaram sugestões de
alteração. Agora a agência analisa se adota ou não as sugestões do setor antes
da finalização para implementação da nova regulamentação”,
acrescenta o especialista.
Realidade nos
EUA desde 2015, o delivery de combustível está em fase de expansão também no
Canadá e Inglaterra. A pandemia tornou o mercado fértil para todo e qualquer
serviço de entrega. E teve reflexos também no Brasil, que, segundo levantamento
da Statista, empresa especializada em dados de mercado e consumidores, foi
responsável por quase metade dos números do delivery (48,77%) na América Latina
em 2020.
Nesse cenário
o app para entrega de combustível ganha força. Nos EUA, por exemplo, várias
companhias do Vale do Silício como PayPal, UPS, Facebook, Cisco, IBM e FedEx
utilizaram os apps para abastecer os carros de seus empregados.
Comercialização fora dos postos só pode ser solicitada por
revendedor varejista
autorizado pela ANP (Foto: Pixabay)
Concorrência
Na
avaliação de Couto, o novo marco regulatório do mercado de combustíveis em
definição pela ANP impulsionará a concorrência e está longe de representar o
fim dos postos de combustíveis. “O
modelo atual continuará existindo por muito tempo. Somente donos de postos
poderão operar o delivery. A medida estudada pela ANP representará uma
comodidade e deve tornar o preço mais atrativo para consumidor assim que o
mercado se expandir”, afirma.
Segundo as
regras pré-definidas pela ANP, a autorização para a venda fora dos postos só
pode ser solicitada por revendedor varejista autorizado pela agência e tem que
ser feita dentro dos limites do município onde o revendedor está instalado.
O advogado
estima que para começar a operar o sistema, os empresários do setor devem fazer
um investimento inicial de cerca de R$ 250 mil com a compra e adaptação do
veículo.
Normas e segurança
Os
veículos poderão transportar até 2 mil litros de combustível e o abastecimento
em delivery não poderá ser feito em garagens, áreas subterrâneas, ruas de
grande fluxo e locais onde há piso permeável ou semipermeável. “A resolução apresenta uma série de
normas técnicas para garantir a segurança do serviço. Será preciso ter estudo
de análise de gestão de riscos; licença de operação expedido por órgão
ambiental; certificado de segurança expedidos pelo Denatran, Ibama e Inmetro.
Tudo para que o delivery opere de forma segura”, afirma
Couto.
O
advogado especializado no mercado varejista
de combustíveis Robson Couto
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