Impactos da pandemia na gestão das finanças: por onde recomeçar?
Motivação e perspectiva são pontos iniciais para aqueles que buscam retomar a sustentabilidade do negócio. Confira outras dicas da especialista em Controladoria e Finanças Beatriz Machnick
O financeiro é o combustível para toda
empresa, mas desde 2020 muitos segmentos foram impactados pela pandemia.
Empresários viram o lucro despencar, enquanto as despesas seguiam na mesma
proporção. E, após meses com o fluxo de caixa no “vermelho”, as organizações
retomaram o fôlego para recomeçar. Diante disso, elas têm buscado reestruturar
os departamentos e isso passa em primeiro lugar pela área de finanças.
Para a contadora e especialista em Controladoria e Finanças Beatriz Machnick, a
dica inicial para novos começos é buscar motivação e perspectiva. “O que ocorre
é que, muitas vezes, aqueles que estão recomeçando perdem a energia motivadora,
aquela que expande a visão e conduz ao destino almejado. É aí que é preciso
parar e voltar ao foco”, alerta.
A contadora que, já nos primeiros seis meses deste ano, conseguiu atingir em
sua empresa um valor superior ao faturamento de todo o ano de 2021, acredita que,
nos momentos de crise, o controle emocional é decisivo para os empresários.
“Para aqueles que tiveram perda de clientes e queda de faturamento, o conselho
que dou é que voltem a ter motivação e perspectiva para o negócio. Busquem a
estratégia, façam um novo planejamento e trabalhem com o que tiverem nas ‘mãos’
naquele momento. Foquem no que possuem e não naquilo que perderam”, reforça.
Beatriz exemplifica que, em casos de dívidas, empréstimos e parcelamentos, o
empresário precisará colocar tudo ‘no papel’: “Faça uma linha do tempo e
desenhe ali uma previsão de quando terminará de pagar as contas. Isso é bom
para visualizar e traz esperança”, acrescenta
Reconhecer qual é a porcentagem que o endividamento representa em relação ao
faturamento também é essencial. Por exemplo, se o parcelamento equivale a 20 ou
30% do que a empresa fatura, então, é preciso saber o quanto é necessário
vender para cobrir o passivo.
Outra dica da especialista em Controladoria e Finanças é dar um passo de cada
vez. “Visualize o ponto de equilíbrio do negócio – o mínimo que você precisa
faturar para cobrir os seus custos e despesas. Entenda a sustentabilidade desse
negócio para começar a projetar o lucro. E tome cuidado, pois é possível
aumentar o faturamento e não crescer em lucratividade”, sinaliza.
Uma boa rede de contatos e a busca por especialistas na área de finanças ou no
seu ramo de atuação também podem ampliar a visão que, em momentos difíceis,
pode estar conturbada. “Profissionais externos e terceirizados podem trazer um
conhecimento técnico relevante e imparcial ao negócio. Essas pessoas também
darão um suporte emocional e psicológico imprescindível para que a empresa
recomece com novo fôlego”, complementa Beatriz.
Ela ainda acrescenta que a organização que busca se reestruturar deve ter no
mínimo relatórios de fluxo de caixa – ali estarão as previsões de entrada e
saída, controle de capital de giro e apuração de lucro. É onde o empresário
saberá se realmente voltou a ter lucratividade.
*Beatriz Machnick é contadora, especialista
em Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. É
pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia e palestrante na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). É sócia-fundadora da BM Consultoria em
Precificação e Finanças. Autora dos livros Gestão Financeira na Advocacia -
Teoria e Prática (2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O
Fortalecimento da Advocacia através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios
– Diretrizes e Estratégias na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso
(2014).
Nenhum comentário