Incertezas macroeconômicas podem frear avanço do setor de infraestrutura brasileiro
EMIS, do Grupo ISI Emerging Market, aponta os principais desafios e perspectivas de futuro dos modais de transporte no Brasil
São Paulo, agosto de 2021 – O setor de infraestrutura no
Brasil apresenta um cenário diversificado. Em 2020, o investimento total na
infraestrutura de transporte do Brasil caiu por um ano consecutivo, prejudicado
principalmente pela recessão econômica provocada pela pandemia e pelo esforço
do governo para equilibrar as finanças públicas. No entanto, os investimentos
no setor, especialmente do campo privado, deverão retomar o crescimento e
aumentar aceleradamente no médio prazo, em linha com a agenda governamental de
continuar a privatização dos ativos de infraestrutura.
A análise é da EMIS, do Grupo ISI Emerging
Markets, que durante webinar realizado na última semana, apresentou um
panorama completo sobre o setor, mostrando os principais riscos para a expansão
e o futuro dos modais de transporte no Brasil.
A qualidade de infraestrutura de
transportes brasileira
De acordo com o último Ranking de
Qualidade de Infraestrutura de Transportes, divulgado pelo Fórum Econômico
Mundial, o Brasil ocupa a 85ª posição no ranking geral de 140 países
analisados. Para Adriano Morais, Research Economist para o Brasil na ISI
Emerging Markets, o desempenho deixa a desejar. “Chama a atenção que no modal
rodoviário, que representa 65% da carga transportada no país, o Brasil se
encontra na pior posição entre todos os modais, ficando entre os 30 países com
menor pontuação em qualidade rodoviária”, afirma.
Adriano acredita que uma das soluções
para melhorar a quantidade e qualidade na infraestrutura brasileira seria o
aumento de investimentos no setor, porém, também estão aquém do esperado. “Os
investimentos vêm sendo reduzidos por uma série de razões: recessão econômica
de 2015/2016, além de investigações de corrupção e a deterioração de finanças
públicas no país”, explica.
Principais riscos
A análise também aponta alguns riscos
que podem atrapalhar projetos e obras em execução no setor de infraestrutura,
sendo os principais os impactos sociais e ambientais, riscos jurídicos, além da
burocracia e incertezas econômicas do país.
Frederico Turolla, sócio da consultoria
Pezco Economics e especialista em infraestrutura, acredita que para que os
investimentos em infraestrutura e transportes decolem, é preciso mitigar uma
incerteza macroeconômica. “Diversos projetos naufragaram por conta de
problemas macroeconômicos. A volatilidade da economia no futuro é um elemento
fundamental para o crescimento do setor e as eleições do próximo ano serão
decisivas nesse sentido”, acredita.
O futuro dos modais de transportes no
Brasil
Por fim, o evento também debateu o
futuro do setor de infraestrutura no país, principalmente os setores
ferroviário, aéreo e de transporte público:
Setor ferroviário
Turolla explica que este setor
ferroviário está diretamente ligado à competitividade do país, uma vez que muito
do que é exportado no Brasil são commodities que exigem uma infraestrutura de
escoamento que prejudicam a competitividade.
“Existem alguns projetos da criação de
ferrovias em novos eixos longitudinais, além da rediscussão de contratos dos já
existentes e isso tem trazido programações de investimentos muito importantes.
Por fim, a troca do regime público para a iniciativa privada, conforme prevê o
Novo Marco Regulatório (PL 261/208), já vem impulsionando diversas iniciativas
estaduais para o desenvolvimento deste modal”, explica.
Setor aéreo e transporte público
Para os economistas, os impactos da
pandemia na redução de viagens e deslocamentos ainda não podem ser
contabilizados, porém, outro efeito menos óbvio diz respeito à racionalização
das viagens, ou seja, com a possibilidade do trabalho remoto, os deslocamentos
podem ser mais bem planejados, consequentemente uma suavização dos picos de
congestionamento.
“Podendo mover esse pico ao longo dos
dias da semana e novos horários, é possível obter uma otimização mais racional
da infraestrutura para suavizar os congestionamentos, tanto aéreos quanto
rodoviários em longa distância”, acredita Turolla.
Sobre a EMIS
Fundada em 1994, a EMIS oferece
inteligência de empresas, setores e países nos mercados emergentes. Criada a
partir da falta de dados e informações nessas economias, a plataforma de
informação da EMIS combina análises, perfis de empresas, dados macroeconômicos
e setoriais, relatórios e notícias, com uma base proprietária de M&A e ECM,
auxiliando os profissionais das mais diversas áreas na tomada de decisão. www.emis.com/pt
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