Por que trabalhar em squads?
5 reflexões de quem ajudou uma empresa a migrar do modelo tradicional para o modelo ágil
Se você é uma pessoa ligada nesse
ambiente de startups, provavelmente já ouviu falar no trabalho em squads.
Squads nada mais são do que grupos multidisciplinares que reúnem pessoas de
diversas áreas de negócio em torno de um mesmo objetivo - seja criar novos
produtos, novos processos ou tocar qualquer outro projeto dentro da empresa.
Hoje, aqui no Pravaler, trabalhamos em
diversos squads. Os colaboradores não pertencem a uma área em especial, mas sim
ao projeto que estão desenvolvendo. Só que nem sempre foi assim. A adoção desse
modelo faz parte da nossa trajetória de transformação digital e cultural, que
começou há mais ou menos dois anos e vem nos guiando no processo de passar a
agir de maneira mais disruptiva e menos engessada.
Eu, como profissional de RH, tirei
grandes aprendizados dessa transformação. Alguns deles podem ser levados para
todas as esferas da nossa vida. Por isso, quero compartilhá-los aqui com vocês.
- Ter confiança é mais importante
do que ter controle.
Um namorado controlador sufoca. Uma mãe
controladora prende. Uma mente controladora entra em paranoia. Um chefe
controlador tolhe a criatividade. Em qualquer circunstância, o excesso de
controle é contraproducente, porque opera mais na lógica do medo do que na da
confiança - e é isso que o trabalho em squads tenta combater.
Nesse sentido, o gestor se preocupa com
o propósito do time: qual problema resolver e por que resolvê-lo. O “como” fica
por conta da equipe, que tem autonomia para experimentar e descobrir as
melhores maneiras de fazer as coisas.
Se você não confia no potencial do time,
por que então o contratou?
- Sem medo de ser feliz (e neste
caso, de inovar)!
Todas as pessoas que fizeram grandes
coisas na vida eram destemidas. Se Marie Curie tivesse se curvado às críticas
da sociedade misógina da época, não teria ganhado dois prêmios Nobel. Se
Einstein tivesse se convencido de que não era inteligente porque tirava notas
ruins, não teria revolucionado a física. Se Zuckerberg tivesse desistido porque
seu protótipo de rede social foi banido em Harvard, não teria criado o
Facebook.
São diversos os exemplos que nos mostram
que, para realmente inovar, é preciso se desprender do medo. E é essa a
mentalidade que o trabalho em squads procura promover, ao incentivar um
ambiente de experimentação constante.
O medo de errar não pode ser maior do
que a vontade de melhorar sempre. E por isso que o significado de sucesso não
pode ser o acerto, mas sim fazer melhor todo dia e se desenvolver
constantemente.
- Pensar no cliente é a melhor
maneira de entregar o melhor trabalho
Não importa o tipo de trabalho que você
está desenvolvendo: o destino final de tudo o que você faz sempre vai ser o
cliente. Quer você passe o dia inteiro atrás de um computador mexendo em
planilhas, quer você trabalhe numa empresa B2B: do outro lado do balcão, sempre
haverá uma pessoa.
É esse o pensamento que guia a cultura
de trabalho em squads. O sentido de fazer entregas menores e mais rápidas e de
ter uma diversidade de pensamentos e experiências dentro de um squad é
justamente atender melhor a essa pessoa, que é o seu cliente. Se ele tem sempre
razão, é discutível. O que não deixa margem para dúvidas é que, no modelo de
squads, ele sempre está no centro de toda tomada de decisão.
- Compartilhar fracassos e
vitórias é a maneira mais contundente de motivar.
Viver é uma sucessão de acertos e erros.
Absolutamente todas as pessoas do mundo vão fracassar em alguns momentos e
suceder em outros. Aceitar e, mais do que isso, compartilhar os nossos
fracassos e vitórias é admitir que somos humanos e que essa humanidade é o que
nos une.
No trabalho em squads, as pessoas são
encorajadas a compartilhar umas com as outras suas experiências, sejam elas
boas ou ruins, para que um possa aprender com o outro e para que todos possam
avançar juntos a partir dali.
Nada é mais motivador do que perceber
que estamos trabalhando com pessoas que, assim como nós, passam por coisas boas
e ruins e, apesar dos pesares, decidem seguir em frente.
- Autonomia é muito diferente de
ter que resolver tudo sozinho.
A gente tende a achar que a autonomia é
um estado solitário. Eu me basto e pronto. Acontece que não é bem assim.
Autonomia é ter a liberdade para resolver as coisas sozinho, mas também para
buscar ajuda quando necessário.
O trabalho em squads incentiva essa
cultura de colaboração. Cada um chega com seu conhecimento e agrega da maneira
que pode sempre que possível e necessário.
Afinal, se ter autonomia fosse sinônimo
de ter que fazer tudo sozinho, a tendência não seria a organização em squads,
mas sim o individualismo e o egoísmo. E se tem uma coisa que a gente, como
sociedade, já deveria ter aprendido, é que nada vai pra frente sem a
colaboração.
Fernanda Inomata é Diretora de assuntos institucionais
do Pravaler, maior plataforma de soluções financeiras para educação do país.
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