Projeto que amplia acesso a tecnologias médicas em crises de saúde aguarda sanção presidencial até quinta
Médicos Sem Fronteiras defende aval sem vetos ao texto que permite suspensão de patentes
Já com a tramitação encerrada no
Congresso, um projeto de lei que pode facilitar o acesso a medicamentos, vacinas e outras
tecnologias médicas durante pandemias e outras crises de saúde
tem prazo até o próximo
dia 2 de setembro para ser analisado pelo presidente da República.
O chamado PL 12/2021 foi aprovado no
último dia 11 pelo Senado.
O texto prevê a possibilidade de suspensão temporária de patentes para
facilitar o atendimento de crises de saúde. Com a adoção mais ágil das chamadas
licenças compulsórias, produtores locais podem, por exemplo, produzir versões
genéricas de medicamentos, barateando seus custos.
Caso o presidente Jair Bolsonaro não se
manifeste, o projeto é sancionado automaticamente. Se decidir vetá-lo, total ou
parcialmente, o texto volta para o Congresso, que pode derrubar o veto
presidencial por maioria absoluta.
“A licença compulsória existe para
salvar vidas e seu uso não pode ser limitado por interesses de empresas ou por
questões políticas. Entendemos que o projeto contribui para que a suspensão de
patentes seja usada com mais frequência e eficiência, atendendo unicamente ao
interesse público”, explica Felipe Carvalho, coordenador no Brasil da Campanha
de Acesso de Médicos Sem Fronteiras.
Caso o projeto seja aprovado sem vetos,
o governo brasileiro estaria apto a iniciar um procedimento de licenciamento
compulsório amplo, com base em uma lista de produtos essenciais e por meio de
procedimentos que envolvem a participação da sociedade civil. “No momento,
apenas os titulares das patentes podem oferecer ao país seus medicamentos e
suas tecnologias médicas, aumentando os riscos de desabastecimento e de abuso
de preço. Com a medida, o Governo terá ferramentas para negociar a compra
de remédios, vacinas e outros insumos com mais fornecedores, o que amplia a
oferta. Esse mecanismo pode ser utilizado, inclusive, durante a pandemia da
COVID-19”, afirma Felipe.
O texto do projeto está alinhado ao
debate internacional relativo à propriedade intelectual, que discute a
necessidade de reconhecer vacinas e outros produtos de saúde como bens
públicos. “Esperamos que a
medida seja sancionada sem vetos e que a aplicação da lei seja guiada pelo
interesse público, tornando tecnologias médicas acessíveis a todos”, ressalta
Felipe.
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