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SKILLING: Maior ganho do petróleo e reunião da Opep; Taxas de juros podem elevar o dólar; Expectativas para BRL/USD; recuperação do ouro

*Por José Giraz, analista de mercado financeiro e diretor da Skilling para LATAM

A semana passada terminou com os principais índices de Wall Street no verde, depois que o presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, anunciou no simpósio de Jackson Hole que a entidade monetária se prepara para começar a se retirar. Gradualmente, alguns planos de estímulo foram impostos para neutralizar os efeitos da pandemia, indicando que, possivelmente neste ano, os planos mensais de compra de assets de $120 bilhões serão reduzidos.

O Índice Dow Jones ganhou 0,6% na sexta-feira, fechando a 35.455,80 pontos, enquanto a tecnologia Nasdaq ganhou 1,2%, atingindo 15.129,50 unidades. O S&P 500, índice que mede a saúde econômica dos EUA, avançou 0,8%, fechando a semana com uma nova alta de 4.509,37.

Voltando a Jackson Hole, o presidente do FED observou que a inflação está "solidamente próxima" da meta do banco central de 2% e que ainda há muito trabalho a ser feito para atingir a meta de pleno emprego. Por sua vez, ele indicou que começar a retirar os planos de estímulo não significa que os juros subam, o que pode beneficiar o dólar.

Para esta semana, todos os olhares estarão voltados para a crise do Afeganistão, onde se prevê que a presença militar de governos estrangeiros no país seja totalmente reduzida. Há uma grande incerteza sobre o que acontecerá com o futuro do país, submerso em uma aguda crise social e econômica. A instabilidade na região pode manter firme a demanda por ativos portos-seguros.

No plano macroeconômico, destacam-se as publicações dos PMIs da China, Reino Unido e Alemanha, o German Employment Change, o CPI da Zona do Euro, o PIB anualizado do segundo trimestre do Canadá e da Austrália. Já nos Estados Unidos, destacam-se o Non-Farm Payrolls (NFP) e a Taxa de Desemprego de agosto nos EUA.

Ouro: O metal precioso se beneficia do discurso de Powell (FED) e se recupera diante da incerteza de quando o FED iniciará os cortes dos planos de estímulo. Na última sexta-feira, o ouro subiu 1%, fechando a semana acima de $1.817 a onça. Para esta semana, o ouro pode se beneficiar de seu papel de porto seguro se os temores sobre o avanço da variante Delta nos Estados Unidos e as tensões no Afeganistão continuarem e se os dados de emprego norte-americanos não atenderem às expectativas do mercado. O objetivo está na zona de $1.900 de uma correção potencial. No lado negativo, o nível a considerar como suporte está em $1.810.

Petróleo: O ouro negro registra seu maior ganho semanal em um ano, por causa da ameaça representada pelo furacão Ida, considerada uma das piores tempestades dos últimos anos. Até domingo, o furacão avançou para o Golfo do México com ventos superiores a 250 km/h. Com isso, 91% das plataformas de petróleo fecharam suas operações e estima-se que a produção da área cairá cerca de 59%. Esses fatores impulsionaram tanto Brent quanto WTI. Os futuros do Brent avançaram 2,3%, a $72,20, enquanto o West Texas subiu 2%, fechando a $68,74 o barril. Antes da tempestade, a produção das petroleiras aumentava por causa do dólar mais fraco, tornando-a mais barata para quem precisa pagar pelo armazenamento. Para o dia 1º de setembro, todos os olhares estão voltados para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), onde continuarão a debater a possibilidade de aumentar sua produção em 400 mil barris por dia.

USD: Diante da perspectiva de que o FED espere mais antes de tomar a decisão de elevar os juros, o Dollar Index, índice que mede a força do dólar norte-americano em relação às moedas do G7, caiu 0,40%, para 92,65 pontos. De acordo com Powell (FED), está caminhando para o pleno emprego como previsto e pode começar a retirar os planos de estímulo antes do final de 2021, mas observou que isso não significaria um aumento nas taxas de juros, mas sim um corte na compra de títulos. Obviamente, menos liquidez no sistema financeiro dos EUA ajudará o dólar, mas não será suficiente em relação a outras moedas como o iene ou o franco suíço. Para que o dólar se valorize, pode ser necessário um aumento da taxa de juros pelo FED. A última vez que a entidade monetária elevou as taxas de juros foi em 2018 e no mercado, estima-se que um novo aumento ocorreria em 2023.

BRL: O dólar fechou a semana mais fraco em relação ao real (- 3,52%), após cinco perdas diárias nos últimos seis pregões no mercado brasileiro. Cruzou a barreira dos R$5,20 e chegou a chegar a 5,1880 em seu menor valor. Agora registra queda de 0,28% no mês após um mês agitado que registrou patamar de R$5,42 no dia 19 de agosto. O discurso ameno do presidente do FED, que evitou mudanças na política monetária norte-americana, ditou o mercado de câmbio no último dia da semana. A próxima semana traz muitas expectativas para o par USD/BRL, já que o segundo trimestre do PIB brasileiro será publicado, bem como o relatório de emprego dos EUA para o mês de agosto.

Peso mexicano: Ao contrário de suas contrapartes, o dólar ganhou espaço em relação a algumas moedas emergentes, como o peso mexicano. Na sexta-feira, a moeda local era negociada a uma média de 20,36 pesos por dólar, enquanto a moeda local era negociada acima de $20,80. O motivo do enfraquecimento do peso é a incerteza sobre o futuro econômico após o constante avanço da variante Delta tanto no México, quanto em seu vizinho e principal parceiro comercial, os Estados Unidos. Outro fator que enfraqueceu a moeda local foram os números da balança comercial de julho, que não atenderam às expectativas das operadoras, registrando um déficit de 4 bilhões de dólares. Nesta semana, os dados de emprego nos EUA (sexta-feira) e a Confiança do Consumidor do México (quinta-feira) serão as atividades que darão o tom da semana.

Peso colombiano: O dólar desvalorizou na sexta-feira cerca de 1% em relação ao peso colombiano. Sem dúvida, o fortalecimento do petróleo dá sustentação à moeda sul-americana frente ao dólar. Na sexta-feira, o câmbio era negociado em média a 3.833 pesos por dólar, durante a semana o dólar desvalorizou 41 pesos. Para esta semana, podemos observar que o peso continuaria a exercer pressão sobre o dólar devido ao enfraquecimento do dólar no cenário internacional provocado pelos comentários de Jerome Powell sobre a retirada dos planos de estímulo. O peso se beneficiaria com o fortalecimento do petróleo, ainda mais diante da perspectiva de que a Opep no dia 1º de setembro pudesse anunciar o corte de 400 mil barris por dia em sua produção.


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