Carta aberta pede eliminação de lacuna do acesso digital e habilidades de aprendizagem on-line para as meninas na era do covid-19
Brasileiro Rubens Ferronato se une às principais vozes globais em carta que segue o Building the Bandwidth Summit, estabelecido pela Fundação Varkey, UNESCO e Fundação Cultural CJ.
O brasileiro Rubens Ferronato (top 50
entre os indicados ao Global Teacher Prize de 2018) uniu-se a líderes dos
setores público, privado e filantrópico que têm destacado seu compromisso com a
educação e com a aceleração do acesso, das habilidades digitais e da
participação na aprendizagem on-line das meninas, em uma carta conjunta e
convocou a comunidade internacional a intensificar os esforços.
A carta aberta, que apela à ação da
comunidade internacional para dar às mulheres jovens acesso igualitário à
capacitação em tecnologia e habilidades digitais que elas precisam aprender, e para
proteger e priorizar o financiamento nacional e internacional para a educação
das meninas em meio à COVID-19, segue a recente Building the Bandwidth Summit
[Cúpula “Construindo a Largura de Banda”] convocada pela Fundação Varkey,
UNESCO e Fundação Cultural CJ.
A carta, cujos signatários incluem
Henrietta Fore, Diretora-Executiva da UNICEF, Stefania Giannini, Diretora-Geral
Adjunta de Educação da UNESCO, e Yasmine Sherif, Diretora da Educação Não Pode
Esperar, vem em resposta a preocupações crescentes de que, após a COVID-19, 11
milhões de mulheres jovens podem não voltar à escola, uma vez que a mudança
repentina para a aprendizagem on-line deixou as meninas em desvantagem devido
às disparidades tanto no seu acesso à tecnologia quanto nas habilidades
digitais necessárias para usá-la. Ao mesmo tempo, surgiram preocupações sobre a
segurança on-line de meninas.
Os signatários da carta temem que essas
desigualdades e riscos para a educação de meninas possam ser agravados por
orçamentos reduzidos devido à devastação econômica da pandemia.
Rubens Ferronato, top 50 entre os
selecionados ao Global Teacher Prize 2018, disse:
“A COVID-19 é a maior ameaça à educação
global que já vimos e seu impacto está sendo sentido especialmente entre as
mulheres jovens. A menos que os governos e seus parceiros em todo o mundo ajam
para proteger e priorizar o financiamento doméstico e internacional para a
educação das meninas, e garantir que elas tenham acesso igualitário às
habilidades tecnológicas e digitais que precisam aprender, corremos o risco de
muitas ficarem para trás."
Stefania Giannini, diretora-geral
adjunta da UNESCO, afirmou:
"Apesar dos melhores esforços para
introduzir o aprendizado remoto durante essa pandemia, 43% (706 milhões) dos
alunos em todo o mundo não têm acesso à internet e na África Subsaariana, esse
índice chega a 82% dos alunos. Infelizmente, milhões de meninas podem nunca
mais voltar para a sala de aula.
"Ao mesmo tempo, em contextos mais
pobres, muitas meninas e jovens mulheres não têm acesso à tecnologia e às
habilidades digitais que agora são tão essenciais para o aprendizado, e
continuam não recebendo educação STEM. A mudança para a aprendizagem on-line
também apresenta riscos para meninas, e mais da metade das jovens mulheres em
todo o mundo relatam já terem sofrido abuso on-line.
"Os
governos devem aprender as lições desta pandemia e agir decisivamente para
garantir que todas as crianças recebam uma educação segura e de qualidade nesta
era do COVID-19 e futuramente."
Heekyung Jo Min, Vice-Presidente
Executiva da CJ CheilJedang, disse:
"A menos que fomentemos os talentos
das meninas, incentivemos sua curiosidade e inspiremos sua criatividade,
perderemos o potencial de metade da humanidade. Não podemos permitir que a
COVID-19 prive jovens mulheres de um futuro melhor que, se o mundo agir agora,
estará ao seu alcance."
Sunny Varkey, fundadora do Global
Teacher Prize, disse:
“A COVID-19 ameaça fazer a educação das
meninas regredir décadas. Sabemos que a tecnologia pode desempenhar um papel
enorme na redução do fosso educacional, mas somente se atingir todas as
crianças em todas as partes do mundo, independentemente de seu gênero.
“Ainda mais importante, é vital que
coloquemos a voz do professor no centro de nossa missão. O conhecimento e a
experiência combinados dos professores da linha de frente ajudarão a comunidade
internacional a responder a perguntas cruciais para que possamos oferecer
oportunidades de aprendizagem inclusivas para todas as crianças."
A carta afirma:
"Entre as muitas tragédias que a
pandemia COVID-19 trouxe ao mundo está sua ameaça de reverter décadas de
progresso conquistado com muito esforço na educação das meninas. Antes da
COVID-19, os esforços globais para colocar mais meninas na sala de aula testemunharam
mais 180 milhões de meninas se matricularem no ensino fundamental e médio desde
1995. Mas agora, a UNESCO estima que 11 milhões de meninas podem não voltar à
escola após a pandemia.
A mudança repentina para o aprendizado
on-line colocou crianças e adolescentes do sexo femininoem desvantagem em
muitos contextos, devido às disparidades tanto no acesso delas à tecnologia
quanto nas habilidades digitais necessárias para usá-la. Mais homens do que
mulheres estão usando a internet em todas as regiões do mundo, exceto nas
Américas. De acordo com a GSMA, em países de baixa e média renda, as
mulheres têm 7% menos chances do que os homens de possuir um celular e são 15%
menos propensas a usar internet móvel. Da mesma forma, em muitos países, a
lacuna de habilidades digitais por gênero é perceptível, desde tarefas mais
simples, como usar aplicativos em um telefone celular, até habilidades
avançadas, como codificação.
Além disso, a mudança para o aprendizado
on-line trouxe preocupações sobre a segurança das meninas na internet. De
acordo com a World Wide Web Foundation, 52% das jovens mulheres e meninas em
todo o mundo relatam ter sofrido abusos on-line, incluindo mensagens
ameaçadoras, assédio sexual e o compartilhamento de imagens privadas sem
consentimento. Como resultado, muitos pais e cuidadores estão limitando o tempo
das meninas on-line.
Essas desigualdades e riscos para a
educação de meninas provavelmente serão agravados pela redução dos orçamentos
financeiros nacionais e internacionais na esteira da devastação econômica da
pandemia. A UNESCO e o Banco Mundial estimam que a ajuda externa à educação
pode ser reduzida em 2 bilhões de dólares em relação aos níveis de 2020.
É por isso que, após a Building the
Bandwidth Summit convocada pela Fundação Varkey, UNESCO e CJ Cultural
Foundation, nos comprometemos a expandir o acesso das meninas à aprendizagem
on-line e às habilidades digitais, e pedimos a ação da comunidade internacional
para:
1) Proteger e priorizar o financiamento
doméstico e internacional para a educação das meninas pós-COVID-19 para
salvaguardar o progresso, particularmente nos países mais pobres;
2) Garantir que as meninas tenham acesso
igualitário à tecnologia e aos recursos necessários para aprender de forma
eficaz e garantir espaços seguros e capacitadores para o aprendizado –
inclusive on-line;
3) Construir habilidades digitais
através de currículos livres de preconceito de gênero e capacidade do professor
de envolver todos os alunos de forma igualitária, abordando os preconceitos
inconscientes nas práticas de ensino;
4) Desenvolver e implementar planos de
ação que apoiem a busca das meninas por disciplinas e carreiras de ciência,
tecnologia, engenharia e matemática (STEM); e
5) Catalisar a cooperação entre
governos, setor privado, sociedade civil, parceiros de desenvolvimento,
academia, famílias e meninas para eliminar a divisão digital de gênero."
Dra. Márcia Balisciano MBE, Chefe de
Responsabilidade Corporativa, RELX
Sra. Irina Bokova, Embaixadora Global,
Education Cannot Wait, e Diretora-Geral da UNESCO (2009-2017)
Sra. Kemly Camacho, Presidente e
Coordenadora Geral, Sulá Batsú
Sr. Ranjitsinh Disale, Vencedor do
Global Teacher Prize de 2020
Sr. Rubens Ferronato, top 50 dos
finalistas do Global Teacher Prize de 2018
Sr. Tom Fletcher CMG, Diretor, Hertford
College, Universidade de Oxford
Sra. Henrietta H Fore,
Diretora-Executiva, UNICEF
Sra. Monika Froehler, CEO, Ban Ki-moon
Centre for Global Citizens
Dr. Jamie Frost, top 10 entre os
finalistas do Global Teacher Prize de 2020
Sra. Stefania Giannini, Diretora-Geral
Adjunta de Educação da UNESCO
Sr. Krishnan Gopi, Chief Disruption
Officer, GEMS Education
Sr. Samuel Isaiah, top 10 entre os
finalistas do Global Teacher Prize de 2020
Sra. Lindiwe Matlali, Fundadora e CEO da
Africa Teen Geeks
Sr. Carlo Mazzone, top 10 entre os
finalistas do Global Teacher Prize 2020
Sra. Heekyung Jo Min, Vice-Presidente
Executiva, CJ CheilJedang
H.E. Dr. Dipu Moni MP, Ministro da
Educação de Bangladesh
Sra. Yasmine Sherif, Diretora, Educação
Não Pode Esperar
Sr. Peter Tabichi, vencedor do Global
Teacher Prize 2019
Mdm Nguyen Thi Phuong Thao, Presidente
do Sovico Group
Sr. Sunny Varkey, Fundador da Fundação
Varkey
Sobre a Varkey Foundation
A Fundação Varkey acredita que todas as
crianças merecem ter um ambiente de ensino vibrante e estimulante, que desperte
e apoie todo o seu potencial. A fundação acredita que, para chegar a isso, nada
é mais importante do que a paixão e a qualidade dos professores. Eles fundaram
o Global Teacher Prize para destacar o incrível trabalho que os professores
fazem em todo o mundo. Para mais detalhes, visite varkeyfoundation.org
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