Com real digital, fronteiras no mercado financeiro se apagam e demanda por tecnologia aumenta, afirma Capco
Com maior dinamismo, é preciso usar outras tecnologias como IA, IOT e realidade aumentada para recriar experiência do cliente e agregar valor
São Paulo,
setembro de 2021 - Nos
últimos anos, o Banco Central do Brasil (BCB) colocou em marcha uma agenda
robusta e ousada de inovação e inclusão financeira que inclui a entrada de mais
empresas de pagamentos no mercado e que passa pelo Pix e Open Banking para
chegar ao próximo estágio: o real digital, que deve chegar ao mercado em dois a
três anos. "A moeda digital trará um impulso ainda maior de
competitividade para as empresas e um novo horizonte de oportunidades",
afirma o Head do Capco Digital Lab, Manoel Alexandre Bueno e Silva. A Capco é
uma consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor financeiro e
está engajada em vários processos de transformação digital no Brasil e outros
países, inclusive nas discussões sobre as moedas digitais de bancos centrais
(CBDCs).
Segundo o
executivo, essas iniciativas do BCB vão gerar mais eficiência e reduzir custos
e tempos de processos. Ao mesmo tempo, levarão ao uso, pelas instituições
financeiras e empresas, de tecnologias emergentes como Inteligência Artificial
(IA), Internet das Coisas (IoT) e Realidade Aumentada (RA). Com isso, vão
recriar a experiência do cliente e agregar outros tipos de valores, completa o
executivo.
"O Pix e
Open Banking têm foco em aumentar a competitividade e estamos vendo o que os
grandes bancos e startups estão fazendo com essa agenda, criando, por exemplo,
novos produtos. O varejo vai ser mais competitivo, terá menor custo, oferecerá
mais segurança e poderá oferecer mais opções para seus clientes, o que é bom
para todo o ecossistema. O real digital é mais um importante passo nesse
movimento", afirma o Head do Capco Digital Lab. Um dos motivos se deve à
redução do alto custo com impressão, transporte e segurança do papel moeda.
Além do fato de o BC ter como meta que a moeda digital leve à criação de novos
produtos e serviços.
Bueno e Silva
lembra que as CBDCs têm diferenças em relação as criptomoedas já existentes.
Uma diferença fundamental é que são emitidas pelo BCB em formato digital,
sendo, portanto, responsável por ela. "Trata-se de uma extensão da moeda
do país. Ao contrário das criptomoedas, que não têm controle centralizado, um
banco central dando regras. Inicialmente, o real digital não deverá substituir
o dinheiro físico. Mas quem vai ditar como vai ser em 10, 20 anos, são os
usuários", explica.
"É
importante ter em mente que o sistema financeiro brasileiro é um dos mais
avançados do mundo. Por exemplo, os EUA demoraram 10 anos a mais do que nós
para ter biometria nos caixas eletrônicos. Logo, temos uma chance enorme de que
o real digital seja rapidamente aceito pelos usuários e ainda contribua para a
inclusão financeira, assim como ocorreu com o Pix", diz.
O real
digital pode viabilizar, por exemplo, pagamentos offline, para permitir
transações em áreas sem acesso à internet, mas com uma camada enorme de
segurança. China e Índia estão entre os países buscando criar soluções offline.
"Isso poderia evoluir para uma mudança conceitual do uso do dinheiro,
fazendo pagamento sem se preocupar se há internet. Isso é um potencial enorme
de bancarização e digitalização. Para pequenos negócios que têm margens
pequenas e em crise com a pandemia, a internet é cara. Talvez seja a grande
resposta para a digitalização da população", completa.
Bueno e Silva
defende que os empreendedores vejam as mudanças como grandes oportunidades para
serem protagonistas e não vítimas. "É interessante ver que eles são os que
mais usam o Pix, que mais rápido perceberam como o serviço poderia ajudar nos
processos deles. Recomendo que os empreendedores acompanhem o que está acontecendo
e com foco nos clientes para verem como agregar valor nos produtos deles a
partir do que está acontecendo no mercado com Pix, Open Banking e o real
digital. E que vejam de que forma podem reduzir etapas desnecessárias, captar
negócios e integrar as novidades da melhor maneira possível nos negócios",
propõe o Head do Capco Digital Lab.
O executivo
prevê que o processo de uso do real digital será como o do Pix e do Open
Banking. "No início do Pix, houve uso tímido, não havia muitas soluções. E
caminhamos com cada vez mais produtos e usuários tendo maior confiança nesse
sistema. Open Banking é a mesma coisa, estamos entrando na fase dois, em que
clientes podem compartilhar seus dados com as instituições financeiras que
deverão aumentar a oferta de produtos e serviços mais adequados a eles, como
créditos a taxas menores. A implantação da moeda será a mesma coisa. Será o
começo de uma jornada que vai caminhar para oferecer segurança, vai entrar
gradativamente nas faixas da população e depois as soluções mais ousadas, como
pagamentos offline", conclui.
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