Para MSF, veto parcial à suspensão de patentes prejudica combate à pandemia
Organização lamenta decisão presidencial e defende que Congresso reestabeleça caráter original do projeto aprovado por ampla maioria
O veto parcial do Executivo ao projeto de lei que permite a
suspensão temporária de patentes é
uma decisão que pode ter consequências nocivas para a saúde pública no Brasil,
especialmente por abrir mão de uma estratégia importante para o combate à atual
pandemia de COVID-19.
O veto parcial ao chamado PL 12/2021,
que havia sido aprovado por ampla maioria no Congresso e apoiado por entidades
da sociedade civil e por especialistas, foi anunciado na noite de ontem pela
Secretaria Geral da Presidência, e a decisão foi publicada hoje no Diário
Oficial da União. Médicos
Sem Fronteiras (MSF) defende que o Congresso reestabeleça o quanto antes o
caráter original do projeto.
A organização lamenta profundamente o
fato de as modificações criarem um obstáculo para a defesa da saúde em meio à
maior crise sanitária do século.
Na prática, o país abre mão de utilizar neste momento crítico instrumentos que
poderiam prevenir crises de abastecimento e de preços em vacinas,
medicamentos e outras tecnologias médicas relacionadas à pandemia.
“O veto presidencial desmonta essa
iniciativa do Congresso brasileiro, que é hoje uma das mais promissoras no mundo
quando se trata de corrigir os desequilíbrios que as patentes estão causando na
distribuição equitativa de vacinas e medicamentos”, afirma Felipe de Carvalho,
Coordenador no Brasil da Campanha de Acesso de MSF. “É importante que o Congresso recupere
os trechos vetados, para que o Brasil tenha todos os dispositivos necessários
para tornar medicamentos e vacinas bens públicos, acessíveis para todos.”
A dinâmica da pandemia, e especialmente
o surgimento de novas variantes, requer estratégias sustentáveis para responder
a eventual necessidade de vacinação regular e a implementação das melhores
estratégias de testagem e tratamento. A
licença compulsória é peça fundamental para tornar possível o acesso universal
a estes instrumentos.
“Não faz sentido que as autoridades, de
modo antecipado, abram mão de um instrumento que poderia de maneira legítima
ampliar o acesso dos brasileiros à cura e prevenção da COVID-19 e de outras
doenças”, pondera Carvalho.
“No caso específico do
novo coronavírus, os impactos para o orçamento da saúde são crescentes e
incertos, por exemplo com a necessidade de aplicação de mais doses de vacinas”,
exemplifica.
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