Correções no 'antigo' Ensino Médio proporcionam um novo futuro na aprendizagem e carreira dos jovens
*Por Yan Navarro
Nos últimos meses, um assunto tem aparecido com bastante frequência para as famílias com filhos em idade escolar, sobretudo aqueles que estão finalizando o ciclo de ensino no Fundamental: o Novo Ensino Médio, consequência da reforma na Educação Básica expressa na Lei 13.415 de 2017, que promoveu alterações na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a fim de flexibilizar o currículo e tornar, aos olhos da corrente que defende as alterações, a escola mais atrativa. O Governo Federal tem divulgado na imprensa esse tema como uma benéfica inovação que trará maior autonomia para o estudante na escolha de seu percurso nesta etapa, prometendo também um salto na qualidade da educação.
Cabe, portanto, analisarmos os problemas
do “antigo” Ensino Médio que motivaram o desenvolvimento desse novo modelo. O
debate partiu do princípio de que o atual formato apresentava baixa qualidade e
altos índices de evasão escolar e reprovação, o que demonstrava a necessidade
de torná-lo mais atrativo para os estudantes. Infraestrutura inadequada das escolas,
necessidade dos jovens entrarem prematuramente no mercado de trabalho para
auxiliar a renda familiar, violência doméstica, gravidez na adolescência,
bullying e questões relacionadas ao currículo escolar são algumas das
adversidades enfrentadas pelos jovens hoje e que podem perdurar mesmo com a
reforma proposta caso ela não seja implementada adequadamente.
Dessa forma, fica-nos o questionamento
se apenas as mudanças curriculares poderão tornar o colégio de fato mais
atrativo aos alunos. Da maneira como está sendo estruturado esse novo modelo,
creio que sim. O aumento da carga horária de 2400 horas para 3000 horas já
mostra a intenção de aumentar a convivência dos estudantes com a comunidade
escolar, o que também gera uma responsabilidade extra da escola, que deve ter
um olhar maior de acolhimento para dar-lhes apoio e orientações. Cria-se, nessa
situação, a necessidade de desenvolver projetos que avaliam toda a trajetória
do estudante ao longo da vida escolar, a fim de auxiliá-los e ampará-los nesta
que é uma das primeiras decisões que precisa tomar.
O desenvolvimento dos projetos de vida
parece-nos fundamental, pois será o momento de convidá-los à reflexão sobre o
que se deseja e espera para o futuro. Para tanto, a instituição deverá criar
espaços e tempos de diálogo com os estudantes, tornando-os protagonistas de
suas escolhas, mostrando as possibilidades que podem se abrir, avaliando seus
interesses e orientando-os. O desenvolvimento do projeto de vida dos alunos
permitirá que eles sejam capazes de fazer escolhas responsáveis e conscientes,
em diálogo com seus anseios e aptidões, mas, para isso, a escola deve também
estar aberta a recebê-los, ouvi-los e guiá-los na escolha dos itinerários
formativos.
De acordo com a Lei que cria o Novo
Ensino Médio, os itinerários formativos são o conjunto de disciplinas,
projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que
os estudantes poderão escolher no ensino médio. Os itinerários formativos podem
se aprofundar nos conhecimentos de uma área do conhecimento (Matemáticas e suas
Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e da educação técnica e
profissional (ETP) ou mesmo nos conhecimentos de duas ou mais áreas e da ETP.
As escolhas dos itinerários serão realizadas pelas redes de ensino considerando
um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar, o que
mostra a disposição de se ouvir e entender os mais envolvidos no
processo.
Dessa forma, a escolha da escola deve
estar vinculada ao que o aluno anseia para seu futuro. Avalie os itinerários
oferecidos e qual o real valor que a escola dará ao desenvolvimento dos
projetos de vida. As famílias devem conversar com os gestores para entender os
processos desse novo modelo que foi formatado para abrir o diálogo com a
comunidade escolar e mantê-lo assim ao longo de toda a trajetória do estudante.
A reforma do Ensino Médio é uma oportunidade de melhorar essa etapa da educação
básica que não pode ser desperdiçada, pois já passou da hora de oferecer
oportunidades que podem de fato levar a transformações na vida profissional dos
nossos jovens e impactar positivamente a sociedade de uma forma geral.
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Diretor da rede de Escolas Luminova, Yan Navarro é doutor em Didáticas
específicas pela Universidade de Valência, na Espanha, e doutor em Geografia
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. |
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