Mídias Sociais: muito além de um chat
Por Marcelo Paciolo, gestor em supply chain e logistica da AGR Consultores
A interrupção das funcionalidades dos
principais aplicativos de mídias sociais e mensagens instantâneas – Facebook,
Instagram e WhatsApp – vem se tornando cada vez mais frequentes. Na mais
recente ocorrência, a indisponibilidade dos serviços durou aproximadamente seis
horas.
O blecaute de comunicação nos mostra uma
fragilidade gerada pela dependência que vai muito além da comunicação
corriqueira do dia a dia com pessoas do nosso convívio. Ele limita o direito de
ir e vir “virtual” uma vez que muitos acessos às plataformas – logins, por
exemplo, são vinculados à conta do Facebook. Outro viés refere-se às inúmeras
confirmações necessárias para dar continuidade ou finalizar uma operação online
que passa pelo recebimento e/ou validação de um código recebido pelo WhatsApp.
E os efeitos vão além: O impacto
financeiro dos serviços suspensos foi catastrófico. Inicialmente, pela
interrupção da comunicação, prejudicando o andamento de uma proposta comercial
ou o acompanhamento sobre algum projeto em um cliente. Mas, para esse caso,
ainda pode-se recorrer às soluções já existentes como o envio de mensagem por
SMS ou a utilização de concorrentes de serviços de mensagens como o Telegram.
Por outro lado, para negócios nativos,
instalados e locados diretamente nas plataformas, esse plano B não é tão
simples. Considerando o expressivo crescimento da comercialização de produtos
ou serviços nessas plataformas, algo em torno de 246% na comparação entre
junho/21 contra junho/20, estima-se que neste período de 6 horas de interrupção
65% das vendas tenham sido perdidas.
Este prejuízo financeiro alcançou desde
a pequena loja locada no WhatsApp ou Facebook até grandes varejistas que
utilizam esses canais para vendas. Esse é o aspecto com impacto direto no
faturamento das empresas. Há também os aspectos com impacto indireto, como por
exemplo o operacional, no qual muitas empresas utilizam o WhatsApp como solução
para rastreamento, monitoramento e aviso a clientes sobre uma entrega ou
serviço em andamento, ou seja, além de não estarem faturando, causaram vários
transtornos em relação à experiência do cliente.
Não podemos deixar de mencionar sobra as
perdas diretas nas ações do Facebook. Os acionistas amargaram uma queda de 5%
em apenas um dia, causada pela ocorrência da interrupção dos serviços aliada
também às denúncias do antigo Gerente de Produtos informar à imprensa que o
Facebook não prioriza a segurança do usuário, mas sim o lucro. Nos tempos
atuais, isso significa um sinal de alerta para os usuários das plataformas, que
a qualquer momento podem ter seus dados vazados. Para o cofundador do Facebook,
Mark Zuckerberg, a perda direta foi em torno dos 6 bilhões de dólares.
Em síntese, durante apenas seis horas,
apenas um quarto do ciclo de um dia, tivemos um prejuízo incalculável em
âmbitos operacionais, reputacionais e financeiros em níveis estratosféricos no
Brasil e no mundo. Isso nos mostra que a utilização dessas ferramentas é vital
para a potencialização, ou até mesmo sobrevivência em alguns casos, de qualquer
negócio.
Em contrapartida, esse cenário nos mostra a dependência que temos dessas plataformas, que operam basicamente como exclusivas. Como qualquer dependência, fica cada vez mais exposta a oportunidade de diversificação e adição de canais de comunicação e disposição de serviços e produtos para vendas. O ditado “quem tem um não tem nenhum”, mesmo em uma situação atípica como essa, nunca foi tão válido. Afinal de contas, se uma parada de 6 horas já teve esse impacto, imaginem uma parada de 30 dias por exemplo? E fica a reflexão sobre os mapeamentos de processos e necessidades tecnológicas para seguirmos no “caminho feliz” e nas contingências, afinal de contas Transformação Digital também preconiza a usabilidade e precisa potencializar vendas e resultados.
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