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As relações trabalhistas pós-pandemia


Roberto Karam Jr*

Com toda essa situação no mundo, empresas e colaboradores tiveram que encontrar meios para encarar a crise e uma das saídas foi apostar no empreendedorismo, de um modo que esse pensamento empreendedor conseguisse auxiliar nos negócios. Para os empresários de longa data, a tecnologia que também faz parte do empreender tem sido a melhor aliada, em conjunto das estratégias que valorizam o fator humano. Já para os colaboradores, entender o ambiente de trabalho como algo mutável é a saída mais adequada, especialmente para aqueles que esperam melhorar seu desempenho.

 

Segundo o Portal do Empreendedor, do governo federal, nos nove primeiros meses de 2021, o número de microempreendedores individuais, também conhecidos como MEIs, no país cresceu 14,8%, em comparação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 10,9 milhões de registros. Tais números revelam o impacto que a pandemia teve no mercado, fazendo com que o brasileiro buscasse novos modelos de gerar renda e sustentar sua família. Com certeza, esses novos empreendedores, independentemente da dimensão de seus negócios, farão diferente do que fez em seu último emprego e vão se empenhar ainda mais. Vão sair da zona de conforto.

 

Sem dúvida, daqui para frente, as relações trabalhistas serão transformadas, alguns mercados serão extintos e tantos outros vão surgir ou vão ganhar força. A mesma perspectiva ocorre para o comportamento dos colaboradores e suas atividades. Como diretor da KRJ - indústria de conectores, há mais de 15 anos, consegui acompanhar a defasagem da mão de obra e do comportamento distorcido, que por vezes atrapalharam o fluxo de produção e, consequentemente, o produto final.

 

No futebol, é comum que os técnicos peçam aos jogadores que usem na partida o método da “bola redonda”, que é basicamente um conceito de que todos façam sua parte, exatamente como deve ser, levando em consideração suas posições e áreas em que atuam. Dessa forma, com todos levando o jogo como deve ser feito, o resultado é excelente, pois cada um faz sua parte e não prejudica o colega que receberá a bola em seus pés.

 

Esse esquema é uma perfeita analogia aos meios de produção porque, se todos colaborarem com exatamente o que precisa ser feito em seus cargos, o trabalho final será eficaz e não apenas eficiente. Eficiência é o que todos os funcionários necessitam ter para alcançar o resultado esquematizado ou até mesmo melhor.

 

O pensamento empreendedor contempla perfeitamente o conceito de “bola redonda”, como descrevi, pois, é imprescindível exercer as funções com eficiência para atingir um resultado eficaz. Se o empreendedor estiver, por enquanto, traçando um caminho solo, é necessário que esse esquema seja ainda mais bem feito. Por isso, a tendência pós-pandemia é que o mercado de trabalho empregue pessoas empreendedoras, que agreguem ao seu ambiente de trabalho ideias inovadoras, comportamento fora da caixa e uma mão de obra qualificada.

 

No terceiro trimestre deste ano, o Brasil obteve a taxa recorde de 14,6% em desemprego, com 14,1 milhões de perdas de postos de trabalho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, são muitas pessoas à procura de recolocação no mercado, tentando se reerguer de alguma forma. Portanto, seja como colaboradores em empresas ou criando seu próprio negócio, a realidade é que o brasileiro precisa encontrar novos métodos de gerar renda e sobreviver à crise instaurada pela pandemia do novo coronavírus.

 

Acredito que o empreendedorismo e a responsabilidade no desempenho das funções do trabalho são as atuais tendências e vão se estender para a fase de pós-covid, que tanto ansiamos. Vale ressaltar que a capacitação é outra maneira concreta de se reestabelecer como profissional, especialmente em um mercado tão concorrido. Então, é importante ficar em alerta referente às atuais modalidades de emprego, educação e negócios.

 

**Roberto Karam Jr. é engenheiro elétrico e diretor presidente da KRJ

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