Lideranças humanizadas conduzem equipes psicologicamente seguras e mais produtivas
Ligia Costa
Divulgação
O antigo modelo de liderança, alicerçado
na competição e na sobrevivência, produziu gestões pautadas por conflitos e
pelo exercício brutal de poder. Embora ainda sustente velhos padrões de gestão
mundo afora, esta “escola” de líderes está fadada à obsolescência. Na contramão
desta cultura empresarial, o momento, justamente, é de abrir os olhos para a
liderança compassiva, focada na empatia, na consciência e no respeito.
O modo humanizado de conduzir equipes
responde hoje em dia por times psicologicamente mais seguros, mais sustentáveis
e capazes de trazer resultados significativos para a corporação.
Ser um líder gentil e compassivo não é
tarefa fácil. Mas esta é a única escolha possível a quem pretende construir uma
carreira, apresentando bons resultados e gerando, coletivamente, lucros na
empresa em que atua.
Por muitos anos, acreditou-se que quanto
maior a produtividade do gestor, em detrimento do equilíbrio entre a vida
profissional e pessoal, maior o reconhecimento por parte da empresa. Mas o que
se vê, diante deste comportamento, é um líder exausto, sem condições de levar
uma equipe a prosperar.
Ser multitarefa, lançando-se a muitas
frentes ao mesmo tempo, está longe de ser sinônimo de produtividade. Doutor em
Psicologia e professor-adjunto da Universidade de São Francisco, Jim Taylor
constatou em vários estudos que podemos chegar a 40% de ineficiência ao tentar
fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Isso porque o cérebro humano precisa se
acostumar com uma atividade para depois se lançar a outra, sem perder a
eficácia.
Nas corporações, entre os multitarefas,
o que vemos são pessoas mentalmente cansadas, perturbadas e cumprindo seus
afazeres sem o foco necessário. No dia a dia, abrir várias telas do computador,
por exemplo, verificar notificações o tempo todo no celular em nada colaboram
para o bom desempenho das atividades.
No livro Felicidade Autêntica, Martin Seligman,
psicólogo, pesquisador e escritor, propõe uma reflexão importante. Segundo ele,
que também é professor da Universidade da Pensilvânia, a felicidade se sustenta
na conexão de cada pessoa com sua própria alma, e não em outras fontes, como
sucesso financeiro e projeção social.
Diante de tudo que abordamos até aqui,
um ponto de mudança evidente no novo líder está em ajudar seus colaboradores a
reconhecer seus valores e, assim, terem orgulho de si mesmos, independentemente
do cargo que ocupem. Esta é uma sinalização clara de como são importantes,
respeitados, compreendidos e livres para fazerem o seu melhor.
É desta forma, num contexto de segurança
psicológica, que uma equipe vai trabalhar com empenho e eficiência. Quando um
líder volta o seu foco para a compaixão, a empatia e a felicidade há de
conquistar, como consequência, os melhores talentos, os resultados mais
satisfatórios e fará tudo fluir melhor.
Em linhas gerais, enumeramos algumas
dicas práticas capazes de promover a segurança psicológica de um time:
- Saiba ouvir. Reserve um tempo de sua
jornada para isso.
- Estimule a reflexão e mostre, sempre
que possível, o sentido que há no trabalho realizado.
- Seja empático, sempre.
- Não julgue ninguém previamente.
Converse, ouça, entenda os contextos.
- Abra espaço para a inovação, para o
fazer diferente, para a criatividade. Mesmo que isso envolva riscos.
Em quaisquer circunstâncias, o gestor
precisa estar certo de que liderar com respeito, compassividade e equilíbrio é
uma forma de transformar situações de tensão e conflitos em entendimento,
segurança e produtividade.
Ligia Costa
É escritora, palestrante e pesquisadora.
Fundadora do Thank God it’s Today,
agência dedicada a desenvolvimento humano e promoção de Inteligência Emocional
e Mindfulness para equidade de gênero, diversidade e inclusão, é precursora no
Brasil do Movimento Liderar com Amor Gera Lucros.
Graduada em Marketing pela Universidade
Mackenzie, com pós-graduação em Gestão Organizacional e Relações Públicas pela
ECA-USP. Também é certificada em Mindfulness pelo Centro de Felicidade do
Butão.
Professora na Escola de Economia de São
Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ESSP), tem no currículo certificação em
Neurociências, Inteligência Emocional e Mindfulness pelo instituto SIYLI,
criado no Google, na Califórnia, e reconhecido em mais de 50 países com
programas e eventos direcionados a dezenas de milhares de profissionais.
Com atuações destacadas na LucasArts, de
George Lucas, no Vale do Silício, Estados Unidos, trabalhou durante 18 anos
como executiva em multinacionais. Teve passagens por grandes empresas, como
Ogilvy Mather, Neogama BBH e Brasil Telecom. Dirigiu o marketing do Yahoo para
a América Latina, liderando equipes em oito países.
Em 2012, Ligia Costa foi eleita executiva em tecnologia destaque pelo jornal Valor Econômico.
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