Startup médica liderada por mulher busca maior valorização feminina no mercado de trabalho
Mitfokus, empresa de TI que comemora cinco anos,
mantém ações de conscientização e dá preferência na contratação.
É fato: o mundo dos
negócios ainda é masculino e a área de tecnologia da informação (TI)
predominantemente povoada por homens. Mas, aos poucos e superando desafios, já
é possível vislumbrar cada vez mais mulheres ocupando posições na área e,
também, cargos importantes dentro do segmento. Em 2020, a pesquisa Panorama
Mulher, desenvolvida pelo Insper, em parceria com o Talenses Group, trouxe
dados que confirmam o cenário. O estudo mostrou que 13% das empresas
brasileiras têm mulheres como CEO e, na área de TI, 4% das vice-presidentes são
mulheres. No entanto, há espaço para muito mais e elas já estão encontrando o
caminho. Informações do Banco Nacional de Empregos, por exemplo, mostram que
entre janeiro e maio deste ano houve um salto no registro de candidaturas para
vagas nas áreas de TI, em comparação com igual período do ano passado: foram
12.716 inscrições contra 10.375.
É claro que, embora
exista uma lacuna entre o ideal e o que já se tem, o mercado está cheio de bons
exemplos. É o caso da Mitfokus, empresa que em setembro completou cinco anos de
fundação. Aliás, fundação assinada por uma mulher: a paulista Júlia Lázaro, de
40 anos e mãe de dois filhos, é quem, ao lado de um homem, seu sócio, comanda a
empresa de TI que presta consultoria financeira e tributária especializada na
área médica. São 30 funcionários, mulheres e homens, que sob a batuta de Júlia,
trabalham com a entrega de bons resultados e, na empresa, compartilham do
respeito e admiração uns pelos outros.
Júlia Lázaro,
da Mitfokus Soluções Financeiras: busca por maior flexibilidade
de horários para conciliar trabalho com a maternidade fizeram a administradora
fundar empresa de tecnologia contábil para área médica. A startup mantém
programas de conscientização e dá preferência à contratação de mulheres.
“Estou com um bebê de
oito meses e desde que entrei na Mitfokus, há três anos, deixei clara minha
intenção de ter meu segundo filho. Isso foi visto com bons olhos pelos
gestores. A minha experiência com a maternidade foi extremamente diferente do
primeiro filho; na empresa anterior, sofri um enorme preconceito por parte da
diretoria. Hoje, tenho líderes realmente humanos”, conta a consultora
comercial, Ariane Soldate Matias, 37. Não só diante da maternidade veio o
apoio, garante a profissional. A pandemia, que fez as mulheres acumularem
afazeres, também foi compreendida pela Mitfokus. “As mulheres foram as mais
afetadas com as mil e uma tarefas que tiveram que absorver ao mesmo tempo e
conciliar tudo isso. Os gestores realmente entenderam este momento conturbado e
que o fato de sermos mães não afeta o profissionalismo e o retorno comercial,
aliás, nossa dedicação é ainda maior, porque tudo é em prol de um bem maior:
nossos filhos”.
Veronica Zenerato
Ribeiro, 32, ocupa o cargo de analista de marketing há seis meses na empresa e
compartilha das vivências da colega. Antes, porém, já viveu experiências
frustrantes. “Como jornalista, entre 2012 e 2016, fui barrada em vários locais
e rodas de conversas por ser mulher. Rádio, ambientes políticos e entre os
próprios jornalistas homens, existia muito machismo. Ouvia sempre quais pautas
uma mulher podia cobrir e quais não. Em ambientes competitivos, como comércio e
vendas, também foi muito difícil. Tive que, com muito cuidado, conquistar o
respeito dos colegas, enquanto os homens naturalmente eram acolhidos no grupo”,
conta.
Cuidar para tornar o
ambiente agradável para mulheres e dar espaço para que elas galguem postos de
destaque são grandes contribuições da Mitfokus. Júlia, baseada em suas próprias
narrativas, é da máxima que lugar de mulher é sim onde ela quiser. “Cresci em
um ambiente saudável, onde homens e mulheres eram iguais; não havia competição.
Na minha casa, a minha mãe já chegou a ganhar mais do que meu pai e não tinha
nada de errado nisso. Fui criada em uma casa igualitária”, sorri a empresária,
que moldou a empresa enquanto embalava os filhos, cuidava da casa ou estava ao
lado do marido, o doutor Dirceu, seu companheiro de jornada.
Júlia, múltipla como
tantas mulheres pelo país afora, abriu as portas de sua empresa para outras
mulheres que também buscam seu lugar ao sol. “Nunca tive uma causa ou uma
bandeira, mas, para as mulheres, tenho uma observação. Costumo dizer que não
sou feminista, sou realista e precisamos nos unir para sugerir transformações
de estrutura para as mulheres. Penso muito numa palavra atualmente: sororidade.
Percebo que a união entre as mulheres é necessária e essencial. Não sou contra
os homens, nada disso, mas defendo a união das mulheres. Eu gostaria de ver
mais mulheres fazendo questão de contratar mulheres. De ter mais mulheres na
política e altos cargos, em tecnologia. Mulheres brilhantes, mulheres
ordinárias, mulheres extraordinárias!”, afirma.
A Mitfokus presta
serviços de consultoria, gestão e disponibiliza soluções tecnológicas nas áreas
tributária, contábil e financeira a fim de auxiliar empresas e profissionais da
saúde. Conta com unidades em Campinas e São Paulo e atende clientes em todas as
regiões do Brasil. Atualmente, são mais de 1.200 médicos clientes, de 40
especialidades. No dia 1º de setembro, a empresa completou cinco anos de
fundação. Júlia abriu a empresa após 12 anos de experiência em multinacionais e
fora do Brasil. Trouxe o know-how germânico para dentro da cultura
organizacional da Mitfokus.
“Minha vivência na
Alemanha foi tão importante que a empresa carrega um nome germânico, que
significa ‘com foco’. A ideia da Mitfokus é seguir esse modelo, entregando
produtos e serviços com excelência; isso está no DNA, é a nossa raiz. Nossa
ideia foi a de reunir profissionais formados nas melhores universidades e com
experiência corporativa em grandes multinacionais, desenvolvendo uma equipe
capaz de guiar profissionais e empresas da área de saúde a encontrarem as
melhores soluções tecnológicas para as questões tributárias, contábeis e financeiras”.
O modelo vem dando certo, com esforço, planejamento, trabalho, otimismo e, claro, com altas doses de inclusão e igualdade.
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