As mutações do SARS-CoV-2 vem e vão, e por isso, a recomendação médica permanece do mesmo modo: vacinem-se
Divulgação
ROCHESTER, Minnesota – os especialistas
da Mayo Clinic afirmam que, independentemente da variante, a prevenção da
infecção funciona. As vacinas reduzem e previnem a hospitalização e morte de
acordo com o conhecimento atual. Se uma pessoa puder receber a vacina ou se
estiver em condições de receber a dose de reforço, deverá fazer isso o mais rápido
possível.
E as variantes? Por que e como aparecem?
Veja o que os especialistas da Mayo Clinic estão dizendo:
Há dois anos, em 12 de dezembro, um
grupo de pessoas foi infectado e ficou doente por causa de um vírus que nunca
havia infectado seres humanos. O SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19,
espalhou-se ao redor do mundo, provocando mais de 267 milhões de casos de
infecção nesses dois anos de pandemia, incluindo 49
milhões de casos nos Estados Unidos. O genoma viral muda ou sofre mutações
dentro de cada hospedeiro conforme o vírus se espalha. Essa alteração genética,
denominada mutagenicidade, pode afetar a facilidade de disseminação do vírus, a
gravidade da COVID-19 depois de infectado ou o nível de imunidade de uma vacina
ou infecção anterior. As alterações mais preocupantes são monitoradas conforme
se tornam mais proeminentes em diferentes regiões geográficas do mundo.
Pesquisadores e médicos observam essas variantes (como a delta ou ômicron) para
que possam descobrir como as mutações nessas variantes afetam os testes ou o
atendimento ao paciente.
Um vírus se reproduz ao copiar o seu
código genético e ao formar novas partículas de vírus para infectar o maior
número possível de células hospedeiras. No caso do SARS-CoV-2, o vírus armazena
o seu código genético como RNA. Ele prioriza a velocidade da cópia em
detrimento da precisão e mutações podem aparecer em cada rodada de replicação.
A partir da infecção e ao longo dos primeiros dias, as partículas do SARS-CoV-2
podem duplicar de número a cada
seis horas.
Conforme a replicação do RNA acontece,
os erros acontecem. Esses erros são chamados mutações. Se as mutações mudarem o
vírus de modo a contribuir com a propagação ou com a infecção das células, elas
podem levar a uma nova cepa de vírus, chamada de variante. As mutações no
genoma viral, especialmente as instruções para as proteínas de pico que
contribuem com as células infectadas pelo SARS-CoV-2, podem resultar em uma
partícula viral com capacidade superior de evitar o sistema imunológico, com
maior resistência a tratamentos medicamentosos anteriores ou que possam
infectar as células de forma mais eficiente. Mas outros erros de cópia podem
prejudicar a reprodução do vírus ou não ter efeito nenhum.
Eventualmente, a menos que precauções
sejam adotadas, uma variedade de partículas virais se espalha para o próximo
hospedeiro, onde o vírus começa a tentar novamente.
“A pessoa fica infectada por uma
população de vírus,” afirma Richard
Kennedy, Ph.D., imunologista e codiretor do Grupo de Pesquisa de Vacinas da
Mayo Clinic. “Cada vírus individual pode ser diferente dos outros porque as
mutações acontecem em locais aleatórios.”
Com milhões de infecções pelo
SARS-CoV-2, os cientistas, provavelmente, observarão a maioria das opções de
mutações, escreveu
Andrew
Badley, M.D., especialista em doenças infecciosas da Mayo Clinic, em uma
publicação recente. Ele é presidente da Força Tarefa de Pesquisas sobre o
SARS-CoV-2 e COVID-19 da Mayo Clinic, que supervisiona as atividades de
pesquisa relacionadas à COVID-19 da Mayo Clinic. No comentário, o Dr. Badley
salienta que é essencial rastrear e coletar informações sobre essas mutações,
além de avaliar os impactos sobre a efetividade de propagação do vírus, a
gravidade da doença nas pessoas e se as novas variantes resistem aos atuais
tratamentos e terapias experimentais para a COVID-19.
Nem todas as mutações preocupam os
cientistas; não se esqueça de que algumas aparecem e depois desaparecem se não
contribuírem com a disseminação do vírus. Mas algumas contribuem com a
disseminação direta e indireta. Como parte da resposta imunológica, o corpo
produz uma variedade de anticorpos, todos ligados a um pequeno pedaço de
proteína viral. Se houver a mutação do vírus, a proteína produzida a partir
dessas instruções pode mudar o suficiente para que o anticorpo não possa se
ligar a ela ou se ligue com menos força. E isso, escreve o Dr. Badley, poderia
reduzir ou anular os efeitos benéficos das terapias que dependem em grande
medida dos anticorpos: terapias
com anticorpos monoclonais e, até certo ponto, a vacinação.
Igualmente importantes são as mutações
nos locais utilizados em testes de diagnóstico molecular, escreve Joseph
Yao, M.D., microbiologista e especialista em testes diagnósticos da Mayo
Clinic. Estas mudanças poderiam diminuir a exatidão ou precisão dos testes, o
que dificultaria ainda mais a detecção das infecções. E isso provocará
indiretamente a disseminação do SARS-CoV-2.
Os efeitos conhecidos das variantes são
um aumento potencial da transmissibilidade do vírus, até mesmo ao ponto de
reinfecção das pessoas vacinadas ou que se recuperaram de uma infecção anterior
pelo SARS-CoV-2. As novas variantes podem aumentar a hospitalização e mortes ou
a infecção de pessoas jovens ou idosas se comparadas às variantes anteriores.
Elas também podem exigir testes
adicionais, escreve o Dr. Yao, inclusive o sequenciamento do genoma viral com
maior frequência para manter a vigilância sobre as variantes e garantir que os
testes diagnósticos atuais permaneçam precisos.
Em todo caso, os especialistas da Mayo
concordam: mais
vale prevenir do que remediar.
“A utilização de máscara, o
distanciamento social e a higienização das mãos diminuem as chances de
exposição, seja qual for a variante”, afirma o Dr. Kennedy. “Se seguirmos todas
as recomendações para a utilização de máscara, o distanciamento social e a
higienização das mãos, além de tomarmos a vacina contra a COVID-19, teremos
muito mais camadas de proteção para nos mantermos a salvo.”
Sobre a Mayo Clinic
A Mayo Clinic é uma organização sem fins lucrativos comprometida com a inovação na prática clínica, educação e pesquisa, fornecendo compaixão, conhecimento e respostas para todos que precisam de cura. Visite a Rede de Notícias da Mayo Clinic para obter mais informações sobre a Mayo Clinic.
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