Pesquisadores medem o carbono de manguezais na Amazônia
O objetivo é avançar no conhecimento sobre o
potencial do ecossistema na mitigação da mudança climática global
PRojeto Mangues da Amazônia Reflorestamento KM
11 e 17 PA458
SAn MArcelo
Conservar a maior faixa contínua de
manguezais do planeta é estratégico à proteção da biodiversidade, dos modos de
vida e das atividades que sustentam a economia local, como a pesca. Atualmente,
pesquisadores trabalham em campo, na área de reservas extrativistas paraenses,
para somar mais um importante papel a esse capital natural: o potencial na
mitigação da mudança climática global, com a possibilidade de geração de renda
e avanços na qualidade de vida por meio do mercado de carbono, na expectativa
de maior valorização da floresta em pé.
Diante da urgência climática e dos
indicativos da recente COP26, a conferência da ONU sobre mudança do clima, em
Glasgow, é crescente a demanda por projetos de conservação e recuperação de
florestas, incluído as de mangue, que na costa amazônica são mais extensas e
exuberantes em comparação às demais regiões do País. “O desafio é estabelecer,
com dados confiáveis, o quanto elas estocam e emitem de carbono por meio das
árvores e do solo, considerando-se as características e a dinâmica local desse
ecossistema na Amazônia”, ressalta Marcus Fernandes, coordenador do Laboratório
de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA).
No projeto Mangues da Amazônia,
patrocinado pela Petrobras e realizado pelo Instituto Peabiru e Associação
Sarambuí, os pesquisadores do laboratório iniciaram expedições nos municípios
de Bragança, Augusto Corrêa e Tracuateua (PA) com objetivo de dimensionar a
estrutura das florestas de mangue e a biomassa nelas estocada. Além de
delimitar parcelas e medir as árvores, o trabalho aplica equações alométricas
já desenvolvidas localmente para extrapolar a quantidade de biomassa e carbono.
“É um importante avanço, pois nos manguezais da região ainda há lacunas de conhecimento
sobre as espécies e sua distribuição”, observa Paulo César Virgulino Júnior,
doutorando em biologia ambiental (PPBA/IECOS/UIFPA), integrante da equipe.
Ao mesmo tempo, outra linha de pesquisa
do LAMA mede as emissões de gases de efeito estufa dos manguezais. Sob
influência dos sedimentos levados pelo rio Amazonas até a foz, no Oceano
Atlântico, os manguezais da região acumulam grande quantidade de matéria
orgânica abaixo e acima do solo, funcionando como uma “bomba de carbono”, de
acordo com pesquisas científicas já realizadas.
Segundo o biólogo, os dados coletados
sobre a estrutura da floresta e a contribuição da floresta para os estoques de
carbono contribuirão para orientar não só as ações de reflorestamento das áreas
degradadas, mas as estimativas de ganho e perda de biomassa/carbono de
manguezais na Amazônia. A ideia é que a recuperação ora realizada pelo projeto
represente com maior fidedignidade possível ao ambiente antes da degradação, o
que também, no futuro, poderá resultar em créditos de carbono como receita para
as populações locais.
Entre as atividades do projeto Mangues
da Amazônia está a recuperação de 12 hectares em dois anos, distribuídos em
áreas já impactadas em três reservas extrativistas dos municípios de Augusto
Corrêa, Bragança e Tracuateua (PA), mobilizando direta e indiretamente cerca de
7,6 mil pessoas. Além de atividades socioambientais de educação, empoderamento
social e organização comunitária, a iniciativa desenvolve estudos para suporte
a práticas sustentáveis de manejo do caranguejo-uçá, madeira e outros recursos
naturais que se somam ao valor dos manguezais amazônicos pelo serviço climático
prestado ao planeta.
Sobre o Projeto Mangues da Amazônia
O Mangues da Amazônia é um projeto
socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas
Extrativistas Marinhas do estado do Pará. É realizado pelo Instituto Peabiru e
pela Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal
(LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e conta com patrocínio da
Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. Com início em 2021 e
duração de dois anos, o projeto atua na recuperação de espécies-chave dos
manguezais através da elaboração de estratégias de manejo da madeira e do
caranguejo-uçá com a participação das comunidades.
Sobre a Associação Sarambuí
A Associação Sarambuí é uma Organização
da Sociedade Civil (OSC) com sede em Bragança – Pará, constituída em 2015, cuja
missão é promover a geração de conhecimento de maneira participativa, em prol
da conservação e sustentabilidade dos recursos estuarino-costeiros. Nossas
ações são direcionadas ao ecossistema manguezal, ao longo da costa amazônica
brasileira, em particular no litoral do Estado do Pará. É uma das organizações
realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.
Sobre o Instituto Peabiru
O Instituto Peabiru é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) brasileira, fundada em 1998, que tem por missão facilitar processos de fortalecimento da organização social e da valorização da sociobiodiversidade. Com sede em Belém, atua nacionalmente, especialmente no bioma Amazônia, com ênfase no Marajó, Nordeste Paraense e na Região Metropolitana de Belém (PA). É uma das organizações realizadoras do projeto Mangues da Amazônia.
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