Quadrilhas especializadas roubam celulares e movimentam até criptomoedas em São Paulo
São mais
de 100 casos por dia em apenas uma delegacia em São Paulo e saem as primeiras
condenações da Justiça, obrigando os bancos a ressarcir os clientes
prejudicados
Quadrilhas
de roubo de celular na capital paulista estão ficando cada vez mais
especializadas e conseguem sacar recursos até em bancos estrangeiros através
dos celulares. Um cliente teve US$ 35 mil em criptomoedas roubados de uma conta
de um banco chinês. Na delegacia onde o cliente registrou a ocorrência,
já são mais de 100 registros por dia, sempre com a mesma forma, vidro do carro
estourado e celular roubado com a tela desbloqueada, em uso com aplicativos
como Waze, por exemplo. A saída tem sido recorrer à Justiça para pedir o
ressarcimento das perdas.
A boa
notícia é que, nos últimos dias, dois casos levados à Justiça foram decididos
em favor dos clientes, condenando o banco a indenizar, inclusive por danos
morais.
O número
de casos levados à Justiça só aumenta porque os problemas não estão sendo
resolvidos em âmbito administrativo (SAC, Ouvidoria, PROCONS, BACEN, etc.). Os
bancos alegam que nas situações em que há o furto do celular e, por via de
consequência, reenvio de senha é hipótese de “culpa exclusiva do
consumidor”.
Para o
advogado Vinícius Simony Zwarg, especialista em relações de consumo, a
interpretação mais adequada da lei não segue nessa direção. “Existem muitos
consumidores lesados pelo problema, tanto é que o Banco Central alterou a regra
de funcionamento. À época da alteração, o PROCON pediu para que as transações
fossem limitadas à 500,00, o que não foi aceito pelo Banco Central”, disse o
advogado.
Duas
decisões recentes do Tribunal de Justiça de São Paulo, em 11 de agosto e 22 de
setembro, foram favoráveis aos autores do processo. Ambos foram vítimas de
roubo de celular e tiveram transferências via PIX realizadas pelos assaltantes.
A Justiça condenou os bancos a indenizarem os clientes pela falha na prestação
do serviço.
Conforme
dispõe a Súmula nº 479 do C. STJ, “as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.
Vinícius Simony Zwarg é advogado é sócio do Emerenciano, Baggio & Associados Advogados e desde 2006 atua na área de Direito das Relações de Consumo. Com grande acervo de processos conduzidos, conhecimento e de prática efetiva em litígios complexos e casos de diferentes naturezas, representando clientes de diversos segmentos, nacionais e internacionais. Anteriormente, foi professor da PUC/SP, Membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Fecomércio, Membro do Conselho Consultivo da ANVISA e Chefe de Gabinete da Fundação PROCON/SP. É Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Difusos e Coletivos (PUC/SP).
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