Janeiro Roxo: Instituto alerta sobre a importância do diagnóstico e tratamento da hanseníase no Brasil
Mais de 30 mil novos casos de hanseníase são diagnosticados
todos os anos no Brasil, segundo dados da OMS
Janeiro é o mês em que a comunidade
dedicada ao combate à hanseníase reúne esforços para conscientizar sobre a
gravidade da doença e a importância do diagnóstico precoce e do tratamento
adequado. E como forma de lembrar que a doença ainda existe e tem cura, a
Aliança contra Hanseníase (AAL, na sigla em inglês – Alliance Against Leprosy)
distribuiu, para diversas partes do Brasil, mais de 1 mil fitinhas do Bonfim,
em diversas cores. Desde a sua fundação, o instituto já impactou centenas de
pessoas com projetos de capacitação médica para a hanseníase.
A campanha faz parte do Janeiro Roxo,
que é uma mobilização nacional na qual são realizadas ao longo do mês diversas
ações médico-social em diversas partes do Brasil, como forma de chamar a
atenção da população para os sinais e sintomas da hanseníase e alertar para a
importância do diagnóstico precoce da doença, evitando sequelas graves. O
Janeiro Roxo foi criado em 2016 e tem o último domingo do mês como data
símbolo, que é o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase.
As ações realizadas na campanha Janeiro
Roxo também têm o objetivo de reforçar o combate ao preconceito contra a
enfermidade e o isolamento dos doentes. A hanseníase tem cura e o tratamento é
100% gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Live aborda o papel da educação no
combate à hanseníase em Mato Grosso
No dia 25 de janeiro, a Aliança contra
Hanseníase, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria
Estadual de Educação do Mato Grosso e representantes das escolas privadas do
estado, vão realizar uma live sobre educação e saúde na prevenção e tratamento
da hanseníase. “A informação é a nossa maior aliada para combater o preconceito
e também favorecer o diagnóstico precoce. Atingir a população infanto-juvenil é
a nossa estratégia em 2022”, comenta Dra. Laila de Laguiche, médica
dermatologista e fundadora do Instituto Aliança contra
Hanseníase.
Mato Grosso é considerado o estado mais
hiperendêmico do Brasil e no qual o Instituto está desenvolvendo parcerias para
facilitar o diagnóstico e o tratamento da doença junto à população. A live será
transmitida pela plataforma Telessaúde, de Mato Grosso.
Mais de 30 mil novos casos todos os anos
De acordo com o Ministério da Saúde, o
Brasil é o segundo país com maior número de casos de hanseníase no mundo, atrás
apenas da Índia. Conforme o documento Estratégia Global para Hanseníase 2016 –
2020, da Organização Mundial de Saúde (OMS), os países Índia, Brasil e Indonésia
notificaram, por ano, mais de 200 mil novos pacientes acometidos pela doença.
No Paraná, por exemplo, em 2021 foram registrados 222 casos da doença, sendo
que mais de 80% foram as formas mais graves, segundo dados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e da Secretaria de Estado da Saúde
do Paraná (SESA/PR).
A hanseníase é uma enfermidade que está
na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) e existe um grande risco de
endemia oculta da doença no país. Por isso, informar e conscientizar a
população é de extrema importância no combate à doença. “Embora em 2020 tivemos
uma queda de quase 40% dos diagnósticos de novos casos, esses dados na verdade
refletem a pandemia de COVID-19, onde a acessibilidade e a adesão a tratamentos
continuados ou prolongados foi duramente afetada em múltiplas doenças, como
hipertensão arterial, diabetes, câncer de colo do útero e também a
hanseníase", completa Dra. Laila.
Tratamento tardio pode deixar sequelas
graves
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa
causada pela bactéria Mycobacterium
leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez
anos para dar os primeiros sinais. A patologia afeta principalmente os nervos
periféricos e está associada a lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou
avermelhadas, caroços ou placas pelo corpo, ressecamento e perda de
sensibilidade e força para segurar objetos.
O diagnóstico de hanseníase pode ser
facilmente confundido com outras doenças (artrite, artrose, trombose,
fibromialgia, por exemplo) e quando tardio pode deixar graves sequelas,
especialmente a incapacidade física com deformidades em mãos e pés, podendo
levar também à cegueira. A transmissão é através de gotículas de saliva
eliminadas na fala, tosse ou espirro de pessoas não tratadas e em fases mais
adiantadas da doença, porém logo no início do tratamento, a transmissão é
interrompida.
“O diagnóstico tardio aumenta
consideravelmente as chances dos doentes virem a desenvolver sequelas físicas,
na maioria das vezes irreversiveis.”, explica a fundadora do Instituto.
Instituto doou materiais e equipamentos
de tecnologia assistiva para pacientes com hanseníase
Em setembro de 2021, a Aliança contra
Hanseníase lançou a ação TECHansen, um projeto com o objetivo de doar materiais
e equipamentos de tecnologia assistiva para pacientes que apresentam
deficiências físicas ocasionadas pela hanseníase nos olhos, nariz, mãos e pés.
A ação iniciou de forma piloto nos estados de São Paulo e Paraná, e depois
expandiu para 10 outros estados do país. O TECHansen já doou mais de 900 itens
e impactou mais de 100 pacientes com hanseníase, promovendo qualidade de vida
para estas pessoas.
A ação continua e para solicitar os
materiais e dispositivos disponibilizados pela AAL, é necessário que o
profissional de saúde (terapeuta ocupacional, enfermeiro, fisioterapeuta, e/ou
médico) e que, preferencialmente, esteja alocado em algum serviço público de
referência e/ou de reabilitação, com demanda de atendimentos aos pacientes de
hanseníase, preencha o formulário com informações básicas sobre o diagnóstico e
o acompanhamento e, no final, assinar um termo de consentimento, disponível no
link
https://www.allianceagainstleprosy.org/techansen/cadastro-de-pacientes/.
Após a análise pelo Instituto, o
material é separado e enviado sem custos para o endereço indicado no cadastro e
conforme a disponibilidade dos materiais. A lista de itens disponibilizados
para doação pode ser conferida no site do Instituto. “Foi maravilhoso receber o
‘kit’. Eu estava precisando. O material vai ser muito útil, principalmente a
luva. Como eu cozinho e qualquer coisa eu me queimo, acabo me machucando. Estou
muito feliz com o kit”, comenta J.A.S, de Praia Grande (SP), paciente com
sequelas da hanseníase, beneficiado com materiais doados pelo projeto
TECHansen.
Instituto Aliança contra Hanseníase
Com sede em Curitiba (PR) e projeção internacional, o Instituto Aliança contra Hanseníase é uma associação sem fins lucrativos que une ciência, educação e filantropia no combate à hanseníase. O Instituto AAL foi fundado pela dermatologista e hansenologista Dra. Laila de Laguiche, profissional com 20 anos de experiência na área, pós-graduada em Saúde Internacional e Doenças Tropicais pelo Instituto de Medicina Tropical da Antuérpia (Bélgica). Já atuou como representante da regional Sul e Relações Internacionais da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). A entidade ainda conta com uma equipe de conselheiros formada por grandes referências em hansenologia no Brasil e na América Latina. Mais informações, acesse www.allianceagainstleprosy.org.
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