Bactéria especial ajuda a controlar nematoides na cana
Por Homero
Moreschi, engenheiro agrônomo, especialista em economia e gestão do
agronegócio, que atua com customer marketing de cana na UPL Brasil.
Os nematoides
representam um importante desafio para os canaviais. Estudos recentes indicam
que a infestação dessas pragas pode reduzir em até 30% a produtividade do primeiro
corte. Na cana-soqueira, há queda de 20% por corte. Além disso, os nematoides
reduzem a longevidade do cultivo em um corte, o que representa grandes
prejuízos para os agricultores.
Para
combatê-los, a ciência conta com o que há de mais moderno, como uma linhagem
exclusiva (Y1336) do Bacillus
subtilis. A produção de quitinases pela bactéria inibe a eclosão
dos nematoides de seus ovos e reduz a quantidade de juvenis no solo, assim como
o número de ovos. Vale lembrar que a casca dos ovos e a pele externa e do
interior do intestino do nematoide tem quitina (PINTO, 2022). Mas existem
outras substâncias produzidas por B.
subtilis que diminuem a ocorrência da praga no solo como por
exemplo: a desorientação através da proliferação e criação de biofilme do
microrganismo envolvendo os exsudados radiculares, principal forma de
orientação dos nematoides para infectar as raízes das plantas.
Essa
ferramenta surge como essencial no mercado brasileiro, tendo em vista que agir
contra os nematoides é urgente. Afinal, o problema está espalhado por todas as
regiões produtoras do Brasil, especialmente no Estado de São Paulo, com casos
concentrados nas regiões de entorno dos municípios de Araçatuba, Jaú, Lins,
Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Vale
lembrar que o território paulista representa, sozinho, 57% das mais de 750
milhões de toneladas de cana produzidas no país, segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma grande
vantagem da utilização de compostos produzidos com o Bacillus subtilis é que
não há mistura do produto com ingredientes químicos. Essa é uma tendência cada
vez maior no mercado de cana, uma vez que as companhias sucroalcooleiras têm
compromissos muito sérios com a proteção ambiental e a segurança de seus
colaboradores. Com essa bactéria, os produtores obtêm capacidade superior de
persistência do nematicida no local de aplicação e rápida proliferação do Bacillus, além de ter em
mãos um produto de fácil manuseio.
Antes de chegar aos canaviais, a linhagem Y1336 do Bacillus subtilis já possuía registro para mais de 50 cultivos. A bactéria foi desenvolvida pela Bion Tech, em Taiawn, sob encomenda da multinacional indiana UPL e já conquistou o Prêmio de Contribuição para Produtos de Proteção de Plantas 2016, na China. Com esse recurso, os canaviais avançarão rapidamente rumo a uma produção cada vez mais sustentável e de qualidade
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