Custos e perdas pressionam preço da soja em MS
Agricultores devem registrar problemas com seguro junto à Aprosoja/MS
A atual
cotação da saca de 60 quilos de soja em Mato Grosso do Sul, de R$ 165,45, está
longe de representar o lucro do agricultor sul-mato-grossense. Além dos custos
de produção que subiram 60% em relação ao ciclo passado, segundo a Aprosoja/MS
- Associação dos Produtores de Soja e Milho, é preciso considerar também a
média ponderada dos preços pagos e os prejuízos causados pela estiagem na safra
atual.
“Existe uma
impressão de que altos preços, pagos hoje na saca da soja ou do milho,
representam altíssimos lucros para o produtor, o que está longe de ser a
informação correta. Vale lembrar que o produtor faz as suas vendas baseadas nos
insumos de custo de produção”, explica do presidente da Aprosoja/MS, André
Dobashi. “O produtor não consegue vender toda a sua produção no melhor preço,
porque ele começa lá atrás, fazendo as travas dos insumos que ele usa em sacos
de soja e, consequentemente, ele não pega o preço mais alto da produção, nem o
mais baixo, ele faz uma relação de troca interessante pra ele e, com isso,
consegue lastrear o seu custo na moeda dele, que é o saco de soja e milho
produzido, correndo menos risco,” completa.
A saca de
soja que, atualmente, está em R$ 165,45, começou a ser comercializado em
fevereiro de 2021 a R$ 151,06, chegando a uma média de R$ 155,08, valor que
estaria mais próximo da realidade do que é pago ao produtor. Desta média, ainda
são retirados os custos, que correspondem a 41 sacas por hectare. Segundo a
Aprosoja/MS, a estimativa de produtividade da soja está em 50,6 sacas por hectare,
restando pouco mais de 9 sacas por cada hectare ao produtor.
“O saco de
soja está nesse valor por não ter o produto no mercado, ninguém está ganhando
com isso. O produto está valorizado para estimular aquele pouco que tem a ser
comercializado, e não necessariamente significando lucro para o agricultor”,
explica Dobashi. “Mato Grosso do Sul está enfrentando uma estiagem muito severa
e fazendo as produtividades caírem dia após dia, ele vai colher pouco, e o
pouco que ele tem a ser colhido precisa pagar a conta que ele fez ano passado.
Então, ele não vai poder aproveitar esses valores que estão sendo pagos”,
lamenta.
Sobre os
insumos citado pelo presidente, a economista da Aprosoja/MS, Renata Farias,
aponta que todos tiveram acréscimo, entre eles: a semente de soja que avançou
73%, corretivo de soja que subiu 110%, fertilizantes que representa aumento de
91% e inseticida 54%, além de outros produtos. Além desses, ainda há custos
particulares, como aqueles que fizeram seguro da lavoura, entre outras contas.
Seguro
A Aprosoja/MS
e o Sistema Famasul tem recebido diversas reclamações da classe produtora sobre
as seguradoras, que não estariam realizando perícias no tempo combinado, assim
como o atraso nas emissões de laudos e, consequentemente, nos pagamentos dos
prêmios do seguro. Segundo a Associação há pagamentos atrasados referente ao
milho segunda safra de 2021, quando foram registradas diversas perdas em função
do frio e da seca.
Sobre isso, a
Aprosoja/MS está coletando informações junto aos produtores, e segue em contato
constante com o Ministério da Agricultura, que por meio da ministra Tereza
Cristina, está se mobilizando a ajudar na situação.
“Junto da
Famasul, trabalhamos para disponibilizar um auxílio aos produtores,
principalmente no âmbito jurídico, mas para isso é preciso oficializar a
queixa, por isso a importância de o agricultor registrá-la, junto a
Aprosoja/MS”, finaliza André Dobashi.
Foto: Jeferson Santos - Técnico Aprosoja/MS
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