Empresas em direção ao futuro
Luiz Marcatti*
Toda empresa precisa ter a capacidade de
fazer projeções, além de avaliar o contexto externo e as condições do seu
próprio mercado. Desenvolver alguma previsibilidade contribui para superar
desafios e sobreviver a momentos tão complexos e de tantas incertezas como as
provocadas pela pandemia da Covid-19. Quanto mais sintonizada a empresa
estiver, melhor sua capacidade de lidar com pequenas mudanças ou mesmo
acontecimentos que abalem pressupostos conhecidos, adquirindo uma percepção
melhor sobre mudanças futuras.
No Brasil, a ruptura dos modelos
econômicos, políticos e sociais começou já na década de 1980, com a recessão de
1981/1983, a reforma da Constituição Federal e os vários planos econômicos que
se sucederam. O ataque às Torres Gêmeas em 2001, a crise mundial de setembro de
2008, deflagrada pela falência do banco de investimento americano Lehman
Brothers e a atual pandemia de covid-19 são exemplos eloquentes de eventos que
transformam o mundo, a economia, as barreiras organizacionais e a liderança.
Em circunstâncias como essas, um número
surpreendente de executivos pode ficar prisioneiro das próprias convicções em
relação ao futuro do seu negócio e diminuir sua capacidade de ajustar
estratégias à nova realidade. A empresa, então, passa a viver uma “dissonância
estratégica”. O risco da dissonância é o risco de se ter pressupostos ultrapassados
e que resultarão em estratégias perdedoras.
Apesar da consciência acerca da não
linearidade no dia a dia das empresas, existe uma resistência em aceitar
mudanças. Os modelos mentais presentes na organização nem sempre estão aptos a
captar o dinamismo das mudanças. Cria-se um mecanismo de defesa que custa a
lidar com a necessidade, na grande maioria das vezes, de realizar uma ruptura
com o presente.
Essa dissonância cognitiva, quando as
ações entram em conflito com as percepções, leva à dissonância estratégica que
afeta o futuro dos negócios, dada a dificuldade de líderes se desapegarem do
modelo bem-sucedido presente. Neurocientistas acreditam que são as barreiras
emocionais como o medo, as barreiras de percepção como as heurísticas de
pensamento e as barreiras culturais como hábitos e costumes que interrompem o
acesso a esse potencial imaginativo.
A governança e a liderança devem cada
vez mais estimular a preparação para as mudanças, pequenas ou grandes. Tão
importante quanto uma empresa mais diversa e inclusiva, que impulsiona a
atração de talentos, a criatividade e novas culturas organizacionais, é a
promoção da diversidade de habilidades, atitudes e aptidões. Preparar-se para
as novas dinâmicas envolve revisão de modelos antigos e aprimoramento, por
exemplo, do papel da liderança, processos de reconhecimento e premiação,
oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, critérios de
recrutamento, entre outros. Tais ações devem buscar sintonia com o negócio
atual e permitir desenhá-lo para o futuro.
*Sócio e presidente da MESA Corporate
Governance
Sobre a MESA Corporate Governance
A MESA Corporate
Governance trabalha a governança corporativa e familiar na dimensão humana do
poder, dinheiro e afeto. A empresa é constituída por uma equipe de consultores
especialistas e experientes que atendem às necessidades nos diferentes momentos
de modernização de empresas de origem familiar ou multissocietárias, quer sejam
de capital fechado ou com ações listadas em bolsas de valores. Também é filiada
às seguintes entidades e instituições: AMCHAM Brasil, IBGC – Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa, ICGN – International Corporate Governance
Network, FBN – Family Business Network e NACD – National Association of
Corporate Directors.
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