Indicadores na saúde: mais do que tecnologia, é preciso inteligência analítica
A alta disponibilidade de indicadores para auxiliarem na tomada de decisão, bem como a rastreabilidade dessas informações, garantindo integridade, privacidade e segurança são aspectos que fazem cada vez mais a diferença em hospitais de todos os portes. Em especial, para as instituições menores que têm uma relação mais estreita com a busca por custo x efetividade, ou então, aquelas que desejam alcançar alguma acreditação internacional, por exemplo, são mais mandatórias ainda.
Através do monitoramento de indicadores é possível avaliar os planos de ação implementados, como a organização está caminhando com relação a ele e o que fazer para melhorar caso haja desvio do objetivo definido, seu status quo, e também promover mudanças no modelo, se for necessário.
Indicadores geram conhecimento, o que, por sua vez, provoca modificações. Quando você conhece o seu ambiente, sua gestão, você consegue transformar e, ao mesmo tempo, priorizar. Se não definirmos um norte, qualquer caminho serve. E, é isso que o indicador faz: auxilia na condução da melhor forma de um ponto para outro. Obviamente, é preciso também a ação do gestor. Aliás, esse é um aspecto muito importante: os indicadores não são milagrosos. Eles aumentam as chances de serem tomadas as decisões corretas, todavia não resolvem problemas. A solução depende também da atuação das pessoas envolvidas.
Mas, o que analisar? Como de fato agregar inteligência analítica? Acredito que nesse cenário, um desafio maior está na definição do conjunto de indicadores que ajudem a responder exatamente o que os gestores precisam, como estão suas instituições frente às suas estratégias, como se posicionam no mercado, se elas estão sadias, financeiramente ou em qualidade, por exemplo.
Normalmente, para se ter esse tipo de resposta, o caminho é solicitar mil relatórios para as áreas responsáveis. Isso ocorre por existir um problema de consolidação das fontes de informação. Apesar da riqueza de dados, na maioria das vezes falta uma visão única, um olhar estratégico.
Também é bastante perceptível uma dificuldade de identificar de maneira clara o tipo de informação que faz sentido para cada nível na organização. Para o nível operacional, por exemplo, o conceito de gestão da fila do pronto-socorro que está aumentando, é o que adiantará naquele momento. É isso que dará subsídio para ele tomar uma ação ali, na hora. Já outro conjunto de indicadores serão essenciais para o nível estratégico, ajudando, por exemplo, a saber, como está o giro do leito na unidade XPTO e se esse giro afetará a taxa de ocupação.
Ou seja, os indicadores fazem sentido quando eles servem de munição para que cada um possa ter uma visão matricial. Isso pode ser sob a perspectiva departamental (visão verticalizada), mas também um olhar longitudinal, o que promove uma visão sistêmica, com foco no olhar do processo todo, e identificando possíveis gargalos ou vazios de plano de ação. É o pensamento de se realizar uma gestão micro para atingir um resultado macro, que é a governança. Quando as organizações não têm esses painéis bem implementados, elas acabam criando silos e não alcançando resultados.
É por isso, que pensar na tecnologia por si só, não adianta. Muitas vezes optar por soluções que trazem painéis pré-formatados, construídas com base em melhores práticas e já trazem essa bagagem embutida, pode ser um ponto de partida interessante por onde começar, ao invés de construir seus próprios painéis do zero, sem diretrizes.
Afinal, mais do que a estrutura por trás é o conhecimento que fará a diferença. Certamente é esse o aspecto que agregará valor às decisões, por um olhar estratégico, trazendo resultados de fato. E isso, é inteligência analítica.
Murilo Fernandes, CEO da Salux Tecnhology, healthech 100% brasileira
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