Mentalidade ágil: a transformação das empresas diante da nova realidade
Por Rômulo Lara*
A pandemia da Covid-19 trouxe alterações
profundas no dia a dia dos negócios. As empresas já visualizaram as
oportunidades e os desafios que as mudanças trouxeram e aprenderam que, para
obter sucesso no digital, é preciso ter agilidade no desenvolvimento e
lançamento de soluções, na adaptação das estratégias e na execução de
processos.
A pressão que essas empresas sofrem para
dar respostas rápidas às necessidades criadas por seus clientes e stakeholders,
além da velocidade para lançar novos produtos de real valor, resultou em um
caminho sem volta à mentalidade ágil.
Em uma pesquisa patrocinada pela
Digital.ai entre executivos de empresas de diversos países, realizada em abril,
os respondentes foram questionados sobre as razões que os levaram a adotar a
metodologia ágil em seus times e organizações. Dois terços deles citaram como
principais benefícios a capacidade de gerenciar prioridades, a transparência, a
visibilidade e o alinhamento entre a área de negócios e os times que realizam a
entrega.
Ferramentas e práticas da metodologia
ágil, quando usadas da maneira certa, são como uma bússola para as organizações
atingirem esses resultados. Um exemplo é o Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM,
na sigla em inglês), que permite ter uma visão ampla dos processos, identificando
problemas e causas. O VSM não apenas é uma ferramenta de visualização eficaz,
como também permite melhorar a comunicação e a colaboração entre as equipes.
É interessante notar que a cultura
organizacional, por anos classificada como grande impedimento para a adoção da
metodologia ágil, foi citada por apenas 40% dos respondentes da pesquisa. Isso
destaca a aceleração da adoção da agilidade como parte da estratégia das
empresas: a mudança de mentalidade, em um mundo corporativo que se transforma de
maneira não linear, é mandatória.
Com a popularização do trabalho remoto e
a transição da maioria dos negócios para um ambiente complexo, caracterizado
pela imprevisibilidade, no qual as causas são conhecidas, mas não se conhecem
efeitos imediatos das escolhas realizadas, fica evidente a necessidade de uma
cultura que prioriza o aprendizado com base na experimentação e na rápida
resposta a mudanças. Esse cenário mostra que a mentalidade ágil deve ocupar
papel bem diferente do que apenas lançar funcionalidades e corrigir erros
rapidamente.
O grande impacto da agilidade é
alavancar a capacidade da organização de ajustar sua estratégia aos novos
padrões de complexidade e alinhar rapidamente a tática e a capacidade
operacional para manter a entrega de valor diante de mudanças e da não
linearidade. Não existe mais espaço para romantizar a agilidade.
*Rômulo Lara é Head do Business Agility Innovation Studio da Compass
Nenhum comentário