Senoide: o que as ondas sonoras ensinam sobre os altos e baixos da vida?
Por Zanna - Cantora, compositora, escritora e
CEO da agência Zanna, a primeira de Sound Branding da América Latina
Quantos de nós usamos a música para
mergulhar em um estado emocional? A “sofrência”, por exemplo, um estilo de
música sertaneja, é a ferramenta coletiva brasileira do momento que dá vazão a
essa tendência humana. Música é sempre emoção.
Ao longo da nossa vida escolhemos músicas
que nos provocam certos estados de depressão ou euforia. Há várias playlists ao
longo dos anos que marcam nossa existência em fases bem pontuais, como a trilha
do término de relacionamento, por exemplo, ou, quem sabe, aquela música
barulhenta que distrai a dor da perda. São escolhas, gostos e, principalmente,
sentimentos.
Imaginem uma onda sonora, uma senoide.
Frequência é o tempo, o intervalo entre a queda e a subida da onda. Quanto mais
lenta é a onda, mais baixa é a frequência, portanto mais grave é o som emitido.
Quanto mais rápida é a onda, mais alta é a frequência, e mais médio ou agudo é
o som. Assim é até chegar a uma velocidade que fica tão rápida e aguda que os
sentidos humanos nem conseguem perceber. É nesse ponto que faço um paralelo com
os nossos processos emocionais.
Vamos imaginar que essa onda é o caminho
que a gente percorre ao longo de um dia, período ou durante a vida inteira. A
depressão, a parte mais baixa da onda, seria um vale, e a parte mais alta da
onda seria uma colina. No vale, a visão não ultrapassa as montanhas. Da colina,
vemos tudo claro e sem barreiras.
O momento no alto da colina seria o
ápice. Poderíamos chamá-lo de busca da felicidade. Nós nos habituamos a achar
que o bom da vida é estarmos constantemente no topo da colina. Trazemos, no
inconsciente, conceitos e promessas como a felicidade eterna, a vida eterna, a
eterna primavera, o paraíso perdido, muitos deles relacionados às religiões.
Não há onda, porém, que não tenha depressão e subida. E se o bom da vida for
justamente esse movimento?
As músicas que escolhemos fixam nosso
estado vibracional. Podem nos prender ao passado de várias formas, sequestrar
nosso presente, oferecer novas experiências e/ou, a nosso gosto, impedir de
saborear a velocidade do futuro. Podem nos levar com agilidade até o vale e
ajudar a subir mais depressa, empurrados por sua energia, até a colina. A boa
senoide ajuda a passar mais harmoniosamente pelos estados de baixa e alta
frequência até não nos darmos mais conta do que é alto e baixo. Simplesmente
dançamos com a onda, como na música!
Agora, como entrar na boa senoide? Com
olhos e ouvidos bem abertos, dê uma bela olhada na sua playlist. Observe como
está regulando e mantendo a sua frequência em determinados estados emocionais e
vibratórios. Preste atenção se há sensações que não deixam caminhar em frente e
experimentar o futuro, visitar novas colinas ou que te levem com velocidade,
sem proteção, até o próximo vale para pegar alimento, energia e impulso afetivo
para subir novamente mais rápido do que antes.
Não seria o paraíso conseguir dançar a
música da dor e da euforia sem apego?
Por Zanna - Cantora, compositora, escritora e CEO da agência Zanna, a primeira de Sound Branding da América Latina - www.zanna.com.br
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