Com guerra entre Rússia e Ucrânia, importação de fertilizantes para o Brasil fica prejudicada e solução passa por estimular a produção interna
Advogada explica que Brasil sofre com os
primeiros efeitos no mercado interno das sanções dos EUA à Rússia e
consequentes restrições indiretas logísticas e de pagamentos por conta dos
conflitos no Leste Europeu
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem
causado impactos em países do mundo inteiro e com o Brasil não poderia ser
diferente. Apesar de ser uma das grandes potências agrícolas do mundo, o país
ainda não tinha uma política de investimento nacional na produção de
fertilizantes necessários para atender às suas demandas. De acordo com dados da
Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o Brasil teve uma demanda de
46 milhões de toneladas de fertilizantes, sendo que 85% desse volume é
importado e apenas 15% é produzido por aqui.
Pelo fato de Rússia, Ucrânia e
Bielorússia serem grandes exportadores desses insumos, o Brasil precisou se
movimentar e esta semana o governo federal anunciou o lançamento de um
"Plano Nacional de Fertilizantes", voltado ao aumento de
investimentos na produção a fim de reduzir a dependência de cerca de 85% da
importação do produto. O Brasil busca evitar o risco de desabastecimento nas
futuras safras segundo Luciana Maria de Oliveira, advogada associada do
escritório Cescon Barrieu na área de comércio internacional e comércio
exterior.
“Apesar de não ter imposto nem sofrido
qualquer sanção por parte da Rússia e de ter permanecido neutro no conflito, o
Brasil vem sofrendo restrições indiretas logísticas, de pagamentos e de fluxos
financeiros no comércio internacional. Com isso enfrenta a alta nos preços de
combustíveis e alimentos e a redução da oferta de fertilizantes, uma vez que a
Rússia é o principal fornecedor desses insumos. Por isso, além de investir na
produção nacional, o país deve buscar novos fornecedores”, explica ela.
A especialista cita um projeto
apresentado para extrair fosfato no Rio Grande do Sul apresentado há mais de 10
anos que poderia ser utilizado para a produção de fertilizantes, mas que ainda
aguarda licenças ambientais para entrar em prática. Um estudo do Instituto
Pensar Agropecuária aponta que mais de um terço dos fertilizantes consumidos em
São Paulo e em Minas Gerais vem da Rússia.
O Brasil, por meio da ministra da
agricultura, Tereza Cristina, deverá ir ao Canadá para discutir a questão dos
fertilizantes e negociar um acordo com o país. Apesar do Brasil ter
fertilizantes suficientes para a próxima safra, a situação abre um alerta para
os produtores rurais, afirma Luciana. “As safras posteriores a outubro podem
sofrer com os efeitos da guerra e com as consequentes dificuldades de
importação e exportação mundiais, por isso, é fundamental encontrar soluções o
mais breve possível”, relata.
Gás e petróleo
Outro ponto de grande atenção são as
restrições às importações de gás e petróleo por parte dos Estados Unidos, assim
como os cortes na exportação de fertilizantes, gás e petróleo russo aos 48
países considerados hostis à Rússia. A advogada explica quais os impactos
econômicos podem ser visualizados a partir dessas medidas. “Possivelmente, as
medidas ensejarão benefícios e um potencial de mercado aos demais países
produtores, assim como a valorização monetária das commodities, mas não há
nenhuma sinalização de ganhos imediatos para o setor para além do aumento do
preço das commodities e dos combustíveis no mercado internacional”, destaca.
Sobre o Cescon Barrieu
O Cescon Barrieu é um dos principais escritórios de advocacia do Brasil, trabalhando de forma integrada em cinco escritórios no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Brasília) e, também, em Toronto, Canadá. Seus advogados destacam-se pelo comprometimento com a defesa dos interesses de seus clientes e pela atuação em operações altamente sofisticadas e muitas vezes inéditas no mercado. O objetivo do escritório é ser sempre a primeira opção de seus clientes para suas questões jurídicas mais complexas e assuntos mais estratégicos. www.cesconbarrieu.com.br
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