Dia da Mulher: saúde bucal feminina em foco
Saiba quais são os cuidados e as orientações
necessárias para atravessar momentos como a gestação, a amamentação, a
menopausa e o uso de contraceptivos
Os cuidados com a saúde bucal devem
fazer parte da rotina de todos. Porém, fatores como hormônios, gestação,
amamentação, menopausa e uso de contraceptivos requerem cuidados extras por
parte das mulheres. Algumas doenças gengivais estão comprovadamente
relacionadas a problemas pertinentes à saúde feminina, o que reforça a
necessidade de maior atenção ao grupo.
Com objetivo de orientá-las sobre a
importância de manter a saúde bucal em dia e, assim, atravessar com
tranquilidade todas as fases que a mulher passa em sua vida, o Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) elencou algumas informações
importantes.
Saúde bucal durante a gestação
De acordo com a cirurgiã-dentista
Adriana Mazzoni, especialista em odontopediatria, a gestação é responsável por
diversas transformações. Nesta fase, até a composição da saliva apresenta
variação devido à condição hormonal, mudança de dieta (apetite por alimentos
ácidos e exóticos) e maior ingestão de alimentos em horários não usuais. Tais
condições podem alterar a estrutura do esmalte dentário, bem como elevar a
presença de ácidos estomacais por causa dos sucessivos vômitos. Combinados à
falta ou incorreta higiene bucal, esses pontos favorecem o aparecimento de cáries.
Também nesta fase pode ocorrer um maior
sangramento gengival, por conta do depósito de placa bacteriana e gengivite, e,
em alguns casos, ocorre a periodontite. O granuloma gravídico ou tumor
gravídico é outro quadro possível no período. Ele se apresenta como uma lesão
inflamatória na gengiva marginal de coloração avermelhada intensa e
consistência flácida, que sangra com facilidade ao toque, é indolor e de fácil
remoção e tratamento.
Os riscos de lesões ou complicações para
a gestante são os mesmos do que para qualquer pessoa, exceto nos casos em que
ela apresenta infecção na cavidade bucal; essa, por sua vez, pode atingir o
feto por meio da corrente sanguínea, alterando ou comprometendo sua formação,
conforme alerta Mazzoni: “Se a gestante apresenta a doença periodontal e ela
não é combatida nesse período, corre-se o risco de serem liberadas na corrente
sanguínea determinadas toxinas que podem alcançar a placenta e estimular a
produção de citocinas e prostaglandinas, comprometendo as contrações uterinas e
favorecendo o parto prematuro”, alerta.
Pré-natal odontológico
O pré-natal odontológico permite educar
e cuidar da saúde da gestante e, consequentemente, do bebê. Trata-se de um
momento propício para abordar temas relacionados à higiene bucal e à atenção necessária
durante a gestação, entre eles, os tratamentos preventivos, curativos e a
alimentação saudável da gestante, além de orientar a gestante quanto à
importância dos cuidados bucais com o futuro bebê, como esclarece a
cirurgiã-dentista Adriana Mazzoni sobre a relevância nas movimentações da boca.
“É oportuno nesta consulta abordar a amamentação e saber o que a paciente
deseja, reforçando a importância do leite materno e de todo o movimento que a
amamentação proporciona no crescimento e desenvolvimento saudável da criança”.
A odontopediatra reforça que a melhor
época para a consulta odontológica é o segundo trimestre de gestação, pois, no
primeiro trimestre, os enjoos podem atrapalhar os procedimentos, no terceiro, o
peso pode causar desconforto à paciente, que fica muito tempo sentada na
cadeira odontológica. Mazzoni salienta que essa sugestão visa apenas o
conforto: “Não há impedimento para atendê-la em qualquer época do período
gestacional e nenhum procedimento é contraindicado. Pacientes com maior frequência
de vômitos precisam de acompanhamento odontológico mais frequente”, completa.
Contraceptivos requerem maior atenção
com a saúde bucal
Os contraceptivos previnem uma gravidez
indesejada, portanto, sua utilização é, muitas vezes, indispensável. Contudo,
seu uso pode interferir na saúde bucal das mulheres. Isso ocorre porque as
bactérias na cavidade bucal estão em equilíbrio e, quando esse equilíbrio é
descompensado, há proliferação delas, muitas vezes não desejáveis, ocasionando
a cárie ou doença periodontal. Esse desequilíbrio está relacionado à dieta,
higiene e medicamentos, como os contraceptivos, que possuem o risco de aumentar
a ocorrência da doença gengival.
Um outro exemplo da influência dos
contraceptivos na saúde bucal está relacionado à alveolite, uma complicação
pós-cirúrgica. Neste caso, após a extração de um dente, o alvéolo dentário
permanece aberto e apresenta infecção, que provoca dor intensa e mau odor por
alguns dias. O uso de contraceptivos orais pode potencializar o surgimento da alveolite,
uma vez que o estrogênio presente nestes medicamentos e em outras drogas tem
efeito fibrinolítico, o que atrapalha o processo de cicatrização e formação de
colágeno.
Menopausa e terceira idade
Cabelos, unhas, pele, desconforto
causado pela ardência bucal são alguns dos problemas que envolvem a terceira
idade na menopausa. Segundo a cirurgiã-dentista Denise Tibério, especialista em
odontogeriatria, a perda óssea causada pela diminuição de hormônios
pós-menopausa é comum. Contudo, ela esclarece que a osteoporose está
relacionada com a reserva de tecido ósseo acumulada durante toda a vida.
Como explica a Dra. Denise, outra
situação comum ao envelhecimento é a diminuição da eficiência mastigatória por
perda de massa muscular, fazendo com que os idosos busquem se alimentar de
comidas mais fáceis de mastigar, o que leva a não estimulação das glândulas
salivares e a consequente diminuição de saliva, já tão comprometida pelos
efeitos colaterais da polifarmácia.
Por fim, a odontogeriatra alerta para a
mudança de hábito: “Já que a higiene bucal é fundamental, é importante lembrar
que o uso de medicamentos contínuos, que se torna maior na terceira idade,
também pode diminuir ou reduzir a quantidade de saliva, o que tende a
contribuir para a deterioração da cavidade bucal”, explica. Ela lembra ainda
que, quando há diminuição de saliva, comprometimento dental e de periodonto
(gengiva), aos poucos, há uma modificação na escolha da alimentação, o que leva
a um comprometimento nutricional.
Sendo assim, as mulheres precisam estar
mais atentas à saúde bucal em todos os períodos de sua vida. Por isso, a
recomendação é que se mantenha uma higiene bucal preventiva e que faça o
acompanhamento com o cirurgião-dentista nos intervalos estipulados pelos
profissionais.
Sobre o CROSP
O Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia
federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade
de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São
Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo
prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de
140 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência
também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos
em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e
Auxiliares em Prótese Dentária.
Mais informações: www.crosp.org.br
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