Educação financeira de crianças pode transformar realidade econômica de famílias
Influência exercida por filhos pequenos tem
potencial para ajudar pais e responsáveis a cuidar melhor do dinheiro e dos
gastos familiares
Certa vez, em 1961, o meteorologista
Edward Lorenz, depois de uma série de experimentos, concluiu que o vento que
faz bater as asas de uma borboleta no Japão, por exemplo, pode causar um
tornado na Austrália. Conhecida como “efeito borboleta”, essa conclusão passou
a ser usada por diversas áreas da vida humana, do cinema à literatura, da
música às artes plásticas, como sinônimo de fenômenos que têm grande poder de
transformação. A educação financeira das crianças é um desses fenômenos.
Quando se ensina uma criança, desde
cedo, a lidar com o dinheiro, poupá-lo e planejar-se para gastá-lo de maneira
consciente, pode-se mudar toda a realidade que a cerca. Isso é o que afirma o
assessor pedagógico dos planos de aula de Educação Financeira da Nova Escola,
Fernando Barnabé. Ele explica que a educação financeira é fundamental em uma
realidade como a brasileira. Afinal, a maior parte das famílias do país já
passou por alguma dificuldade envolvendo dinheiro, sejam as contas atrasadas, o
salário que fica apertado no fim do mês ou mesmo a necessidade de substituir
alimentos para economizar no supermercado. “Implementar a educação financeira
nas escolas é ter um olhar para a questão social. Percebemos uma influência
muito grande das crianças sobre as famílias. Elas são agentes transformadores e
fundamentais para melhorar a relação de todos com o dinheiro”, destaca.
Não à toa, o documento que orienta todo
o ensino básico brasileiro traz a educação financeira em todos os anos de
formação, da Educação Infantil ao Ensino Médio. A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) a coloca como um tema transversal. Para a BNCC, a educação
financeira é “um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais,
sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do
consumo, trabalho e dinheiro”.
Segundo o gerente pedagógico do Sistema
de Ensino Aprende Brasil, Carlos Henrique Wiens, que também é pai de três
adolescentes, quando essa competência é bem desenvolvida, os estudantes atuam
como instrutores dos próprios familiares. “Vemos no dia a dia das escolas essas
crianças e adolescentes agindo como verdadeiros professores de seus pais,
irmãos, avós. Eles repassam, em casa, aquilo que aprenderam em sala de aula, o
que ajuda a mudar a forma como a família trata as questões financeiras”,
relata.
Ensinar o valor do dinheiro e as
melhores práticas para que ele seja um aliado, em vez de um inimigo,
consequentemente tem um impacto na cultura econômica do país. Barnabé lembra
que, ao trazer esse tema para dentro da escola, cria-se uma via para que a
informação chegue até as famílias mais vulneráveis por uma via confiável. E
esse é justamente um dos papéis da boa educação: formar cidadãos conscientes,
capazes de agir de maneira autônoma e crítica.
Conteúdos precisam ser adequados a cada
faixa etária
Embora os benefícios sejam muitos, é
preciso tratar a educação financeira de modo diferente, de acordo com a faixa
etária e fase escolar dos estudantes. Wiens aponta, por exemplo, que crianças
mais novas podem ter o primeiro contato com o assunto por meio de atividades
lúdicas. “Crianças pequenas, da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, precisam associar esse tema com algo prazeroso. Trazer para a sala
de aula jogos e brincadeiras que falem sobre o valor do dinheiro, então, pode
ser uma boa estratégia.” Além disso, com os filhos em casa, pode-se construir
uma cultura de “mesada”, dando a eles valores pequenos e ensinando-os a poupar
e gastar de forma consciente.
Por sua vez, estudantes dos Anos Finais
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio já podem se aprofundar um pouco mais
nos conteúdos, falando sobre assuntos como poupança, sistema monetário e
objetivos financeiros de longo prazo. A BNCC cita, inclusive, o uso de
planilhas eletrônicas a partir do nono ano. Essa pode ser uma boa oportunidade
para implementar na família uma organização dos gastos e consumo. “O mais
importante é que as famílias entendam que o dinheiro não pode ser um tabu.
Quanto mais se falar sobre ele, menores as chances de que falte maturidade para
essas crianças quando elas precisarem administrar o próprio capital”, finaliza
Barnabé.
Fernando Barnabé é o convidado do
episódio 39 do podcast PodAprender, produzido pela Editora Aprende Brasil, cujo
tema é “Por que é importante ensinar educação financeira na escola?”. Todos os
episódios do PodAprender estão disponíveis gratuitamente no site do Sistema de
Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br),
nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos
principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
Sobre o Aprende Brasil
O Sistema de Ensino Aprende Brasil oferece às redes municipais de Educação uma série de recursos, entre eles: avaliações, sistema de monitoramento, ambiente virtual de aprendizagem, assessoria pedagógica e formação continuada aos professores, além de material didático integrado e diferenciado, que contribuem para potencializar o aprendizado dos alunos da Educação Infantil aos anos finais do Ensino Fundamental. Atualmente, o Aprende Brasil atende 290 mil alunos em mais de 210 municípios brasileiros. Saiba mais em http://sistemaaprendebrasil.com.br/.
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