Orquestra Sinfônica Municipal, maestro Roberto Minczuk e muralista Eduardo Kobra sobem ao palco do Theatro Municipal para concerto "Villa Total"
No sábado, dia 5 de março, aniversário de
Heitor Villa-Lobos e Dia Nacional da Música, acontecem no Theatro Municipal
duas apresentações. Enquanto a Orquestra tocar, sob a regência de Roberto
Minczuk, o muralista Eduardo Kobra finalizará três murais colocados nas
laterais e fundo do palco. Ao final, como referência à guerra que ocorre na
Ucrânia e ao desejo da paz, será tocado o Gran Finale da Nona Sinfonia de
Beethoven. Simultaneamente, Kobra fará uma pintura sobre o tema.
Maestro Roberto Minczuk e o muralista Eduardo
Kobra - no ateliê do artista
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A Orquestra
Sinfônica Municipal, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, apresentará no
Theatro Muncipal, em São Paulo, o concerto Villa Total, com a Integral das
Bachianas Brasileiras. Os concertos acontecem às 16h e às 19h30 do sábado, 5 de
março, aniversário de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Dia Nacional da Música.
(As apresentações também celebram o centenário da Semana da Arte Moderna.)
Durante o concerto, tanto à tarde quanto à noite, o conhecido muralista
brasileiro Eduardo Kobra fará intervenções em três murais colocados nas
laterais e fundo do palco (leia
mais, abaixo, em “Sobre os painéis que serão finalizados no palco”).
Nas duas
apresentações, ao final das Bachianas Brasileiras, de Villa-Lobos, a orquestra
tocará o Gran Finale da “Nona Sinfonia” de Beethoven (1770 a 1827) que, de
acordo com o maestro, é “o maior símbolo musical da paz mundial”.
Simultaneamente, Kobra fará uma pintura alusiva à paz.
Ontem, quinta-feira,
3 de março, Minczuk e integrantes da Orquestra Sinfônica Municipal foram à
tarde ao ateliê de Kobra, na Vila Madalena, em São Paulo, para conversar sobre
o concerto e inspirar o muralista. Além do maestro, estiveram no ateliê a
soprano Raquel Paulin, que canta as Bachianas n 5 (Centinela), o fagotista
Mathew Taylor e o flautista Renan Dias Mendes, para tocar para Kobra as
Bachianas n6.
Hoje, sexta-feira,
dia 4 de março, às 18h, Kobra assiste ao ensaio geral dos 91 integrantes da
orquestra, no Theatro Municipal.
Kobra destaca que é
uma honra participar de um evento no palco da Semana da Arte Moderna de 22 e no
ano do seu centenário. “Sempre busco inspiração em outras formas de arte, como
a arquitetura, a poesia, o teatro, o cinema e a música. Até há pouco tempo eu
não tinha muito interesse por música erudita, mas comecei a pesquisar mais
quando pintei um mural sobre Arthur Rubinstein, em Lodz, na Polônia. Agora, ao
receber o convite do maestro Minczuk tive a oportunidade de mergulhar na
história do Villa-Lobos e aprender mais sobre ele e sua obra”, diz o muralista,
que acrescenta: “o maestro teve uma atitude de vanguarda, no espírito da Semana
de 22, ao convidar um artista de rua para um evento tão importante”.
Roberto Minczuk
também conta sobre sua motivação ao convidar Kobra para o concerto. “A intenção
foi dar continuidade aquilo que o Villa-Lobos sempre fez. Trazer a arte da rua
para o palco! Ele trouxe o samba, o choro, a música indígena e inseriu tudo no
universo das suas composições. No centenário da Semana da Arte Moderna,
no dia do aniversário desse grande compositor brasileiro, buscamos trazer um
dos maiores nomes da arte urbana do País e do mundo para o palco do Theatro
Municipal, justamente onde esse movimento modernista se iniciou, há 100 anos”,
diz.
Sobre os painéis que serão finalizados
no palco
Segundo Eduardo
Kobra, os painéis laterais trazem dois grandes nomes da música:
Villa-Lobos e o alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), compositor
predileto de Villa-Lobos, do qual incorporou muitos elementos, assim como
muitos ritmos brasileiros, suas composições.
Nos murais situados
nas laterais do palco do Theatro Municipal, as linhas de uma partitura musical
se misturam e confundem com os cabelos dos compositores. “Acredito que
conseguimos criar um efeito instigante, onde aparece que Bach, considerado um
gênio do barroco musical, tinha uma partitura mais rebuscada e, digamos assim,
organizada. Já Villa-Lobos, um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna
de 22, ganhou uma representação de partitura mais caótica”, afirma o muralista
paulistano.
No painel
instalado atrás do palco, haverá uma releitura do Cristo Redentor, como maestro
da orquestra. Ao fundo, as icônicas calçadas paulistanas. “O Cristo Redentor é um
cartão postal do Rio de Janeiro, mas do Brasil também. E a Semana de Arte
Moderna aconteceu há 100 anos, em São Paulo, no Theatro Municipal, com a
participação importantíssima de Villa-Lobos, que é carioca”, explica o
muralista.
Veja o programa
Dia 5 de março em dois horários
16h
Ingressos R$20,00 a R$80,00
Link para a compra de ingressos: https://theatromunicipalsp.byinti.com/#/event/orquestra-sinfonica-municipal-apresenta-villa-total-parte-ii-85635
Classificação livre
Duração Total 75 minutos
Theatro Municipal – Sala de Espetáculos
1523 lugares
Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/n,
República, São Paulo, SP - tel: 113225820
Villa Total: Parte I
Concerto presencial, aberto ao público
Orquestra Sinfônica Municipal
Roberto Minczuk, regência
Raquel Paulin, soprano
Kobra, participação especial
Programa
HEITOR VILLA-LOBOS
Bachianas Brasileiras nº 1 (20′)
I. Introdução: Embolada
II. Prelúdio: Modinha
III. Fuga: Conversa
Bachianas Brasileiras nº 5 (10′)
I. Ária: Cantilena
II. Dança: Martelo
(Intervalo)
Bachianas Brasileiras nº 2, “O trenzinho
do Caipira” *
(21′)
I. Prelúdio: O canto do Capadócio
II. Ária: O Canto da Nossa Terra
III. Dança: Lembrança do Sertão
IV. Toccata: O Trenzinho do Caipira
Bachianas Brasileiras nº 8* (27’)
I. Prelúdio
II. Ária: Modinha
III. Tocata: Catira batida
IV. Fuga
* Editor: Editions Durand-Salabert-Eschig
(Universal Music Publishing Group) Paris representada por Melos Ediciones
Musicales S.A., Buenos Aires
Pensando, sempre, na proteção do
público, colaboradores e artistas, tendo em vista os cuidados quanto à
transmissão da Covid-19, para assistir a este espetáculo é necessário seguir os
protocolos de segurança estipulados no Manual do Espectador (acesse aqui), que incluem a
apresentação do comprovante de vacinação.
Programa sujeito à alteração.
19h30
Ingressos R$20,00 a R$80,00
Link para a compra de ingressos: https://theatromunicipalsp.byinti.com/#/event/orquestra-sinfonica-municipal-apresenta-villa-total-parte-ii-85635
Classificação livre
Duração Total 94 minutos
Theatro Municipal – Sala de Espetáculos
1523 lugares
Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/n,
República, São Paulo, SP - tel: 113225820
Villa Total: Parte II
Concerto presencial, aberto ao público
Orquestra Sinfônica Municipal
Coral Paulistano
Roberto Minczuk, regência
Sylvia Thereza, piano
Matthew Taylor, fagote
Renan Mendes, flauta
Kobra, participação especial
Programa
HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959)
Bachianas Brasileiras nº
9 (10′)
I. Prelúdio: Vagaroso e Místico
II. Fuga: Poco Apressado
Bachianas Brasileiras nº 3 (27′)
I. Prelúdio: Ponteio
II. Fantasia: Devaneio
III. Ária: Modinha
IV. Tocata: Picapau
(Intervalo)
Bachianas Brasileiras nº 6 (9’)
Bachianas brasileiras nº 4* (22’)
I. Prélude: Introdução
II. Choral: Canto do Sertão
III. Ária: Cantiga
IV. Danse: Miudinho
*Edição Academia Brasileira de Música
Bachianas Brasileiras nº 7* (26′)
I. Prelúdio: Ponteio
II. Giga: Quadrilha Caipira
III. Tocata: Desafio
IV. Fuga: Conversa
* Editor: Editions
Durand-Salabert-Eschig (Universal Music Publishing Group) Paris representada
por Melos
Ediciones Musicales S.A., Buenos Aires
Pensando, sempre, na proteção do
público, colaboradores e artistas, tendo em vista os cuidados quanto à
transmissão da Covid-19, para assistir a este espetáculo é necessário seguir os
protocolos de segurança estipulados no Manual do Espectador (acesse aqui), que incluem a
apresentação do comprovante de vacinação.
Programa sujeito à alteração
Sobre a Orquestra Sinfônica Municipal
Até o começo do século 20, as companhias
líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam da
Europa seus instrumentistas e coros completos.
Na década de 1920, uma orquestra
profissional foi criada para se apresentar esporadicamente, entrando para a
agenda regular de espetáculos somente em 1939 com o nome de Orquestra Sinfônica
do Theatro Municipal. Uma década mais tarde, é oficializado e regulamentado o
conjunto que chamamos até hoje de Orquestra Sinfônica Municipal.
Sua história se confunde com a da música
orquestral da cidade, com participações memoráveis em eventos como a primeira
Temporada Lírica Autônoma de São Paulo – com a soprano Bidu Sayão, a
inauguração do Estádio do Pacaembu em 1940, a reabertura de Theatro Municipal
em 1955, a estreia da ópera ‘Pedro Malazarte’ regida pelo próprio compositor –
Camargo Guarnieri, e a apresentação nos Jogos Pan-Americanos de 1963,
realizados em São Paulo.
Ao longo dos anos, estiveram à frente da
orquestra os maestros Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri,
Lion Kaniefsky, Souza Lima, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, José
Maria Florêncio, Ira Levin, Armando Belardi e John Neschling. Atualmente, a OSM
é conduzida por Roberto Minczuk.
Sobre o maestro Roberto Minczuk
Roberto Minczuk nasceu em São Paulo, e
começou a estudar música com o pai aos seis anos de idade. Aos nove, ingressou
como trompista na Escola Municipal de Música de São Paulo e, com 10 anos, fez
sua estreia como solista no Theatro Municipal de São Paulo. Aos 13 anos, em
1981, foi contratado por Isaac Karabtchevsky em um concurso público para ser 1ª
trompa do Theatro Municipal de São Paulo.
Mudou-se para Nova York aos 14 anos com
bolsa de estudos, e se formou na Juilliard School of Music. Aos 17 anos, como
solista, fez sua estreia no Carnegie Hall. Aos 20, tornou-se membro da
Orquestra Gewandhaus de Leipzig, na Alemanha.
Como maestro, fez sua estreia
internacional à frente da Filarmônica de Nova York, em 1998, onde foi maestro
associado, sendo o primeiro a ocupar este cargo após Leonard Bernstein.
Regeu mais de 100 orquestras
internacionais. Foi diretor artístico do Festival Internacional de Inverno de
Campos do Jordão, diretor artístico adjunto da Orquestra Sinfônica do Estado de
São Paulo (Osesp), diretor artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e
maestro titular da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, sendo o primeiro
artista a receber o Prêmio ConcertArte de Ribeirão Preto. Venceu o Grammy
Latino e foi indicado ao Grammy Americano com álbum ‘Jobim Sinfônico’.
Atualmente, além de maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal, é maestro
titular da Filarmônica de New Mexico, nos Estados Unidos, maestro emérito da
Orquestra Sinfônica Brasileira (da qual foi regente titular de 2005 a 2015) e
maestro emérito da Filarmônica de Calgary, no Canadá.
Sobre Eduardo Kobra
Kobra, 46 anos, é um
expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se
grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de
1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip
Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte
urbana ganhou em São Paulo, ele derivou - com o Studio Kobra, criado em 95 -
para um muralismo original - inspirado em muitos artistas, especialmente os
pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de
artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações
são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo
"transformismo" grafiteiro.
Muitos críticos
afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e
das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde
cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à
criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o
salvou.
Kobra é autor de
projetos como "Muro das Memórias", em que busca transformar a
paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel,
onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da
natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na
temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre
Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon,
Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo. Em meio
ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um
contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em
personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor.
Hoje, os murais de
Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros –
como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São
Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let
me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya
Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em
Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o
artista busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e
até montanhas em galerias a céu aberto. Inquieto, estudioso e autodidata,
também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a
pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos,
18 deles em Nova York.
Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.
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